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Matérias sobre o acidente
(comentadas) |
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Caixa-preta revela momentos de horror
Polícia suspeita de falha mecânica. Investigação
da Aeronáutica pode estar pronta em 60 dias
Brasil Online 2/11/96 18h11 De São Paulo
A caixa-preta com as conversas da cabine do vôo 402 da TAM
indica que os momentos anteriores ao desastre foram de horror. Mostram o
desespero do piloto ao saber que ia morrer. 'Os sons estavam com muitos ruídos,
mas nós, que somos pilotos, conseguimos compreender algumas coisas que o
comandante do vôo falou. É uma coisa horrível, pois ele sabe que vai morrer e
não quer morrer', disse o tenente-coronel Flávio Lucio Sganzerla, do 4º Comando
Aérea Regional. Ele não revelou o teor das frases.
O F-100 da TAM que caiu na quinta passada em cima de casas
no Jabaquara (zona sul de São Paulo), matando 102 pessoas, possuía duas
caixas-pretas. Elas, as turbinas e os flaps (parte das asas) são as partes mais
importantes da aeronave para determinar a causa da queda.
A caixa com os diálogos entres os tripulantes foi aberta na
noite de sexta-feira, mas as gravações estavam quase inaudíveis. Luiz Eduardo
Falco, 36, vice-presidente da TAM, que também ouviu a gravação, afirma que José
Antônio Moreno 'foi um grande comandante até o
chão'.
Na noite de sexta-feira, o programa Globo Repórter,
da Rede Globo, divulgou parte do conteúdo da caixa-preta, com a gravação dos
últimos contatos da tripulação com a torre. Segundo o programa, o piloto José
Antônio Moreno avisou à torre que o avião estava em pane e disse: "Vou
retornar". Segundos depois, o piloto avisou: "Estou livrando a escola".
Comentário rápido: Mentira !
A caixa-preta com as conversas da cabine é uma espécie de
gravador cuja fita roda sem fim. Ela grava sempre os últimos 30 minutos de
diálogos na cabine. Essa caixa-preta e uma outra, a Fly Data Record, que grava
76 informações técnicas do vôo, foram enviadas aos Estados Unidos, onde serão
examinadas pelo National Transportation Saved Board, órgão que cuida da
segurança de todos os meios de transporte nos Estados Unidos. A decodificação
das duas caixas deve estar pronta até terça-feira.
A comissão da Aeronáutica que investiga o acidente
praticamente descarta a possibilidade de uma falha provocada por aparelho
celular. 'Esse acidente não foi parte eletrônica, foi de motor', disse
Sganzerla. Os dados técnicos recolhidos das caixas-pretas serão colocados em um
simulador de vôo que vai repetir as condições do vôo 402 para verificar se com
aqueles indicadores (velocidade, potência, altitude, inclinação) provocaria a
queda.
A suposta falha mecânica que causou a tragédia no vôo 402 da
TAM vai virar objeto de estudo de todos os pilotos de Fokker-100 dentro de três
meses. A informação é do comandante da TAM Mário Roberto Gnecco, 39, piloto
comercial com 17 mil horas de vôo. Dentro de três meses, afirmou, a FAB (Força
Aérea Brasileira) deverá emitir um vasto relatório/auditoria sobre as causas do
acidente no vôo 402.
Comentando: Não saiu
em três
meses. Demorou mais de um ano. |
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Sindicato critica resgate de
destroços
Caixa-preta revela momentos de horror.
Escala da tripulação será analisada
Brasil Online 3/11/96 22h49 De São Paulo
O Sindicato Nacional dos
Aeronautas fará na segunda-feira (4) um protesto formal contra o
recolhimento dos destroços do Fokker-100 da TAM pela própria empresa. O
protesto será encaminhado à comissão que investiga o acidente pelo
representante do sindicato, José Tarouco, que se junta na segunda à
investigação.
Segundo o presidente do sindicato, Luiz Fernando
Collares, existe uma determinação da Icab (Organização de Aviação Civil
Internacional) para que a empresa de aviação envolvida em desastre não
tenha acesso aos destroços. 'Apesar disso, vi na televisão um funcionário
com crachá da TAM resgatando a caixa-preta do avião, além das notícias de
que a empresa guardou parte dos destroços em local próprio', disse
Collares.
