.
19.12.1991
Hora: 14:33P
Aeronave: BELL 212 H2J
Operador: Aeróleo Taxi Aéreo Ltda.
Matrícula/Prefixo: PT-HQI
Tripulação: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 3
Passageiros: Ocupantes: 12 / Fatalidades: 12
Total: Ocupantes: 15 / Fatalidades: 15
Local do Acidente: Aeródromo de Macaé - RJ
Tipo de acidente: Pouso em Local não Previsto
Fase de Operação: pouso
Natureza do Vôo: Transporte regular de passageiros
Aeroporto de Partida: plataforma vermelho 1, na Bacia de
Campos – RJ Aeroporto de Destino: Aeródromo de Macaé - RJ
HISTÓRICO
O helicóptero decolou com dois tripulantes e
onze passageiros da plataforma vermelho 1, na Bacia de
Campos, às 14:33 h local, com destino ao aeroporto de Macaé
(SBME).
Quinze minutos após, a 3.500 ft de altitude e
com 100 kt de velocidade, a tripulação ouviu um forte ruído,
seguido de intensas vibrações, que dificultaram a
controlabilidade da aeronave.
A tripulação efetuou um pouso de precaução no
mar
Os ocupantes foram resgatados ilesos quarenta
e cinco minutos após o pouso e o helicóptero doze horas após
a ocorrência.
ANÁLISE
Verificou-se a existência de fratura no
acoplamento de rotação da caixa de transmissão principal
para o rotor de cauda.
O laudo do Centro Técnico Aeroespacial (CTA)
revelou que a fratura dos dentes da engrenagem do
acoplamento, interno e externo, foi devida à fadiga por
atrito.
Marcas de atrito no sentido axial da
engrenagem, provocadas pelo contato entre os dentes dos
acoplamentos interno e externo revelaram que o espaço
disponível entre os dentes da engrenagem estava menor do que
o previsto.
Exames da estrutura dos dentes da engrenagem
demonstraram que a camada branca, que serve para proteger a
superfície do material quanto à trincas, e é formada por
nitrato de ferro, estava com espessura maior que a
especificada pelo fabricante.
Os exames realizados no retentor mostraram
que os sinais de alta temperatura foram deixados no
componente de forma gradual ao longo do tempo.
Após todos os testes realizados, concluiu-se
que o retentor não contribuiu para a ocorrência do acidente.
O fator contribuinte decisivo foi a espessura da camada
branca, que estava maior que a especificada pelo fabricante.
Isso desencadeou o processo de fadiga por contato e a
conseqüente fratura da engrenagem do acoplamento de rotação
da caixa de transmissão principal para o rotor de cauda.
CONCLUSÃO
Fator Material - Contribuiu
Houve deficiência no processo de fabricação
do componente (acoplamento). A camada branca de proteção é
limitada pelo fabricante a uma espessura de 0,0165 mm,
contudo a peça apresentava espessura entre 0,0225 a 0,0275
mm.
RECOMENDAÇÕES
Os SERAC deverão divulgar o presente
relatório aos operadores de helicópteros tipo BELL dentro de
suas jurisdições.
O CTA/IFI deverá enviar o laudo técnico
referente à análise de falhas em componentes do eixo do
rotor de cauda pertencentes à aeronave acidentada para a
BELL HELICOTER COMPANY, e solicitar a verificação da origem
do contato apertado dos dentes dos acoplamentos e da
presença da camada branca grosseira de nitretação, para que
as devidas providências corretiva possam ser tomadas quanto
ao processo de fabricação.
.
13.12.1991
Hora: 09:00
Aeronave: EMB-711 Corisco
Operador: Particular
Matrícula/Prefixo: PT-NXL
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Passageiros: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 3
Total: Ocupantes: 4 / Fatalidades: 4
Local do Acidente: Fazenda Caraíba, Água Clara, MS
Tipo de acidente: Perda de Controle em Vôo
Fase de Operação: em vôo
Natureza do Vôo: Transporte particular de passageiros
Aeroporto de Partida: Aeródromo de Campo Mourão - PR
Aeroporto de
Destino: Aeródromo de Rondonópolis - MT
HISTÓRICO
A aeronave decolou às 07:15 h do aeródromo de
Campo Mourão (PR), tendo como destino a cidade de
Rondonópolis (MT). O tempo de vôo estimado para aquele
trajeto era de 04:00 horas.
As previsões meteorológicas para a rota
pretendida eram desfavoráveis ao vôo visual.
A aeronave não chegou ao seu destino, sendo
encontrada totalmente destruída a 70NM de Campo Grande, na
Fazenda Caraíba – município de Água Clara (MS).
Os quatro ocupantes faleceram no local.
ANÁLISE
O condutor da aeronave, falecido no acidente,
não havia sido formado por qualquer escola de aviação
homologada. Possuía um total de 40:00 h de vôo, das quais
20:00 h de instrução prática na sua própria aeronave, com
pilotos não habilitados como instrutores, realizadas no
Aeroclube de Campo Mourão, onde participou de aulas
teóricas. Não havia atingido o índice de aprovação previsto
por aquela entidade.
Segundo os pilotos que ministraram sua
instrução, sua preocupação maior era saber decolar e pousar,
deixando o restante do vôo por conta do GPS. Não se
preocupava em aprender a voar, só queria saber dos
“macetes”.
Desejava apenas um meio de transporte rápido
e que não dependesse de nenhum outro piloto. Sua maior
motivação era transformar a pilotagem em algo de maior
utilidade.
As entrevistas também revelaram que o
“piloto” recusava orientações e críticas, demonstrando sua
fragilidade e imaturidade no que se refere à aviação.
O “piloto” decolou sem apresentar qualquer
plano de vôo, bem como não realizou nenhum contato com os
órgãos de controle de tráfego aéreo. Portanto, trata-se de
um acidente onde alguém, travestido de “piloto”, insistiu em
prosseguir em uma atividade para a qual não obtivera uma
autorização legal. Reprovado em curso teórico, viu suas
pretensões obstaculizadas e ficou impedido de continuar no
curso de piloto.
Resoluto e disposto a não ficar preso a
limites legais, decidiu realizar algumas horas de instrução
prática com pilotos não qualificados como instrutores,
revelando o desapego às regras de segurança de vôo.
