A crise no setor aéreo
brasileiro ou "apagão aéreo", como divulgado pela imprensa, é uma série
de colapsos no transporte aéreo que foram deflagrados após o acidente do
voo Gol 1907 em 29 de setembro de 2006. Apagão é um nome adotado no
Brasil para referir-se a graves falhas estruturais em algum setor.
Durante mais de um ano a situação no transporte aéreo de passageiros no
Brasil passou por dificuldades, ocasionando inclusive a queda do
ministro da Defesa do governo Lula, Waldir Pires.
Antecedentes
As dificuldades no transporte aéreo
brasileiro tornaram-se públicas após a crise financeira da companhia
aérea Varig, que em poucos meses deixou de operar várias rotas
domésticas e internacionais. Isso ocorreu devido à falta de aeronaves,
retomadas por credores dada a falta de pagamento de contratos de
arrendamento. As outras companhias aéreas demoraram a absorver os
passageiros deixados pela Varig. É importante ressaltar a interferência
política antes do início da crise. Em 24 de setembro de 2006 ocorreu um
churrasco em Brasília organizado pelo deputado federal Alberto Fraga
PFL-DF e os convidados foram os controladores de vôo. A reunião teria
ocorrido com a intenção de angariar votos para a eleição do referido
deputado. Foram feitas promessas de "apoio logístico para os
controladores em suas reivindicações salariais".
Avisos ao Governo
2004: FAB alerta para apagão:
"Ao apresentar suas propostas orçamentárias de 2004, 2005 e 2006, o
Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea) informou, por escrito,
que a não-liberação integral dos recursos pedidos levaria à situação
vivida agora no País. Mesmo assim, as verbas foram cortadas ano após ano
pelo governo (...)"
2006: Corte de recursos e falta
de planejamento provocou crise no setor aéreo, aponta relatório do TCU:
"A auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no
Ministério da Defesa, no Comando da Aeronáutica, na Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) e na Infraero (Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária) concluiu que a falta de planejamento e a
insuficiência de recursos são as principais causas dos atrasos e
cancelamentos de vôos, e também dos problemas nos aeroportos.
Apresentado pelo ministro Augusto Nardes, o relatório foi aprovado hoje
(12) por unanimidade no tribunal (...)".
2006: Entidade avisou presidente
sobre caos: Um relatório que listava os graves problemas da aviação
civil brasileira foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em
9 de novembro de 2006. Apesar dos repetidos atrasos e crises do sistema
de controle aéreo, as autoridades não responderam (...)
Estopim
O que detonou a crise no setor
aéreo foi a queda de um avião da GOL que cumpria o vôo 1907, em 29 de
setembro de 2006, levando todos os seus passageiros e tripulação à
morte. Devido ao acidente, 8 controladores de vôo foram afastados para
investigações de possível falha operacional. Sem controladores
sobressalentes, outros tiveram que ser deslocados para cumprir a falta
dos que estavam afastados.
Operação-padrão
Em 27 de outubro de 2006, os
controladores de tráfego aéreo começaram a se organizar para promover
uma greve branca, que seria uma forma de pressionar o governo a atender
reivindicações por melhores salários, menor carga horária e a
contratação de mais profissionais. Entretanto, a maioria dos
controladores, por serem militares subordinados à disciplina da Força
Área Brasileira (FAB), não aderiu à greve. Mesmo com a FAB negando que
tal reunião tivesse existido, a greve branca ou operação-padrão foi
iniciada.
Falhas de equipamentos
A primeira falha de equipamento
noticiada que ocorreu na crise foi em 20 de outubro de 2006, quando uma
pane no centro de processamento de dados obrigou o Cindacta 2 a desligar
o sistema de radar no Sul do país, o que provocou atraso de até 3 horas
e 40 minutos em pelo menos 146 vôos comerciais na região. No dia
anterior, o centro de processamento de dados do Cindacta 2 já tinha
apresentado problemas. Durante 2 horas, os vôos foram monitorados pela
operação convencional, em que são feitos contatos por rádio entre o
piloto e os controladores, o que é mais lento do que o sistema com
radar.
Curiosidade
Nem o superavião Airbus A380
escapou de toda essa confusão: sua primeira visita ao Brasil foi marcada
para as 10h00min de 10 de dezembro de 2007, e aconteceu que ele chegou
1h atrasado. |