'Isso é um procedimento irregular e dá margem a
suspeitas de manipulação', afirmou. De acordo com ele, o recolhimento e a
guarda dos destroços teriam de ser feitos pelo Cenipa (Centro de
Investigação de Prevenção de Acidentes).
Collares disse também que o presidente da comissão de
investigação, tenente-coronel Aloísio Marques da Cunha, recusou a
participação de um técnico da Ifalpa (Federação Internacional das
Associações de Pilotos de Linhas Aéreas) para assessorar o representante
do Sindicato dos Aeronautas.
Segundo Collares, foi a própria Ifalpa que propôs
enviar um técnico, devido à repercussão internacional do acidente.
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Relatório da Aeronáutica deve sair em 90 dias
AJB 31/10 19h54 De Brasília
O Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica
convocou nesta quinta-feira (31), às 17h, entrevista coletiva com a imprensa
para prestar mais esclarecimentos sobre o acidente envolvendo o Fokker 100 da
TAM. No entanto, o chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo (SRPV) de São
Paulo, coronel-aviador Ney Antunes Cerqueira, limitou-se a ler uma nota oficial
lamentando o desastre.
A única informação extra, divulgada pelo coronel, foi de que
a aeronave saiu do Aeroporto de Congonhas, que fica numa altura de 2,6 mil pés
(equivalente a 750 metros), subiu até 2,7 mil pés (780 metros) e depois começou
a cair. Ou seja, só atingiu uma altitude de 30 metros, antes de iniciar a queda.
O local do acidente, no Jabaquara, fica num vale, a aproximadamente 700 metros
acima do nível do mar.
O chefe do SRPV afirmou que não sabe informar detalhes da
investigação das causas do acidente, mas garantiu que a Aeronáutica já está
apurando o caso. As duas caixas pretas do avião foram recolhidas no local da
queda da aeronave e serão periciadas por especialistas do ministério. O coronel
acrescentou que ainda não foi feita a desgravação da conversa entre a torre de
controle de Congonhas e o piloto do Fokker 100. "É muito cedo para qualquer
informação. Tudo o que for dito será apenas conjectura", afirmou.
A íntegra da nota oficial do Ministério
da Aeronáutica diz:
"O Ministério da Aeronáutica lamenta informar o
acidente ocorrido hoje, dia 31 de outubro de 1996, por volta de 8h25, na cidade
de São Paulo - SP, com uma aeronave Fokker 100 da TAM, matrícula
PT-MRK.
"A aeronave decolou
do Aeroporto de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro. Realizava o vôo 402,
com seis tripulantes e 89 passageiros, quando bateu no solo, logo após a
decolagem, sobre a Vila Santa
Catarina.
"O Ministério da Aeronáutica já deu início às
investigações para apurar os fatores que contribuíram para o acidente, devendo
se manifestar somente ao final dos trabalhos de investigação, que deve demorar
cerca de 90 dias."
Comentário:
Como veremos em outras
matérias, esse prazo não foi cumprido. Talvez por terem enviado os peritos a
Vila Santa Catarina e não ao Jabaquara... |
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São Paulo, sexta, 1 de agosto de 1997.
Familiares de mortos na queda de avião
em SP há 9 meses acusam atraso na
investigação
Parentes de vítimas pedem laudo
da Reportagem Local
Parentes de vítimas da
queda do Fokker-100 da TAM, que deixou
99 mortos em outubro de 96, em São
Paulo, fizeram ontem um protesto no
Aeroporto de Congonhas (SP) contra o
atraso na divulgação do relatório que
vai apontar as causas do acidente.
O laudo está sendo elaborado há nove
meses por
uma comissão formada por técnicos da
Aeronáutica, da TAM, da Fokker e de
outras empresas aéreas.
Não há prazo para sua divulgação.
As
famílias alegam que precisam do
relatório para saber de quem exigirão
indenizações que, em alguns casos, podem
chegar a US$ 2 milhões.
Alguns familiares pretendem ingressar
com ação na Justiça contra a TAM, com
base no Código de Defesa do Consumidor.
Outros pretendem, de posse do laudo,
acionar os fabricantes de peças do avião
que tenham contribuído para o acidente.