Fruto de sua formação deficiente, nunca
chegou a entender o real significado da atividade aérea.
Entendia que um vôo poderia ser conduzido apenas com o uso
do GPS. Quanto à aeronave, entendia que os seus próprios
sistemas haveriam de gerenciá-la adequadamente.
As condições meteorológicas na área onde
ocorreu o acidente eram de tempo chuvoso, teto baixo e
visibilidade restrita, impossibilitando o vôo visual. Apesar
disso, o piloto não fez qualquer planejamento para a
realização do vôo, nem efetuou os contatos necessários com
os órgãos de controle de tráfego aéreo. Portanto, suas
características pessoais de impulsividade e onipotência
muito provavelmente contribuíram para a tomada das diversas
decisões que levaram ao acidente.
Dos fatores pesquisados e analisando-se os
dados e circunstâncias levantados, há fortes indícios de que
o “piloto” voou confiando no GPS. Sem conhecimento das
condições em rota, acabou por adentrar em área de
visibilidade restrita. Nestas condições, tentou empreender a
realização de um vôo por instrumentos. Sem possuir a
habilidade adequada, deve ter entrado em atitude anormal por
desorientação espacial e, na tentativa de recuperar o
controle, impôs esforços acima do limite previsto para o
projeto, provocando danos estruturais à aeronave, culminado
com a colisão com o solo e o falecimento de todos os seus
ocupantes.
CONCLUSÃO
Fator Humano
(1) Aspecto Fisiológico - Indeterminado
Por não possuir o Certificado de Capacidade
Física (CCF), bem como nenhum outro documento que viesse a
comprovar seu real estado fisiológico, este aspecto torna-se
indeterminado.
(2) Aspecto psicológico - Contribuiu
Houve a participação de variáveis
psicológicas em nível individual, com relação ao
comportamento excessivamente auto-suficiente e
auto-confiante do “piloto”.
Fator Operacional
(1) Condições Meteorológicas Adversas -
Indeterminado
As condições meteorológicas da rota eram
desfavoráveis ao vôo visual. É possível que o “piloto” tenha
adentrado em condições de vôo por instrumentos e se
desorientado.
(2) Deficiente Planejamento - Contribuiu
O “piloto” não planejou a rota a ser voada;
não conferiu a meteorologia e baseou-se inteiramente no GPS
para tentar chegar a seu destino.
(3) Indisciplina de Vôo – Contribuiu
O “piloto” não era habilitado e não possuía
qualificação para pilotagem de aeronaves; assim sendo,
indiferente à legislação em vigor, desobedeceu
intencionalmente os regulamentos aeronáuticos.
(4) Pouca Experiência de Vôo ou na Aeronave -
Contribuiu
O “piloto” possuía apenas 40h de vôo.
(5) Outros – Contribuiu
Faltou competência, experiência e habilidade
para conduzir a aeronave, além de se configurar exercício
ilegal de atividade.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os SERAC deverão divulgar o conteúdo deste
relatório para todas as empresas e aeroclubes de suas
regiões, através de DIVOP, seminários de aviação civil ou
outros meios que julgarem eficazes, com a finalidade de
elevar o nível de segurança de vôo da aviação geral
brasileira.
.
06.12.1991
Aeronave:
Piper 34-200 Seneca
Operador: Táxi
Aéreo Azeitona
Matrícula/Prefixo: PT-JYJ
Tripulação:
Ocupantes: 1 / Fatalidades:
1
Passageiros:
Ocupantes: 0 / Fatalidades: 0
Total:
Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Local do
Acidente: Ilha da Coordenação - PA
Tipo de
acidente: ?
Fase de
Operação: em vôo
Natureza do
Vôo: ?
Aeroporto de
Partida: Aeroporto de Belém - PA
Aeroporto de
Destino: ?
Sem mais informações sobre o acidente.
.
29.11.1991
Hora:
Aeronave:
Embraer C-95C Bandeirante
Operador: FAB
- Força Aérea Brasileira
Matrícula/Prefixo: FAB2333
Tripulação:
Ocupantes: ? / Fatalidades:
?
Passageiros:
Ocupantes: 2 / Fatalidades:
?
Total:
Ocupantes: ? / Fatalidades: 20
Local do
Acidente: a 20 km da Base Aérea de Guaratinguetá (GUJ) - SP
Tipo de
acidente:
Fase de
Operação: aproximação
Natureza do
Vôo: militar
Aeroporto de
Partida:
Aeroporto de
Destino: Aeroporto de Guaratingueta (GUJ/SBGW) - SP
Sem mais informações sobre o acidente.
.
11.11.1991
Hora: 21:43
Aeronave: EMB 110 Bandeirante
Operador: Nordeste Linhas Aéreas
Matrícula/Prefixo: PT-SCU
Tripulação: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 3
Passageiros: Ocupantes: 12 / Fatalidades: 12
Total: Ocupantes: 15 / Fatalidades: 15
Local do Acidente: Vila do IPSEP – Recife - PE
Tipo de acidente: Falha do Motor na Decolagem
Fase de Operação: decolagem
Natureza do Vôo: Transporte regular de passageiros
Aeroporto de Partida: Aeroporto de Recife - PE
Aeroporto de
Destino: Aeroporto de Salvador - BA
HISTÓRICO
A aeronave decolou de Recife com destino a
Salvador com três tripulantes e doze passageiros a bordo.
Segundo testemunhas posicionadas próximas à
pista, durante a corrida de decolagem, estando a aeronave
ainda no solo, houve dois estalos no motor direito com
presença instantânea de fogo. A aeronave percorreu,
aproximadamente, 900 metros de pista para iniciar a rotação.
Durante o primeiro segmento, ocorreu o colapso total do
citado motor, caracterizado por um terceiro estalo – este
mais forte que os anteriores – e emissão de material em
fusão, o qual provocou um início de incêndio ainda na área
interna do aeroporto, próximo ao muro de limite (SIC).
Durante esta fase de vôo, a aeronave
manteve-se aproximadamente a 30 metros de altura, ao mesmo
tempo em que guinava à direita com as asas niveladas.
