O voo Voepass 2283 (IATA: 2Z2283
ICAO: PTB 2283, Callsign: PASSAREDO 2283) faz referência a um voo
doméstico regular operado pela Voepass Linhas Aéreas (antiga Passaredo)
que sofreu um acidente fatal no dia 9 de agosto de 2024 às 13h28
(UTC−3), quando a aeronave modelo ATR-72 500, de matrícula PS-VPB (foto
acima), perdeu o controle e caiu no condomínio residencial Recanto
Florido, no bairro Capela, no município de Vinhedo. O voo havia partido
do Aeroporto Regional do Oeste, em Cascavel, no Paraná, com destino ao
Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos, no estado de São Paulo.
Todos os 62 ocupantes, dos quais 58
passageiros, entre eles um menino de quatro anos e uma menina de três
anos, mais quatro tripulantes, morreram na queda. Uma cadela pertencente
a uma família que estava entre os passageiros também pereceu no
acidente.
Este foi o acidente aéreo mais
grave em solo brasileiro desde o Voo TAM 3054, em julho de 2007, além do
sexto pior acidente da história da aviação no país. Também foi o
primeiro acidente aéreo da Voepass e o primeiro acidente fatal
envolvendo um ATR-72 no Brasil. As investigações para apurar as causas
foram iniciadas de imediato e estão em curso, sem prazo para conclusão.
Contexto
A aeronave envolvida no acidente
era um ATR-72 500, número de série 908, fabricada em 2010 pela Avions de
Transport Régional (ATR) para a extinta Belle Air, da Albânia,
transferida em 2015 para a Pelita Air Service, da Indonésia, finalmente
chegando ao Brasil pela Voepass em 2022. O aparelho tinha capacidade de
transportar 74 passageiros e quatro tripulantes.
De acordo com a empresa e a Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC), a aeronave se encontrava em condição
regular para operar, estava com manutenção em dia e com os sistemas
operantes no momento da decolagem.
Acidente
O Voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas
partiu às 11h58 (UTC−3) do Aeroporto Regional do Oeste, em Cascavel, no
Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos,
no estado de São Paulo. A bordo estavam 58 passageiros e quatro
tripulantes. Pelo menos dez pessoas perderam o voo por terem confundido
a companhia aérea ou se atrasado antes do embarque.
A aeronave caiu por volta de 13h28
(UTC−3) em uma área residencial do bairro de Capela, na cidade de
Vinhedo, no estado de São Paulo. Uma equipe do SERIPA IV (órgão regional
do CENIPA) iniciou as investigações.
O canal de notícias GloboNews
transmitiu um vídeo do avião antes de cair, mostrando-o descendo em
espiral em uma orientação vertical – movimento conhecido no jargão
aeronáutico como parafuso chato. A rede também transmitiu imagens da
área do acidente, que mostravam uma grande quantidade de fogo e fumaça
se espalhando a partir da fuselagem do avião.
Vítimas
Tripulantes
O piloto em comando do voo era o
capitão Danilo Santos Romano, de 35 anos de idade, e o copiloto era o
primeiro oficial Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos. As
comissárias de bordo eram Débora Soper Ávila, de 28 anos de idade, e
Rubia Silva de Lima, de 41 anos.
Passageiros
Todos os passageiros e tripulantes
eram brasileiros. Três dos passageiros tinham dupla cidadania com a
Venezuela e um com Portugal. Vinte e sete dos passageiros eram moradores
do município de Cascavel.