No protesto de ontem, sete viúvas de
passageiros mortos no acidente e alguns
filhos das vítimas, todos vestidos de
preto, distribuíram panfletos para os
passageiros que embarcavam no aeroporto
de Congonhas.
No
manifesto, as famílias pedem que seja
instaurado inquérito para
responsabilizar civil e criminalmente as
autoridades da Aeronáutica responsáveis
pelo atraso na divulgação do laudo.
"Faz nove meses que esperamos um papel
que diga: 'Seus maridos morreram por tal
causa"', diz Suzana Greco de França.
Suzana é
secretária da Associação Brasileira de
Parentes e Amigos de Vítimas de
Acidentes Aéreos, entidade criada pelos
familiares das vítimas do vôo 402, mas
que pretende defender vítimas de outros
acidentes.
Os manifestantes chegaram a ser
impedidos de panfletar dentro do
aeroporto de Congonhas por agentes da
Infraero, mas puderam fazer o protesto
depois da chegada das emissoras de
televisão.
Contra-ataque
Informada sobre o
protesto, a TAM reforçou o atendimento
nos estandes de venda de passagem e nos
balcões de check-in da empresa. O
vice-presidente da companhia, Luiz Falco,
chegou a despachar pessoalmente a
bagagem de alguns passageiros.
Segundo o assessor da presidência,
Paulo Pompílio, também presente ao
aeroporto,
é comum o
vice-presidente fazer esse tipo de
trabalho, para mostrar que a empresa
valoriza o cliente.
Sobre o
protesto, Pompílio disse que "as viúvas
têm direito de protestar". A TAM,
segundo ele, só se pronuncia sobre o
acidente depois da divulgação do laudo.
Comentário
É comum o vice-presidente
de uma empresa aérea atender no balcão
de check-in? Acredito que se o protesto
fosse no balcão, por exemplo, por atraso
nos vôos ou overbooking ele não
apareceria. Mas para desviar a atenção
do justo protesto da Associação
Brasileira de Parentes e Amigos de
Vítimas de Acidentes Aéreos vale tudo.
Leia o relato de Luis Antonio de Morais
na matéria "A Bronca do Consumidor"
sobre esse tema.
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São Paulo, sábado, 26 de julho
de 1997
Justiça volta a pedir relatório do vôo
402
da
Reportagem Local
A Justiça Federal em São Paulo voltou a
pedir ao Cenipa (Centro de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos),
da Aeronáutica, que lhe envie em caráter
sigiloso o relatório sobre a caixa-preta
do vôo 402 da TAM, que caiu em outubro
do ano passado.
Desta vez, a juíza da 3ª Vara Cível
Federal, Sandra Merin, ressaltou que o
não-cumprimento do pedido implicará
crime de desobediência, que pode ser
punido com prisão de até seis meses.
O
pedido da íntegra dos diálogos na cabine
do avião e dos dados objetivos sobre o
vôo, como altitude e velocidade da
aeronave, foi feito por famílias de
vítimas do acidente, representadas pelo
advogado Renato Guimarães Jr.
A 3ª Vara Federal concedeu liminar e
solicitou à Aeronáutica que enviasse as
transcrições.
O
coronel-aviador Douglas Ferreira
Machado, do Cenipa, respondeu
ao pedido
informando que não havia o laudo sobre a
caixa-preta da forma que foi solicitado
pela Justiça.
Disse também que a transcrição
envolveria
"os últimos
instantes da vida de dois tripulantes"
que deveriam ser preservados por se
tratar de momento "particular da vida".
Argumentou ainda que a investigação
ainda está em curso e a divulgação das
transcrições não tem valor isoladamente.
Após o esclarecimento de Machado, a
juíza Sandra Merin voltou a pedir o
relatório sobre as fitas, lembrando que
a autoridade do Cenipa é obrigada a
fornecê-lo. Se se recusar sem
justificativa, pode ser processada
criminalmente.
O Cenipa foi procurado para se
manifestar sobre o caso na tarde de
ontem, mas funcionário que não se
identificou informou que o expediente
havia se encerrado às 12h.