Fora do eixo de decolagem e aproximadamente
30 segundos após a pista, a aeronave colidiu com duas
residências, caindo a seguir em uma praça pública da Vila
IPSEP.
Na queda houve forte explosão e fogo, tendo
todos os seus ocupantes falecido, bem como duas pessoas que
se encontravam no local .
ANÁLISE
A aeronave era operada por um checador do DAC
no assento da esquerda e um co-piloto, na direita. Durante a
decolagem, ocorreu pane no motor direito. A aeronave
prosseguiu na decolagem, percorrendo uma distância bem maior
que a necessária para a rotação (900 metros, quando o normal
seria de 571 metros), rodou, porém, não conseguiu ascender
em situação monomotora, desviando-se para a direita, vindo a
colidir, minutos após, com o solo.
Se a aeronave estava dentro do peso e
envelope de vôo, indaga-se então por que ela não conseguiu
efetuar a decolagem em condições de vôo monomotor, conforme
previsto pelo FAR 23.
Concentrando a análise na operação da
aeronave foi verificado que, se operada adequadamente,
apresentaria uma razão mínima, porém positiva, de subida.
Verificou-se nos destroços que os comandos do
compensador do leme estavam aplicados ao contrário (6º à
esquerda – aeronave compensada à direita) do que se
esperaria para esta situação, considerando ser a pane no
motor direito.
Em ensaios no simulador da EMBRAER,
constatou-se que o vôo fica impraticável, não se consegue
voar monomotor com a aeronave compensada para o mesmo lado
do motor inoperante (compensação errada).
A empresa não dispunha de um programa de
treinamento abrangente de forma a prover aos seus
tripulantes as condições operacionais para o desempenho de
suas tarefas. Os tripulantes não realizaram o treinamento em
simulador de vôo. O checador, que deveria também estar
adestrado teórica e operacionalmente, via-se nas mesmas
condições da tripulação.
O processo de falha do motor direito
iniciou-se na seção geradora de gases, mais especificamente
nos aerofólios do conjunto estator (CT Vane Ring Assy).
Todos eles apresentaram fraturas no bordo de fuga associado
a vários níveis de trincas, desfolhamento do revestimento e
fusão do metal base.
Tais fraturas ocorreram pelos seguintes
motivos:
1) Operação com elevadas temperaturas: tal
condição foi provocada por deficiências (perdas) no conjunto
de sensores e barras coletivas da BUS BAR. A perda dos
suportes e espaçadores da BUS BAR permitiria a formação de
“junta fria” no circuito dos termopares, provocando uma
indicação de temperatura TIT menor que a real, ocasionando
uma operação mais quente do motor.
2) Redução da espessura das partes côncavas
dos aerofólios: causada por um deslocamento dos moldes
internos, durante a fundição da peça, em direção ao
intradorso do aerofólio, tornando mais fina a parede côncava
e, simultaneamente, mais espessa a parede convexa.
3) Superaquecimento localizado nas vanes:
provocado por obstrução dos quatro orifícios de refrigeração
destas vanes. Estas obstruções foram causadas por depósito
de materiais estranhos, constituídos por partículas de
vidro, cuja origem foi identificada como advinda da fusão
dos isoladores da BUS BAR que, perdendo o seu isolante, veio
a se fundir, tapando os orifícios de refrigeração das vanes.
A falta de isolação das BUS BAR foi
encontrada nas três HSI realizadas anteriormente no motor
direito do PT-SCU.
Também, nestas três inspeções realizadas,
constatou-se rachaduras na parte interna do conjunto estator
da CTVR (Compressor Turbine Vane Ring) e, ainda, em duas
delas apenas o executor dos serviços assinou a ficha de
inspeção, faltando a assinatura do Inspetor. Na segunda
inspeção não há assinatura alguma. O Manual de Manutenção
determina que, nos aerofólios de uma CTVR, quando a perda de
material atinge 0,125 pol., o jogo completo da blades da
turbina de gases deve ser condenado. Assim é realizado nas
aeronaves operadas pela Força Aérea Brasileira e causa
bastante surpresa que a CTVR do motor direito tenha
ultrapassado as três HSI, somando um total de 1250 horas, e
tenha sido liberada para mais 1250 horas de serviço,
principalmente, considerando-se as condições inóspitas de
operação, aliado ao fato desse motor estar operando em
temperaturas superiores às indicadas aos tripulantes, pelo
motivo da falta de isolamento da BUS BAR.
As discrepâncias observadas nas três HSI, com
relação às rachaduras das CTVR, não foram acompanhadas e
controladas pelo Inspetor, o qual poderia ter interrompido a
cadeia de eventos que culminaram neste acidente.
Mostra-se, portanto, como relevante fator
contribuinte a elevada tolerância da manutenção da empresa
com relação às rachaduras da CTVR observadas nas três HSI
anteriores, somadas às deficiências de isolamento das BUS
BAR, que, provocando entupimento dos orifícios de
refrigeração das vanes, culminaram com os danos nos
aerofólios do conjunto estator da CTVR, e vindo a resultar
na irreversibilidade do colapso do motor direito.
CONCLUSÃO
Fator Humano – Aspecto Psicológico –
Contribuiu
Em nível individual, a demora na tomada de
decisão dos pilotos quanto aos procedimentos adequados para
aquela situação de emergência. Em nível organizacional, a
falta de treinamento adequado para situações de emergência e
a ausência de atividades de prevenção de acidentes
aeronáuticos na empresa.
Fator Material
(1) Deficiência de Projeto – Contribuiu
O conjunto “T5 Bus Bar Assembly”,
especificamente o sistema de fixação e de isolamento da “Bus
Bar”, mostrou-se deficiente. O desprendimento de suas luvas
de isolamento teve a conseqüência dupla de causar indicação
errônea de TIT e entupimento dos furos de refrigeração das
vanes, agravado pelo aspecto manutenção.
(2). Deficiência de Fabricação – Contribuiu
Houve deficiência no processo de fundição do
conjunto estator da turbina do compressor (CT Vane Ring),
gerando alhetas com espessuras de parede diferentes daquelas
previstas em projeto.
