R-99B, a maior estrela
da operação
Avião da Embraer que
localizou destroços do avião é empregado em missões de coleta de
informações.
Foi
uma façanha e tanto a localização dos primeiros destroços do A330 pelo
jato R-99B. O avião, definido pela Embraer como multi-inteligência, é
empregado em missões de coleta de informações. Na madrugada de ontem, no
meio do Oceano Atlântico, atuou como numa operação de localização de
alvos: operando os sensores térmicos e o radar sintético, além de
recursos considerados secretos, o R-99B escaneou a superfície marítima.
Em menos de duas horas, localizou placas que poderiam ser da fuselagem
do AF 447, uma poltrona, um flutuador, detritos diversos. Com base
nesses dados, um gigante C-130 seguiu, já sob a luz do sol, para o local
e fez a confirmação visual.
A aviação militar do
Brasil mantém no ar, todo os dias, desde 2002, esse aparato de
vigilância. A partir da base aérea de Anápolis, a 140 km de Brasília, os
jatos R-99 Bravo do Esquadrão Guardião realizam missões cotidianas -
registram imagens de incêndios florestais, das superfícies desmatadas,
de áreas de conservação, de atividades irregulares de garimpagem,
mineração ou demarcação de terras. As informações são recolhidas e podem
ser transferidas em tempo real para centros terrestres.
O Guardião tem oito aviões
disponíveis. Cada um custa cerca de US$ 80 milhões. Cinco deles são do
tipo R-99 Alfa, de alerta antecipado e comando aerotransportado, que
levam uma grande antena Erieye, comprada na Suécia. O equipamento pesa
quase 1 tonelada, com alcance entre 360 e 400 km. Mas o outro time foi o
que brilhou na busca dos destroços do Airbus. Guarnecido com três
unidades da versão R-99 Bravo, serve à vigilância da Amazônia. A rigor,
é um avião espião.
O principal componente
embarcado é o radar de abertura sintética, que permite uma varredura de
área feita de forma a não revelar sua presença. O alcance é estimado em
400 km². Com ele seguem um produtor de imagens digitais e um sensor
ótico infravermelho, para visão noturna. Os jatos operam dia e noite,
sob quaisquer condições meteorológicas. O R-99A/B é construído pela
Embraer, em São José dos Campos. Com um deles, do tipo B, o Esquadrão
Guardião realizou outra aventura militar, em junho de 2003.
O jato decolou de Anápolis
com a missão - negociada diretamente pelo presidente Lula com o colega
do Peru, Alejandro Toledo - de apoiar uma ação de resgate de 74 reféns
tomados pela guerrilha na província de Ayacucho. A maioria das vítimas
era de funcionários da empresa Techint, que construía um oleoduto.
Bastaram duas horas de voo sobre a mata para monitorar as comunicações
entre os sequestradores e definir a localização do cativeiro. Forças
Especiais do Exército peruano chegaram ao local em 45 minutos.
Fonte: Roberto Godoy (O
Estado de S.Paulo) - Foto: Divulgação/FAB
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