A ação na 3ª Vara
Federal é uma das frentes em que as
famílias tentam obter informações sobre
o acidente e suas causas, que
permitiriam iniciar ações contra os
responsáveis. Há outro processo na 23ª
Vara Cívil estadual de São Paulo e foi
feita representação para o Ministério
Público Federal.
A
Aeronáutica informou anteontem que o
relatório final não ficará pronto até o
final deste mês, como previsto
anteriormente.
Comentário:
(...) preservados por
se tratar de momento "particular da
vida" (...).
Ora, a
importância da transcrição da conversa
dos pilotos é peça fundamental na
investigação. Não cabia, nesse caso, a
"preocupação" do oficial. E mais uma
vez, a informação incorreta sobre o
relatório final. Foi divulgado apenas no
final do ano.
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São Paulo, quinta, 7 de agosto de 1997
AVIAÇÃO
Aeronáutica reconhece falha em
Fokker-100
da
Reportagem Local
O
Ministério da Aeronáutica reconheceu
pela primeira vez publicamente a
ocorrência de
falha de projeto no Fokker-100 da TAM
que caiu em São
Paulo, no dia 31 de outubro do ano
passado, matando 99 pessoas.
A informação consta de ofício
encaminhado no dia 9 do mês passado ao
deputado federal Eduardo Jorge (PT-SP),
que havia requisitado informações sobre
a demora na divulgação do laudo final
com as causas do acidente.
Na resposta, o tenente-brigadeiro-do-ar
Masao Kawanami, do DAC (Departamento de
Aviação Civil), afirma que uma
modificação feita pela Fokker no projeto
de acionamento do reverso do avião
possibilitou a falha que derrubou a
aeronave.
Na ocasião, o reverso, um tipo
de marcha à ré da turbina, foi acionada
na decolagem, hipótese que a Fokker
considerava "muito remota".
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São Paulo, sexta, 15 de
agosto de 1997
Laudo do vôo 402 ainda não tem prazo
para ser divulgado
da
Reportagem Local
A resolução do caso do vôo 283 por parte
da Polícia Federal e da Aeronáutica, em
pouco mais de um mês, contrasta com a
demora na solução da queda do Fokker-100
da TAM, em 31 de outubro do ano passado,
cujas causas ainda não foram divulgadas.
O laudo sobre o acidente, que não tem
prazo para ser divulgado, está a cargo
de uma comissão formada por técnicos da
Aeronáutica, Fokker, TAM e órgãos
governamentais aeronáuticos da Holanda,
onde o avião foi fabricado.
As
famílias de pelo menos 80 das 99 pessoas
que morreram no acidente aguardam o
relatório da comissão para poder decidir
contra quem impetrarão ações judiciais
cobrando indenizações.
Na última segunda-feira, um grupo de
advogados deu entrada nos Estados Unidos
à primeira ação de indenização referente
ao acidente contra empresas
norte-americanas que fabricam peças do
avião acidentado.
A vítima, uma viúva norte-americana,
alega na ação que os fabricantes têm
responsabilidade sobre o defeito de seus
produtos e que foram negligentes.
Segundo os advogados representantes dos
familiares, outras 33 ações idênticas
seriam impetradas nos dias seguintes.
A ação dá margem para que dez empresas
figurem como acusadas. Mas, por conta do
atraso nas investigações, apenas duas
delas foram identificadas e nominalmente
citadas: Northroup Gruman e Teleflex.
A Gruman é fabricante do reverso, tipo
de marcha à ré da turbina usada em
pousos e que teria operado
inadvertidamente durante a decolagem do
Fokker, desestabilizando o avião.
A Teleflex é fabricante de cabos que
evitam o funcionamento do reverso quando
o motor está em potência máxima e que
falhou na ocasião, agravando a situação.
Comentário:
Mas não era no final de julho?...
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São Paulo, quarta, 20 de agosto de 1997
Procurador pede ao STJ dados do Fokker
da Reportagem Local
O
procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Luiz Antonio Marrey,
impetrou ontem mandado de segurança
no STJ (Superior Tribunal de Justiça)
contra o ministro da Aeronáutica,
Lélio Viana Lôbo,
exigindo a entrega de dados referentes
ao acidente com o Fokker-100 da TAM, em
31 de outubro do ano passado.