Fator Operacional
(1). Deficiente Aplicação dos Comandos -
Indeterminado
Este fator não foi plenamente caracterizado,
devido à inexistência de gravadores de dados de vôo que
pudessem confirmar sua participação. O piloto poderia ter
compensado o leme para o lado errado, após a ocorrência da
falha do motor ou o compensador do leme poderia já estar
numa compensação errada para contrariar tendência de guinada
da aeronave.
(2) Deficiente Manutenção – Contribuiu
Devido à notoriedade dos fatos e indícios
levantados na investigação, houve falha de manutenção da
empresa por ocasião da HSI (Hot Section Inspection), quando
não foram observados os limites das rachaduras da “CT Vane
Ring”.
(3) Deficiente Instrução – Contribuiu
A empresa não satisfazia os requisitos
mínimos necessários para que os tripulantes operassem a
aeronave de maneira adequada em situações de emergência,
conforme objetiva o RBHA 135.
(4) Deficiente Supervisão – Presente e de
Contribuição Indeterminada.
A empresa não cumpria normas preconizadas na
aviação, no sentido de haver uma supervisão da execução dos
serviços de manutenção realizados.
(5) Deficiente Julgamento – Contribuiu
A decolagem poderia e deveria ter sido
abortada pelo piloto em comando.
(6) Influência do Meio Ambiente –
Indeterminado
A decolagem foi realizada já no período
noturno e, considerando as particularidades desta situação,
houve a possibilidade de o meio ter contribuído
negativamente no julgamento do piloto, ao optar pelo
prosseguimento da decolagem.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
A Nordeste Linhas Aéreas deverá:
1) baixar diretrizes para a Divisão de
Manutenção no sentido de cumprir rigorosamente o
estabelecido em legislação pertinente, devendo atentar,
prioritariamente, para os aspectos que se relacionem com a
segurança de vôo. Não foi respeitado o estabelecido nas
letras “b” e “c“ do item 429 e letra “a” do item 431 do RBHA
135;
2) alertar seus comandantes a não se
ausentarem da cabine de comando, principalmente em pousos e
decolagens, quando a aeronave estiver sendo operada por
INSPAC;
3) proporcionar treinamento em simulador de
vôo a seus tripulantes, com especial ênfase para situações
de emergência;
4) como medida doutrinária, ressaltar a
importância do estabelecimento do brifim de decolagem, tanto
para os procedimentos normais como para os de emergência.
A Pratt & Whitney Canadá deverá estudar a
viabilidade de propor aos operadores do motor PT6A-34 e
similares, modificação ou troca do “T5 Bus Assembly”, P/N
3027629, de forma que este venha a ter o mesmo desempenho em
serviço e a mesma vida útil do sistema utilizado nos motores
PT6A-42 e PT-6T-3, de sua fabricação; deverá, ainda, tomar
medidas junto aos fornecedores de CTVR (Compressor Turbine
Vane Ring), no sentido de garantir um melhor padrão de
qualidade no processo de fundição de seus componentes.
O Departamento de Aviação Civil deverá:
1) divulgar a todos os operadores deste tipo
de aeronave, os assuntos relativos ao fator operacional que
tiveram relevância nesta ocorrência;
2) estabelecer um plano de metas, definindo
claramente os prazos para que a empresa passe a cumprir os
requisitos mínimos de segurança, referentes ao Treinamento e
à Manutenção, que tiveram participação neste acidente, todos
previstos no RBHA 135;
3) alterar a letra (a) do item 335 do RBHA
135, tornando compulsório às empresas proverem aos seus
tripulantes o treinamento em simulador de vôo, desde que
tais recursos estejam disponíveis no mercado;
4) atualizar a IAC pertinente, tornando
compulsória a presença do comandante-instrutor na cabine de
pilotagem, por ocasião do vôo de treinamento do INSPAC,
principalmente nas aproximações, pousos e decolagens,
alinhando-se, desta forma, aos modernos conceitos de
gerenciamento de cabine;
5) recomendar aos operadores e oficinas de
manutenção que, durante a HSI, seja verificada a existência
e integridade das luvas de isolamento da “Bus Bar”. Caso
constate-se perda de material isolante, deverá ser executada
uma etapa adicional de serviço para a inspeção dos orifícios
de entrada de ar de refrigeração das aletas estatoras da
turbina do compressor, quanto à presença de material
estranho bloqueando a entrada de ar;
6) tornar obrigatória a realização de
inspeção boroscópica da seção quente, em conjunto com teste
de continuidade e isolamento do sistema de T5, a cada
remoção dos bicos injetores, para operadores que não
demonstrarem grau de excelência nas práticas de manutenção
empregadas, especialmente no Transporte Aéreo Regional;
7) as ações descritas nos dois itens
anteriores deverão ser estendidas a todos os motores da PWC
que utilizem o sistema de fixação das barras coletoras (“Bus
Bar”), de concepção semelhante ou igual à do sistema
utilizado no motor PT6A-34 e que utilizem vanes
refrigeradas.
A Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA)
deverá estender as medidas preventivas aplicadas ao DAC para
o âmbito da Força Aérea Brasileira.
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29.09.1991
Hora: 09:30
Aeronave: EMB-721C Sertanejo
Operador: Particular
Matrícula/Prefixo: PT - EQC
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Passageiros: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Total: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 3
Local do Acidente: Fazenda Boa Vista - Sidrolândia - MS
Tipo de acidente: Perda de Controle em Vôo
Fase de Operação: em vôo
Natureza do Vôo: Transporte particular de passageiros
Aeroporto de Partida: Aeroporto de Aquidauana - MS
Aeroporto de Destino: Aeroporto de São Carlos - SP
HISTÓRICO
A aeronave decolou de Aquidauana-MS com
destino a São Carlos-SP com três pessoas a bordo. As
condições meteorológicas eram desfavoráveis ao vôo visual e
a camada de nuvem estava baixa.
Próximo à Sidrolândia-MS, cerca de 90 milhas
de Campo Grande-MS, moradores ouviram o barulho do motor do
avião acelerando e desacelerando repetidas vezes.
Em seguida, foram observados pedaços da
aeronave caindo.
Na colisão com o solo, os ocupantes faleceram
e a aeronave ficou totalmente destruída.
ANÁLISE
Não foi passado um plano de vôo para a rota
proposta e não houve registro de comunicações com os órgãos
de controle.