Rosangela Souza; Eliane Andrade
Freire; Luciani Cavalcanti; Jose Fer; Denilda Acordi; Maria Auxiliadora
Vaz De Arruda; Jose Cloves Arruda; Nelvio Jose Hubner Gracinda Marina
Castelo Da Silva; Ronaldo Cavaliere; Silvia Cristina; Wlisses Oliveira;
Hialescarpine Fodra; Daniela Schulz Fodra; Regiclaudio Freitas; Simone
Mirian Rizental; Josgleidys Gonzalez; Maria Parra; Joslan Perez; Mauro
Bedin; Rosangela Maria De Oliveira; Antonio Deoclides Zini Junior;
Kharine Gavlik Pessoazini; Mauro Sguarizi; Leonardo Henrique Da Silva;
Maria Valdete Bartnik; Renato Bartnik; Hadassa Maria Da Silva; Raphael
Bohne; Renato Lima; Rafael Alves; Lucas Felipe Costa Camargo; Adrielle
Costa; Iaiana Vasatta; Ana Caroline Redivo; Jose Carlos Copetti; Andre
Michel; Sarah Sella Langer; Edilson Hobold; Rafael Fernando Dos Santos;
Lizibba Dos Santos; Paulo Alves; Pedro Gusson Do Nascimento; Rosana
Santos Xavier; Thiago Almeida Paula; Adriana Santos; Deonir Secco;
Alipio Santos Neto; Raquel Ribeiro Moreira; Adriano Da Luca Bueno;
Miguel Arcanjo Rodridues Junior; Diogo Avila; Luciano Trindade Alves;
Isabella Santana Pozzuoli; Tiago Azevedo; Mariana Belim; Arianne Risso;
Constantino Thé Maia.
As vítimas incluíam oito médicos,
incluindo seis oncologistas que viajavam para uma conferência sobre
câncer em São Paulo, quatro professores da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, dois funcionários da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná e duas crianças. Pelo menos dez pessoas com passagem não
conseguiram embarcar no voo porque estavam esperando no portão errado.
O Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) iniciou uma investigação
sobre o acidente. Investigadores do Escritório Francês de Inquérito e
Análise para Segurança da Aviação Civil (BEA) e do Conselho Canadense de
Segurança nos Transportes (TSB) também se juntaram à investigação,
representando o país onde a aeronave e os motores, o ATR-72 e o Pratt &
Whitney Canada PW127M, foram fabricados, respectivamente.
O chefe do CENIPA, Marcelo Moreno,
disse no dia do acidente que os dois gravadores de voo – o gravador de
voz da cabine (CVR) e o gravador de dados de voo (FDR) – foram
recuperados e estavam em posse do CENIPA.
Os corpos das vítimas foram levados
ao Instituto Médico Legal Central, em São Paulo, para processamento. No
dia 11 de agosto, foi informado que todos os corpos haviam sido
removidos do local do acidente e que os destroços haviam sido entregues
ao CENIPA para investigação. No mesmo dia, o CENIPA anunciou que os
dados do gravador de voo haviam sido baixados e estavam sendo
analisados.
Na sequência inicial ao ocorrido,
especialistas em aviação especularam que o acúmulo de gelo poderia ter
sido um fator determinante, embora afirmassem que era muito cedo para
tirar conclusões. O acidente foi comparado ao do voo 4184 da American
Eagle, em 1994, que perdeu o controle depois que a aeronave encontrou
condições severas de formação de gelo.
Em 12 de agosto, a Polícia
Técnico-Científica de São Paulo afirmou que as vítimas da queda do avião
em Vinhedo morreram de politraumatismo. A eventual carbonização de
alguns corpos em decorrência do incêndio se deu após a morte das
vítimas.
Em 20 de agosto, a Câmara dos
Deputados do Brasil criou uma comissão externa para acompanhar as
investigações sobre o desastre aéreo com o avião da VoePass.
Quais as hipóteses?
Ainda não se sabe o que causou o
acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que
acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —,
segundo especialistas.
O estol é uma situação na qual a
asa perde completamente a sustentação útil, o que causa a queda brusca
do avião. A depender da altitude e da condição, é possível recuperar a
altitude em voo.
O estol pode acontecer, por
exemplo, por formação de gelo sobre as asas — e na rota dessa aeronave
havia essa formação, segundo pilotos ouvidos.
Os especialistas avaliam que a
formação de gelo sobre as asas pode ser uma das hipóteses. Apesar disso,
todos são unânimes em afirmar que não existe um único fator que cause um
acidente e que é prematuro tirar conclusões a partir dos vídeos ou das
informações divulgadas.
Meteorologistas apontaram "áreas de
instabilidade" e 35% de formação de gelo nas proximidades do local onde
o avião caiu. De acordo com o Climatempo, no momento exato em que a
aeronave estava fazendo a aproximação havia um "forte vento" de cauda -
o que aumenta a velocidade do avião em relação ao solo.
"Estimativas de modelos
meteorológicos indicam temperaturas entre -9° a -11° C na altura
correspondente a 500hPa na região de Vinhedo por volta das 13h local",
disse o órgão.