A queda do avião, em São Paulo, matou 99
pessoas. O laudo sobre as causas do
acidente, que está sendo elaborado por
uma comissão de técnicos da Aeronáutica
e da TAM, entre outros, não tem prazo
para ser divulgado.
Segundo Marrey,
o ministro
descumpriu a lei
ao não apresentar os seguintes
documentos, requeridos em junho deste
ano: cópias dos documentos reunidos na
investigação, cópias das transcrições
das caixas-pretas do avião e dados das
testemunhas ouvidas.
A decisão do procurador tem como
objetivo possibilitar o andamento do
inquérito policial instaurado para
investigar o acidente.
O Ceconsaer (Centro de Comunicação
Social da Aeronáutica) informou ontem
que as investigações de seus técnicos
não têm como objetivo instruir processo
criminal, mas sim prevenir novos
acidentes.
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São Paulo, terça, 16 de setembro de
1997
VÔO 402
Presidente tem 10 dias para
responder
FHC é notificado sobre atraso de
laudo
da Sucursal de Brasília
O ministro Octávio Gallotti, do STF
(Supremo Tribunal Federal), aguarda
informações do governo para decidir se
concede ou não liminar que obrigará o
Ministério da Aeronáutica a divulgar
imediatamente o laudo sobre o acidente
da TAM que provocou a morte de 99
pessoas, em outubro de 1996.
O pedido de informações foi formulado ao
presidente Fernando Henrique Cardoso,
comandante supremo das Forças Armadas.
Notificado na sexta, FHC tem dez dias
para explicar por que o laudo sobre as
causas do acidente ainda não foi
concluído.
Os parentes das vítimas ajuizaram
mandado de segurança no STF, com pedido
de liminar para divulgação imediata
desse laudo. Eles dependem do documento
para mover ações de indenização.
Os parentes sustentam que têm pressa.
Segundo eles, o prazo para mover ações
de indenização é de dois anos após o
acidente.
Comentário: em matéria
publicada em "O Globo", de 02/11/1996,
FHC prometia que o acidente seria
apurado com muito rigor. Dez meses
depois o laudo não havia saído. Pelo
jeito não o levaram a sério.
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São Paulo, terça, 2 de
setembro de 1997
ACIDENTE DA TAM
Mãe de vítima protesta contra atraso no
laudo
da Agência Folha,
em BH
Maria da Conceição Vaz de Melo, mãe do
engenheiro Alexandre Melo, morto no
acidente com o vôo 402 da TAM, em São
Paulo, há dez meses, protestou na manhã
de ontem no aeroporto da Pampulha, em
Belo Horizonte (MG).
Acompanhada de alguns parentes, ela
protestou contra o que chamou de "falta
de sensibilidade das autoridades e da
TAM" com as famílias das pessoas mortas.
Alexandre Melo era o único passageiro de
Belo Horizonte que estava no vôo da TAM.
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São Paulo, quinta, 11 de setembro de
1997
Objetos achados no 402 serão devolvidos
da Reportagem Local
Os objetos encontrados junto aos
passageiros do vôo 402 da TAM, que caiu
em São Paulo em 31 de outubro de 96,
serão devolvidos às suas famílias no
sábado.
A entrega será feita pela Associação
Brasileira de Parentes e Amigos de
Vítimas de Acidentes Aéreos, que
recolheu os pertences no Instituto
Médico Legal.
Segundo a presidente da associação,
Sandra Assali, boa parte dos objetos
está danificada. Alguns deles tiveram
seus proprietários identificados.
"Há telefones celulares, documentos,
material de higiene pessoal, entre
outras coisas. Como era um vôo curto,
não havia muita bagagem", contou ela.
Durante a entrega, que acontecerá na
igreja da Cruz Torta, no Alto de
Pinheiros (zona sudoeste de São Paulo),
a entidade vai realizar uma manifestação
para cobrar da Aeronáutica a divulgação
de laudos referentes às causas de 11
acidentes aéreos no país.
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São
Paulo, quarta, 1 de outubro de 1997.