O piloto não procurou informar-se sobre as
condições meteorológicas da rota. O tempo na região era
ruim, com nebulosidade do tipo CB e ST, teto de 130m, com
cobertura de 5/8 e visibilidade de 3000 m. As condições de
vôo exigiam operação por instrumento. O piloto estava com os
certificados válidos, mas não era habilitado para o vôo IFR.
Considerando-se a falta de habilitação do
piloto para o vôo IFR, o fato de a aeronave não ser
homologada para este tipo de operação, os relatos das
testemunhas que ouviram o barulho do motor acelerando e
desacelerando, assim como os danos sofridos pela aeronave,
especialmente a perda da asa na altura da raiz e o
enrugamento de algumas superfícies, supõe-se que o piloto
tenha sofrido uma desorientação espacial em condições de vôo
por instrumentos e que, na tentativa de recuperação, excedeu
os limites de carga da aeronave.
A análise do aspecto psicológico indica que o
piloto era uma pessoa com traços de exibicionismo,
imaturidade e elevada autoconfiança. O fato de a aeronave
estar equipada com piloto automático pode ter aumentado
ainda mais a autoconfiança do piloto, provavelmente
alimentando uma falsa idéia de que seria possível prosseguir
sem perigo no vôo IFR dentro de formações pesadas.
CONCLUSÃO
Fator Humano – Aspecto Psicológico -
Contribuiu
O piloto demonstrou traços de exibicionismo,
imaturidade e elevada autoconfiança. Essas variáveis
psicológicas, a nível individual, provavelmente interferiram
no seu desempenho, resultando numa tomada errada de decisão
ao entrar no vôo IFR.
Fator Operacional
(1). Condições Meteorológicas Adversas -
Contribuíram.
O vôo em condições meteorológicas adversas
foi contribuinte para impedir a continuação do vôo. Existem
indícios de que o piloto tenha sofrido uma desorientação
espacial durante o vôo IMC.
(2). Deficiente Aplicação dos Comandos -
Contribuiu.
O enrugamento de algumas superfícies da
fuselagem da aeronave e a quebra da asa esquerda nos pontos
de fixação na sua raiz indicam a aplicação de carga “G”
excessiva, sugerindo uma aplicação extrema dos comandos. A
amplitude e intensidade na aplicação dos comandos
provavelmente ultrapassaram o limite estrutural da aeronave.
(3). Deficiente Planejamento - Contribuiu.
O piloto não consultou as informações
meteorológicas da rota a ser percorrida e tentou prosseguir
o vôo em condições adversas ao vôo VFR, devido à inadequada
preparação para o vôo.
(5). Indisciplina de Vôo - Contribuiu.
Por efetuar o vôo sem plano de vôo, sem
comunicação com os órgãos de controle e adentrar no vôo IMC
sem estar habilitado.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os SERAC deverão divulgar e alertar as
empresas, aeroclubes e escolas de aviação, dentro de suas
regiões, quanto aos fatores contribuintes para este
acidente, especialmente a desorientação espacial em IMC, o
vôo IFR por piloto não habilitado e o deficiente
planejamento do vôo.
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24.09.1991
Hora: 11:05
Aeronave: EMB 810 C Seneca II
Operador: Madeireira Barra Grande Ltda.
Matrícula/Prefixo: PT-EXL
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Passageiros: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Total: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Local do Acidente: Pico Do Marumbi (Serra Do Mar) – Morretes
- PR
Tipo de acidente: Colisão em Vôo com Obstáculo
Fase de Operação: em vôo
Natureza do Vôo: vôo local de experiência
Aeroporto de Partida: Aeroporto de Bacacheri (SBBI),
Coritiba - PR
Aeroporto de Destino: Aeroporto Internacional de Coritiba -
Afonso Pena (SBCT) – PR
HISTÓRICO
A aeronave decolou de Bacacheri (SBBI) para
realizar um vôo local de experiência, conduzindo piloto e um
passageiro.
De acordo com o plano de vôo proposto, o vôo
seria realizado em condições IFR no FL 060, entretanto, após
a decolagem, o piloto informou que manteria condições VMC a
5.000 ft.
No regresso, apesar das condições
meteorológicas adversas, o piloto reportou que teria
condições de prosseguir visual para Curitiba (SBCT). O
APP-CT advertiu o piloto quanto aos obstáculos naturais
existentes no setor.
A aeronave chocou-se com o Pico do Marumbi a
4.500 ft de altitude.
O piloto e um passageiro faleceram no local e
a aeronave sofreu perda total.
ANÁLISE
No campo do aspecto psicológico, o piloto era
considerado um profissional sério com característica
pessoais que demonstravam um elevado equilíbrio emocional.
Contudo, do planejamento à execução do vôo, apresentou
traços que indicam baixo nível de alerta situacional, quando
propôs voar em condições VFR num setor encoberto por nuvens
que impediam a manutenção do vôo em condições visuais.
Apresentou, também, traços de invulnerabilidade ao insistir
em operar em condições marginais e contrariar as regras e as
orientações do APP-CT. Estas mudanças em suas
características pessoais podem ter sido causadas pela
presença do passageiro, interessado em completar suas horas
para realizar o cheque IFR.
A análise da ocorrência nos leva ao início da
cadeia de eventos, quando o piloto aceitou fazer um vôo de
experiência, após a troca de vários componentes, em
condições meteorológicas adversas. O transporte de um
passageiro num vôo considerado como de risco (vôo de
experiência) denota, também, desvio de sua conduta padrão,
tida como bastante responsável pelos seus pares.
A cadeia de eventos continua quando o piloto,
após a decolagem e ao atingir 5.000 ft, propôs permanecer em
condições VMC num setor que, segundo informações levantadas,
encontrava-se encoberto. Quando no regresso do vôo, ao ser
informado pelo APP-CT sobre as condições de Bacacheri,
insistiu em continuar mantendo o vôo em condições VFR,
apesar de responder que estava “ocasionalmente IFR”. Nesta
parte dos acontecimentos, na qual o piloto assume uma
atitude inusitada de insistir em aumentar os riscos da
operação, voando VFR, porém entrando nuvens, só pode ser
creditada ao seu conhecimento da região e ao excesso de
confiança em si e em sua experiência.