Água supercongelada
Antes de apresentar
intercorrências, a aeronave voava a 5 mil metros de altitude. A aeronave
enfrentou um sistema frontal de turbulência formado por nuvens do tipo
cirrocumulus, que são geradas em razão da alta umidade e pressão
atmosférica. O supercongelamento faz com que a temperatura água, em
altitude elevada, varie de -45ºC a -60ºC (abaixo do ponto de
congelamento). Quando a água nessas condições leva à formação de gelo
nas asas do avião, a aeronave perde sustentação, fator que possivelmente
causou o acidente em Vinhedo.
Turbulência severa
Já em São Paulo, a aeronave passou
por uma zona crítica de turbulência por quase 10 minutos (entre 13h10 e
13h19), pouco antes de perder o controle e cair na cidade de Vinhedo, no
interior de São Paulo. Nesse período, a aeronave reduziu a velocidade e
atravessou nuvens supercongeladas de até -40ºC.
Perda de velocidade
A primeira grande oscilação ocorreu
às 12h52 (horário de Brasília), quando a aeronave reduziu bruscamente a
velocidade de 529 km/h para 398 km/h. Os ventos fortes, com velocidade
em torno de 53 km/h, também estavam na mesma direção do voo, trazendo
ainda mais instabilidade à aeronave. Em outro momento, às 13h06, já
próximo de ocorrer a queda, o avião saiu rapidamente da velocidade de
604 km/h para 491 km/h. A partir daí, começou a perder velocidade. O
último dado registrado ocorreu às 13h22 (hora da queda), com o avião a
velocidade de 63 km/h e altitude de 1.798 metros.
Atuação de ciclone e queimadas
Um ciclone extratropical que se
formou sobre o Uruguai e Rio Grande do Sul, na manhã da sexta-feira, fez
com que mais umidade fosse injetada, na retaguarda, sobre a região do
acidente. O deslocamento de uma frente fria, formada por uma massa de ar
frio e seco, de origem polar, fez as temperaturas declinarem. Além
disso, a fumaça das queimadas trazida para o Sudeste, pelo ar seco da
Amazônia, ficou nos altos níveis da atmosfera, em forma de aerossóis.
Isso tornou a água ainda mais fria e líquida, transformando-a em gelo e
possivelmente deixando a aeronave mais pesada.
Horas depois da queda da aeronave,
a Voepass Linhas Aéreas confirmou a ocorrência do acidente em suas redes
sociais por meio de nota, afirmando que todos os passageiros e
tripulantes a bordo faleceram na queda. Posteriormente, a empresa lançou
em seu website uma página com contatos para a imprensa e para
assistência aos familiares, e divulgou a lista de embarque contendo o
nome de todos os ocupantes do voo. No mesmo dia a companhia realizou uma
coletiva de imprensa em sua sede em Ribeirão Preto, junto a seus
representantes, ressaltando a experiência da tripulação na aeronave e
como os procedimentos padrões aeronáuticos foram seguidos.
O Presidente da República Luiz
Inácio Lula da Silva, que se encontrava num evento no sul do país quando
a notícia do acidente foi divulgada, dedicou um minuto de silêncio pelas
vítimas que estavam a bordo. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, e do Paraná, Ratinho Júnior, voltaram de um evento no Espírito
Santo para acompanhar os trabalhos das equipes.
As emissoras de televisão aberta e
canais de notícias imediatamente alteraram as suas programações
regulares para a transmissão de plantões especiais sobre o acidente. No
caso da TV Globo, a emissora intercalou as transmissões dos eventos dos
Jogos Olímpicos de Verão de 2024 com boletins esporádicos por toda a
tarde com atualizações. A tragédia também teve repercussão na mídia
internacional.
Devido à gravidade e comoção
geradas pelo acidente, foi decretado luto nacional de três dias pela
Presidência da República, medida seguida pelos governos dos estados do
Paraná e de São Paulo, e pelas prefeituras de Cascavel e Vinhedo, locais
de partida e queda da aeronave, respectivamente.
No dia 11 de agosto, o Papa
Francisco fez uma prece pelas vítimas do acidente em sua oração
dominical do Angelus, no Vaticano.
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Texto e edição de imagens
por Jorge Tadeu da Silva
Fontes de pesquisa:
Wikipédia /
g1 / O Globo / UOL / Folha de S. Paulo
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