VÔO 402
Viúvas fazem panfletagem em
Congonhas e outros aeroportos
Familiares lembram 11 meses de
acidente da TAM e cobram laudo
da
Reportagem Local
Familiares das vítimas do vôo 402, que
sofreu acidente em que morreram 99
pessoas, fizeram ontem manifestação em
Congonhas (zona sudoeste de São Paulo) e
em outros quatro aeroportos brasileiros
para lembrar os 11 meses da tragédia e
reclamar a falta de divulgação do
relatório sobre o caso.
Em São Paulo, os manifestantes eram
cerca de 30 pessoas, a maioria viúvas e
filhos de passageiros mortos. A partir
das 7h, eles distribuíram panfletos a
usuários de Congonhas, nos quais
sustentavam que em outros nove acidentes
não houve divulgação do relatório que
investigou suas causas.
"Há casos
de 1984 e de 1990, por exemplo, o que
nos faz desconfiar que o relatório do
402 ainda pode demorar muito mais, o que
não é honesto", afirmou Sandra Assali,
presidente da Associação Brasileira de
Parentes e Amigos das Vítimas de
Acidentes Aéreos.
Uma das preocupações dos familiares é
que a demora para divulgação do
relatório possa prejudicar eventuais
ações de indenização.
No Brasil, processo pedindo compensação
pelas mortes pode ser iniciado até dois
anos após o acidente, ocorrido em 31 de
outubro do ano passado.
Mais de 40 famílias de vítimas pretendem
entrar com ação nos Estados Unidos, onde
estão sediadas fábricas apontadas
extra-oficialmente como responsáveis
pela queda do Fokker-100 da TAM.
Segundo o escritório que as representa,
o prazo para iniciar o processo acaba no
dia 30.
A
Aeronáutica diz que o relatório ainda
não foi divulgado porque relato
preliminar está sendo submetido às
empresas envolvidas.
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São Paulo, quinta, 16 de outubro de
1997.
Relatório do 402 só sairá em dezembro
da
Sucursal de Brasília
O relatório da Aeronáutica sobre as
causas do acidente em São Paulo com o
avião da TAM que fazia o vôo 402 só será
divulgado em dezembro.
O ministro da
Aeronáutica, Lélio Lôbo, negou que a
demora estaria sendo provocada por
pressões da Fokker, construtora do
avião.
O
acidente, ocorrido em 31 de outubro do
ano passado, causou a morte de 99
pessoas. A data mais provável para a
divulgação do relatório é 15 de
dezembro.
"Está
faltando transparência. O ministro não é
obrigado a divulgar o laudo que ainda
não está concluído, mas deve dizer o que
falta para a sua conclusão", afirmou o
deputado Ivan Valente (PT-SP).
O ministro afirmou que o Cenipa (Centro
de Investigação e Prevenção de
Acidentes) vai levar 30 dias para
concluir o relatório depois que receber
dados das empresas responsáveis pela
fabricação de partes do avião.
As empresas têm até o dia 11 de novembro
para emitir suas considerações.
(DENISE MADUEÑO)
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São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1997
VÔO 402
Para professor da USP, recusa em
divulgar conclusão da investigação sobre
queda de Fokker é inconstitucional.
Aeronáutica sonega dados, diz Dallari
ROGERIO SCHLEGEL
da Reportagem Local
A negativa da Aeronáutica em revelar as
conclusões que já possui sobre o
acidente com o vôo 402 é
inconstitucional, segundo Dalmo de Abreu
Dallari,
professor da
Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo.
A afirmação foi feita ontem, em debate
promovido pela Comissão de Direitos
Humanos da Assembléia Legislativa de São
Paulo. Hoje completa um ano da queda do
Fokker-100 da TAM, que matou 99 pessoas,
ao cair em São Paulo.
''É juridicamente incorreto a
Aeronáutica dizer que está impedida de
revelar as conclusões da investigação
por convênios internacionais que
envolvem companhias aéreas ou são
relativos à aviação'', disse Dallari.
Já existe um relatório sobre as causas
do acidente pronto, feito pela comissão
de investigação instaurada pela
Aeronáutica.
O Ministério se nega a divulgar suas
conclusões porque se diz impedido pelo
Anexo 13 à Convenção de Chicago, que
rege a aviação internacional. Ele prevê
sigilo até que outros países
interessados na apuração se manifestem
sobre o que foi apurado.
O artigo 5º da Constituição brasileira
diz, em seu inciso 33, que ''todos têm
direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral''.