Concluindo a cadeia de eventos, é provável
que o acidente tenha ocorrido devido ao fato de, ao iniciar
a descida para o pouso em SBCT, livrando 5.000 ft, o piloto
ter acreditado que já havia ultrapassado a serra, bem
conhecida de sua parte pelos vôos panorâmicos que realizava
na região. A descida sob as regras de vôo visual, mas
realizada dentro de nuvens, foi fator decisivo para a
colisão com o Pico do Marumbi, a 4.500 ft de altitude.
CONCLUSÃO
Fator Humano - Aspecto Psicológico –
Contribuiu
O piloto alterou sua conduta costumeira
(responsável e cautelosa), provavelmente pela influência do
passageiro a bordo, também piloto e da mesma escola de
formação, ávido por adquirir experiência de vôo.
Fator Operacional
(1) Condições Meteorológicas Adversas -
Contribuíram
A nebulosidade geral na região,
principalmente sobre a Serra do Mar, teve participação
decisiva para a colisão da aeronave com o pico.
(2) Deficiente Julgamento - Contribuiu
O piloto, bastante conhecedor da região, ao
livrar 5.000 ft para o pouso em Curitiba (SBCT), avaliou
inadequadamente sua distância para o aeródromo.
(3) Deficiente Planejamento - Contribuiu
Ao preencher o plano de vôo para a realização
de um vôo de experiência em condições IMC, o piloto
demonstrou preparação inadequada para a tarefa a ser
realizada.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
O Sub-departamento Técnico do DAC deverá
analisar a possibilidade de se regulamentar o vôo de
experiência no âmbito da aviação civil.
Os SERAC deverão divulgar o conteúdo deste
relatório para todas as empresas e aeroclubes de suas
regiões.
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31.08.1991
Hora: 11:40
Aeronave: EMB 721C Sertanejo
Operador: Particular
Matrícula/Prefixo: PT-EDU
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 0
Passageiros: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 1
Total: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 1
Local do Acidente: Estrada Rio Branco - Sena Madureira – AC
Tipo de acidente: Falha do Motor em Vôo
Fase de Operação: pouso
Natureza do Vôo: transporte particular de passageiros
Aeroporto de Partida: Aeródromo de Sena Madureira - AC
Aeroporto de Destino: Aeroporto de Rio Branco - AC
HISTÓRICO
A aeronave decolou de Sena Madureira com
destino a Rio Branco.
Ao cruzar 5.000 Ft, após a redução do passo
da hélice, a aeronave teve uma parada de motor.
Na tentativa de realizar o pouso forçado, a
aeronave colidiu com uma árvore, perdeu a asa esquerda e
sofreu outras avarias graves.
O piloto e uma passageira sofreram lesões
graves. A outra passageira, de colo, faleceu no local.
ANÁLISE
Antes de iniciar a decolagem, com plano de
vôo visual para Rio Branco, o piloto não observou a
amarração da passageira adulta no banco traseiro. A mesma
carregava sua filha de um ano e quatro meses no colo.
Durante a ascensão, ao cruzar 5.000 Ft, o
piloto iniciou a redução do passo da hélice, percebendo,
neste momento, uma trepidação muito forte seguida de perda
de tração.
A vibração produzida pelo desbalanceamento da
hélice causou uma situação de elevado estresse (tensão) no
piloto.
Havia muita fumaça na área, produzida pelas
queimadas locais, que restringia a visibilidade, o que
impossibilitou a visualização da estrada. A aproximação foi
feita para um campo. No pouso, a passageira, que não usava
cinto de segurança, foi arremessada, juntamente com sua
filha de colo, para a cabine dianteira, sofrendo ferimentos
graves e permitindo a morte da criança.
A pane deveu-se ao rompimento do pino guia do
bloco de comando de uma das pás da hélice, o que provocou o
desbalanceamento do conjunto e a conseqüente perda de
tração.
Os exames também possibilitaram constatar que
a hélice apresentava-se em péssimo estado de conservação,
denotando deficiência na revisão feita pela oficina
encarregada do serviço. A caderneta da hélice estava
desatualizada.
CONCLUSÃO
Fator Humano - Indeterminado
O desempenho do piloto em vôo pode ter sido
afetado por fadiga, ansiedade e sobrecarga de tarefas,
devido a problemas pessoais.
Fator Operacional
(1). Influência do Meio Ambiente - Contribuiu
A visibilidade, restrita pelas queimadas na
região, interferiu no vôo, dificultando a localização de uma
área adequada para o pouso forçado.
(2). Deficiente Manutenção - Contribuiu
Os serviços de manutenção realizados na
hélice da aeronave foram inadequados, resultando em perda de
tração.
(3). Deficiente Julgamento - Indeterminado
Prejudicado pela má visibilidade, o piloto
escolheu um local inadequado para o pouso. Aproximou para
uma superfície muito irregular, perdendo o controle da
aeronave, por ter batido numa árvore.
(4). Deficiente Supervisão - Contribuiu
Faltou uma supervisão adequada dos serviços
de manutenção na oficina onde foi realizada a inspeção da
hélice.
b. Outros
A insuficiente instrução à passageira
contribuiu para as lesões que ela e sua filha sofreram.
A inexistência de suspensórios para o piloto
agravou as lesões que o mesmo sofreu.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os SERAC deverão divulgar este acidente,
destacando aspectos doutrinários de uma boa inspeção pré-vôo
e uma adequada técnica de pilotagem, que inclui treinamentos
de emergências simuladas e pousos forçados; e
Durante as vistorias especiais e os cheques,
verificar a existência e a correta instalação de cintos de
segurança e suspensórios, dentre outros itens obrigatórios.
