O Plano de Voo é um
documento técnico e oficial onde são registradas todas as informações do
planejamento do voo pelos pilotos ou despachantes operacionais das
companhias aéreas. A tripulação, ou a companhia aérea em nome dela,
elabora o plano de voo e o submete ao Controle de Tráfego Aéreo (ATC),
que se torna o Plano de Voo Requisitado. O Plano de Voo pode ser
autorizado como solicitado ou eventualmente alterado, transformando-se
no Plano de Voo Autorizado. Mas a qualquer momento do voo o ATC pode
fazer alterações no plano de voo autorizado para melhor separação das
aeronaves em voo, por causa de formações meteorológicas ou por panes nos
auxílios eletrônicos a navegação aérea. A tripulação deve seguir
rigorosamente as instruções do Controle de Tráfego Aéreo e, se houver
falha de comunicação bilateral com os controladores, seguir à risca o
Plano de Voo Autorizado.
Mapa aéreo da região do
acidente, mostrando Brasília, a Base Aérea de Anápolis,
a aerovia UZ6, os fixos
Teres e Nabol e a Base Aérea do Cachimbo.
O plano de voo do
Embraer Legacy 600
A primeira parte do plano de voo
previa um percurso em duas etapas sem escalas, primeiro até Brasília e
depois mudando de direção para Manaus, onde deveria pousar. Para o
Centro de Controle de Área (ACC) Brasília o voo seguiria pela aerovia
UW2, de mão única, com proa da aeronave em 006º, na altitude de 37 mil
pés.
Chegando à vertical de Brasília
mudaria de direção para Manaus, tomando a aerovia UZ6, de mão dupla, com
proa em 336º e baixando a altitude para 36 mil pés. Ao passar pelo "Fixo
Teres", um marco virtual que auxilia a navegação, localizado 480
quilômetros a noroeste de Brasília, deveria subir para 38 mil pés e
continuar nessa altitude até Manaus. A colisão aconteceu 400 quilômetros
depois do "Fixo Teres". Pelo plano de voo, no ponto da aerovia em que
colidiu com o Boeing, o Legacy deveria estar a 38 mil pés de altitude, e
não a 37 mil pés.
Entretanto, como ficou apurado nas
investigações, o plano de voo autorizado pela Sala de Planos de Voo do
Centro de Controle de Área (ACC) Brasilia e repassado pela Torre de
Controle de Aeródromo de São José dos Campos (TWR-SJ) mencionou somente
a altitude inicial do plano de voo, não especificando o limite da
altitude inicial até Brasília, nem complementando que o plano de voo
estava sendo autorizado como solicitado ("cleared as filed"). Desta
forma o plano de voo autorizado verbalmente para a tripulação era
diferente do solicitado e diferente daquele que ficou registrado como
plano de voo autorizado nos sistemas informatizados do Centro de
Controle de Área (ACC) de Brasília.
O plano de voo do
Boeing 737-800 Short Field Performance
De acordo com notícias na imprensa,
o plano de voo do Boeing da Gol previa a utilização da aerovia UZ6, a
mesma do Legacy, sentido Manaus-Brasília, na altitude de 37 mil pés. O
jornal Folha de São Paulo apurou que a altitude habitual dessa rota é de
41 mil pés.
As investigações posteriores
mostraram que as companhias aéreas mantêm planos de voo "padrões" e que
a cada voo o piloto solicita a altitude mais adequada às condições de
peso da aeronave e atmosféricas. Neste caso o piloto do Boeing solicitou
altitude de 37 mil pés. |