Segundo Dallari, a ressalva que aparece
no texto constitucional -''ressalvadas
aquelas (informações) cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado'' - não se aplica ao caso do
vôo 402.
''Está claro que não há nada que
fragilize o Estado brasileiro envolvido
no caso'', disse.
''Portanto,
o que ocorre é que o ministro Lélio
Viana Lôbo está sonegando informação à
sociedade.''
O
ministro foi convidado a participar do
debate, mas não compareceu.
Propostas
A principal proposta discutida durante o
debate foi a de separar as tarefas de
regulamentar e fiscalizar a aviação, de
um lado, e apurar acidentes
aeronáuticos, de outro.
''Não se pode conceber que o mesmo órgão
que regulamenta o setor e tem a
responsabilidade de fiscalizá-lo também
apure acidentes'', afirmou Jairo
Fonseca, presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB-SP.
A mesa do encontro iria discutir, ontem
à noite, a possibilidade de marcar uma
audiência com o presidente Fernando
Henrique Cardoso. O grupo teria
representantes de Abrapavaa (associação
que reúne famílias de vítimas), OAB,
Assembléia e Câmara Federal.
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São
Paulo, sábado, 01 de novembro de 1997
PERIGO NO AR
Culto lembra aniversário
Da Reportagem Local
Viúvas, outros
familiares e amigos das vítimas do
acidente com o avião da TAM, fizeram na
manhã de ontem um culto ecumênico para
lembrar o
primeiro
aniversário da tragédia.
Mais uma vez foi mencionada a falta do
relatório final da Aeronáutica sobre as
causas do acidente. Já existe um laudo
preparado pela comissão de investigação,
mas ele não é divulgado.
A Aeronáutica diz que, por tratados
internacionais, está obrigada a esperar
a manifestação dos outros países
envolvidos (EUA, Inglaterra e Holanda)
antes de torná-lo público.
Debate na Assembléia Legislativa
paulista, feito anteontem, terminou com
as seguintes propostas: pedir audiência
ao presidente Fernando Henrique Cardoso
e ao governador Mário Covas; estudar
junto com a OAB proposta de nova lei
para o setor; e apresentar representação
à Procuradoria-Geral da República.
No ato que se seguiu, protestaram contra
a falta de divulgação do laudo sobre as
causas do acidente.
Anúncio publicado em jornais também
cobrou o relatório. ''O acidente do vôo
402 aconteceu por uma falha técnica. Um
ano depois, por falha humana, nada
aconteceu'', afirma a publicidade.
Os familiares deram as mãos em torno do
Monumento às Bandeiras, lhe dando um
abraço.
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São Paulo, sábado, 01 de novembro de
1997
PERIGO NO AR
Moradores do local onde Fokker-100 da
TAM caiu no ano passado ainda não
esqueceram a tragédia.
Rua da
queda convive com fantasma do 402
ROGERIO SCHLEGEL
Da Reportagem Local
A rua Luís Orsini de Castro, no
Jabaquara
(zona sudoeste de
São Paulo),
ainda vai conviver muito tempo com o
fantasma do vôo 402, que caiu ali no dia
31 de outubro do ano passado.
O local
fica na rota de decolagem do aeroporto
de Congonhas e o barulho dos aviões não
deixa os moradores esquecerem da
tragédia.
No lugar das casas e telhados destruídos
do dia do acidente, há imóveis em
reforma e prédios com pintura e
cobertura novos. Mas a lembrança da
tragédia continua.
''Dormimos de luz acesa'', conta
Conceição Mateus Silva, dona do sobrado
em que caiu o trem de pouso do
Fokker-100 acidentado.
Ela e o
marido estavam em casa às 8h26 do dia do
desastre e ficaram cercados pelo fogo
que se seguiu. ''Fomos salvos por dois
bombeiros que até hoje tentamos
identificar, mas não conseguimos''.
O quarto em que caiu o trem de pouso era
usado pelo filho Augusto,
que não mora em São Paulo, quando estava
na cidade. Depois de reformado - no dia,
teve o teto destruído e o interior
queimado -, o quarto não é mais usado.