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26.07.1991
Hora: 10:40
Aeronave: PA-28/140 Piper Cherokee
Operador: Particular
Matrícula/Prefixo: PT-CKE
Tripulação: Ocupantes: 1 / Fatalidades: 1
Passageiros: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 0
Total: Ocupantes: 3 / Fatalidades: 1
Local do Acidente: Aeroporto Santos Dumont (SBRJ), Rio de
Janeiro - RJ
Tipo de acidente: Perda de Controle em Vôo
Fase de Operação: em vôo
Natureza do Vôo: vôo de instrução
Aeroporto de Partida: Aeroporto Santos Dumont (SBRJ) - RJ
Aeroporto de Destino: Aeroporto de Jacarepaguá (SBJR) - RJ
HISTÓRICO
A aeronave decolou do Aeroporto Santos Dumont
(SBRJ) com destino ao Aeroporto de Jacarepaguá (SBJR) para
realizar instrução naquele aeródromo. Ao regressar para SBRJ,
o piloto, seguindo as instruções da Torre de Controle,
ingressou na Boca da Barra para pouso na pista 02,
realizando curva base pela direita.
A torre proveu separação entre o tráfego
essencial, um Fokker 27. O piloto efetuou aproximação para a
pista esquerda 02L, conforme instruído, visto que o F-27
havia pousado na pista da direita.
A aeronave entrou em uma rampa baixa e,
aproximadamente, a 100 pés de altura e 200m da cabeceira,
perdeu sustentação, vindo a colidir no mar, submergindo.
O piloto faleceu, instrutor e passageiro
ficaram feridos.
ANÁLISE
Segundo relato dos sobreviventes, as etapas
dos vôos transcorreram normalmente. Houve atenção desviada
dos ocupantes, quando no tráfego, para a esquadrilha de
aeronaves da FAB (três AMX e um F-5) evoluindo a 1.000 pés
de altura, próximo do Pão de Açúcar. Em função deste
tráfego, a Torre Rio orientou o PT-CKE a efetuar aproximação
a 500 ft de altura, para pouso na pista 02L. Nesta situação,
a rampa de aproximação estabelecida pelo piloto foi baixa,
com um dente de flape, sendo que a mesma foi corrigida - sem
interferência do instrutor - com aplicação de motor e
comando de arfagem.
Ao retornar àquela que seria a rampa ideal,
já a 100 pés de altura e a 200 m da cabeceira, o piloto
reduziu a potência e foi surpreendido por uma “turbulência”,
causada por um Fokker-27 que se encontrava no circuito para
pouso. Ato contínuo, o piloto efetuou correção com cabrada
da aeronave, sem aplicação de motor. A aeronave baixou a asa
direita e em curva de 90º à direita, sem sustentação e de
nariz baixo, colidiu com o mar. Há indícios de que o
cruzamento do F-27 à frente e acima da trajetória do PT-CKE
pode ter deixado uma esteira de turbulência que desceu e foi
interceptada pelo pequeno PA-28, mesmo estando dentro dos
parâmetros previstos de separação. A baixa velocidade e a
baixa altura complementaram a cadeia de eventos.
A velocidade mantida na final, com
aquiescência do instrutor, era de 70 mph (10 mph abaixo da
prevista, para aquela configuração). O fato de o piloto ter
apresentado rendimento satisfatório nas manobras anteriores,
aliado ao fato do vôo em pauta ser treinamento para seu
futuro cheque de piloto comercial, trouxeram ao instrutor
certo estado de complacência para com o desempenho do piloto
por ocasião do pouso final no Santos Dumont. Ao mesmo tempo,
a qualificação de PP e as 160 horas de vôo cumpridas pelo
piloto deram ao instrutor relativa segurança manifestada
pelo acompanhamento dos exercícios com poucas interferências
verbais. Pelo exposto, ocorreram excesso de confiança,
complacência e distração do IN para com o desempenho do
piloto.
CONCLUSÃO
Fator Humano – Aspecto Psicológico -
Contribuiu
O piloto apresentou baixo nível de alerta
situacional ao reduzir a velocidade de aproximação em 10 kt
e o instrutor apresentou complacência com os desvios
operacionais do piloto e distração durante o procedimento de
tráfego, além do baixo nível de alerta situacional.
Fator Operacional
(1). Deficiente Aplicação dos Comandos -
Contribuiu
A aplicação de motor e superfícies de comando
foi deficiente na medida em que a rampa estabelecida deveria
ser mais veloz (80 mph) e com correção efetiva de manche e
potência por ocasião da turbulência encontrada.
(2). Deficiente Coordenação de Cabine -
Contribuiu
Não houve transição rápida e efetiva dos
comandos entre piloto e instrutor, o que tornaria possível
uma ação por parte deste último.
(3). Deficiente Julgamento - Contribuiu
O piloto julgou deficientemente sua entrada
numa rampa normal, como também o instrutor não avaliou o
momento adequado para interferência nos comandos, permitindo
que o erro se tornasse irreversível.
(4). Deficiente Instrução - Contribuiu
O instrutor permitiu que o aluno efetuasse
uma aproximação não estabilizada e não esteve devidamente
alerta para interferir e evitar a perda de controle.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os SERAC deverão divulgar o conteúdo deste
relatório para todas as empresas e aeroclubes de suas
regiões, bem como orientar os Aeroclubes para que, durante
as aulas ministradas aos alunos e nas reciclagens de seus
instrutores, sejam comentados os fatos deste relatório, com
ênfase na manutenção das velocidades corretas nos circuitos
de tráfego para os diferentes tipos de aeronave.
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22.06.1991
Hora: 16:20
Aeronave: Aerotec A-122B - UIRAPURU
Operador: Aeroclube de Pará de Minas
Matrícula/Prefixo: PP-HSL
Tripulação: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Passageiros: Ocupantes: 0 / Fatalidades: 0
Total: Ocupantes: 2/ Fatalidades: 2
Local do Acidente: Pará de Minas, MG
Tipo de acidente: Falha do Motor em Vôo
Fase de Operação: em vôo
Natureza do Vôo: vôo de recreação
Aeroporto de Partida: Aeródromo de Pará de Minas - MG
Aeroporto de
Destino: Aeródromo de Pará de Minas - MG
HISTÓRICO
A aeronave decolou para realizar um vôo local
de recreação. Logo após a decolagem, a cerca de 300 pés de
altura, houve uma parada súbita do motor.
A aeronave entrou em curva pela direita,
perdendo altura e colidindo com o solo. Com o impacto, a
aeronave sofreu perda total e os dois pilotos faleceram.