''Ele prefere dormir num outro quarto
vazio. Ninguém mais dormiu lá'', conta
Arnaldo Leonardo da Silva, marido de
Conceição.
A vizinha e
nora Maria José Figueiredo da Silva diz
que, apesar da aparência de reconstrução
da rua, tudo é diferente.
''Quando os aviões passam, eu fico
prestando atenção no barulho. Se noto
alguma coisa estranha, me dá pânico'',
conta Maria.
Ela lembra ter sofrido grande choque no
dia do acidente porque, ao voltar para
casa, avisada da queda do avião, foi
informada por um policial que seus
sogros tinham morrido dentro de casa.
''Nossa Senhora de Fátima nos salvou'',
diz Conceição.
Maria diz que não quer continuar morando
na rua. Só não se mudou porque, segundo
ela, o dinheiro da indenização paga pela
seguradora da TAM, a Unibanco, não foi
suficiente para repor tudo o que tinha
dentro de casa.
''Eles pagaram a reconstrução da
estrutura do nosso sobrado e tivemos de
desembolsar muito dinheiro para repor
tudo. Quando eu tiver dinheiro, mudo
daqui. Não vivo tranquila.''
Casa melhor
Em matéria de moradia, Sônia Regina
Litwin levou vantagem com o acidente. No
lugar da casa de dois quartos, está
acabando de construir uma maior, de três
quartos, com o dinheiro da indenização
- que não revela quanto é.
Ela mora há um ano em uma casa cujo
aluguel é pago pela TAM. A construção da
nova casa deve acabar neste mês. Na área
emocional, Sônia se sente abalada. ''Já
tive depressão e tomei Prozac. Ainda
vivo estressada.''
Obs: o nome de Conceição foi corrigido e
o de Jorge substituído pelo morador do
quarto, meu irmão Augusto.
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São Paulo, quinta, 13 de novembro de
1997
VÔO 402
É recusada a alegação de
necessidade de sigilo das informações.
STJ manda Aeronáutica dar laudo
preliminar de acidente
da Sucursal de Brasília
O STJ (Superior Tribunal de Justiça)
determinou ontem que o Ministério da
Aeronáutica forneça à Procuradoria Geral
de Justiça de São Paulo o laudo
preliminar sobre o acidente do vôo 402
da TAM, além das informações que o
embasam.
O ministro da Aeronáutica, Lélio Viana
Lobo, será intimado a prestar as
informações, para instrução do inquérito
policial, quando o acórdão da decisão
for publicado no "Diário da Justiça".
O procurador-geral de Justiça de São
Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey,
disse que a publicação deve ocorrer
daqui a 30 dias. A partir daí, o
ministro da Aeronáutica deverá ter dez
dias de prazo.
Depois disso, o Ministério da
Aeronáutica ainda poderá entrar com
recursos -embargos declaratórios-, que
não alteram a essência da decisão, mas
podem protelar seu cumprimento.
Oito ministros da 1ª seção do STJ
acolheram, por unanimidade, o mandado de
segurança ajuizado por Marrey contra o
ministro da Aeronáutica pela recusa em
prestar as informações.
O relator da ação, ministro Demócrito
Reinaldo, rejeitou os argumentos do
governo sobre o sigilo das informações
contidas no laudo técnico.
"Não me parece que o sigilo, nesse caso,
tenha conotação de segurança nacional",
disse. "O Ministério Público não pode se
quedar, estático, no aguardo de atos
administrativos, seja qual for o grau de
hierarquia."
Rita Araújo, viúva de uma das vítimas do
acidente, afirmou que o acesso ao laudo
técnico é essencial para a conclusão do
inquérito e para a busca, na Justiça, de
indenizações de maior valor.
Ela afirmou que o Código Brasileiro de
Aeronáutica prevê indenização de R$ 15
mil por culpa leve por parte da empresa
(imperícia, imprudência ou negligência).
A expectativa é que os dados facilitem a
caracterização de que a empresa tenha
agido com culpa grave ou dolo, o que a
TAM descarta.
O acidente ocorreu em 31 de outubro do
ano passado, no Jabaquara (zona sudoeste
de SP). Causou a morte de 99 pessoas.
Essa é a
primeira grande vitória judicial do
Ministério Público de São Paulo e dos
parentes das vítimas do acidente.
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