ANÁLISE
O piloto, que apresentava dificuldades de
aprendizagem, não voava solo. Teve dificuldades em outros
Aeroclubes. Sua determinação e insistência em prosseguir na
atividade aérea eram para seu deleite, não sendo canalizadas
para o seu aperfeiçoamento técnico. Era, na realidade, um
piloto inseguro, desatento e distraído.
O outro piloto estava na aeronave por
determinação do Aeroclube, não sendo passageiro ou
instrutor, servindo de co-piloto para “assessorar” ou
intervir se necessário fosse. Não estava suficientemente
preparado para assumir sua posição na nacele.
Na análise dos destroços, foi constatado que
a aeronave chocou-se com o solo com os dois interruptores
dos magnetos na posição desligado.
Normas do aeroclube, para o incremento .da
segurança no circuito de tráfego, preconizavam o acendimento
dos faróis nas fases de decolagem e pouso. O acionamento dos
mesmos é feito através de interruptores que se encontravam
alinhados com os interruptores dos magnetos, com movimentos
iguais de acionamento (45º cima/baixo). Diante destes fatos,
a hipótese mais provável é que um dos ocupantes, ao tentar
desligar os faróis, tenha desligado involuntariamente os
magnetos, o que ocasionou a falha do motor e o posterior
insucesso na tentativa de pouso.
A posição magnetos desligados (45º para
baixo) é prevista numa preparação para o pouso forçado,
entretanto, de todos os procedimentos previstos em nacele
para o pouso forçado, somente a posição dos magnetos
correspondia aos procedimentos, o que corrobora a hipótese
de desligamento involuntário, já que não houve tempo hábil
para a realização de cheques para pouso forçado.
CONCLUSÃO
Fator Humano – Aspecto Psicológico -
Contribuiu
O piloto apresentava pouca habilidade para a
atividade, a ponto de não ser aceito como piloto capacitado
para realizar o vôo solo. Apresentava falta de concentração
e excessiva autoconfiança, ou seja, tendia sempre a realizar
os procedimentos a seu modo, sem assimilar o que era passado
pelos instrutores. Era, na realidade, um piloto inseguro,
desatento e distraído.
O piloto de segurança (co-piloto) não estava
atento para evitar que uma falha do piloto em comando
culminasse em um acidente.
Fator Operacional
(1). Deficiente Aplicação dos Comandos –
Contribuiu
Um dos ocupantes, provavelmente o co-piloto,
pôs a aeronave em atitude que provocou a perda de controle
(estol).
(2). Deficiente Julgamento - Contribuiu
A possibilidade de sucesso no pouso forçado
foi comprometida pela tentativa de pouso em um local não
atingível. A tentativa em alcançar uma área para o pouso
fora do alcance do planeio contribuiu para a colisão com os
obstáculos.
(3). Pouca Experiência de Vôo na Aeronave -
Contribuiu
A reduzida experiência de ambos os
tripulantes contribuiu para as falhas que levaram ao
ocorrido
(4). Deficiente Supervisão - Contribuiu
A diretoria do aeroclube deveria prover uma
reciclagem mais aprimorada ao co-piloto (instrutor), que só
tinha, até então, 05:00h de vôo no tipo. A autorização do
vôo para o tipo de associado não foi precedida de cuidados
(planejamentos, briefing, apronto).
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
Os SERAC deverão reforçar, junto aos
aeroclubes, os requisitos mínimos para readaptação de
pilotos e instrutores em aeronaves monomotoras a pistão, bem
como orientar os Aeroclubes para observarem o cumprimento
dos requisitos mínimos previstos para a habilitação de
pilotos, não deixando ocorrer o fato de pilotos, com
deficiência de pilotagem, serem habilitados com restrição ao
vôo solo.
.
18.03.1991
Aeronave:
Gates Learjet 25D
Operador: Aero
Consul
Matrícula/Prefixo: PT-LLL
Tripulação:
Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Passageiros:
Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Total:
Ocupantes: 4 / Fatalidades: 4
Local do
Acidente: Brasília - DF
Tipo de
acidente:
Fase de
Operação: aproximação
Natureza do
Vôo:
Aeroporto de
Partida:
Aeroporto de
Destino: Aeroporto Internacional de Brasília (BSB) - DF
Sem mais informações
sobre esse acidente.
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15.03.1991
Hora: 09:07
Aeronave:
Learjet 35A
Operador:
Líder Táxi Aéreo
Matrícula/Prefixo: PT-LIH
Tripulação:
Ocupantes: 2 / Fatalidades: 0
Passageiros:
Ocupantes: 2 / Fatalidades: 0
Total:
Ocupantes: 4 / Fatalidades: 0
Local do
Acidente: Aeródromo de Uberlândia
Tipo de
acidente: perda de controle em vôo
Fase de
Operação: aproximação
Natureza do
Vôo: serviços médicos
Aeroporto de
Partida: Aeroporto de Congonhas (SBSP) – São Paulo - SP
Aeroporto de Destino: Aeródromo de Uberlândia (SBUL) - MG
HISTÓRICO
A aeronave decolou de São Paulo (SBSP) com
destino a Uberlândia (SBUL), para realizar um serviço de
ambulância aérea, visando resgatar um paciente.
Ao chegar na vertical de Uberlândia, as
condições meteorológicas estavam abaixo dos mínimos, devido
à existência de nevoeiro.
Foram realizados dois procedimentos de
descida IFR sem sucesso. Na arremetida do segundo
procedimento, o piloto tentou o tráfego visual, entrando em
curva para a perna do vento, próximo da pista e a baixa
altura.
Mantendo o motor reduzido e a aeronave em
curva de grande inclinação pela esquerda, o piloto tentou
interceptar a aproximação final, mas o avião estolou e
colidiu na lateral direita da pista 04, arrastando-se por
cerca de 300 metros.
Dois tripulantes sofreram ferimentos graves,
02 passageiros sofreram ferimentos leves e a aeronave sofreu
avarias acima de qualquer recuperação.
ANÁLISE
As condições de visibilidade eram de 200m,
cobertura de 8/8 de stratus com teto de 100m, devido a
ocorrência de nevoeiro. O vento era contínuo, com
intensidade de 08 kt e direção de 120 graus.
Os pilotos decolaram sem realizar análise
meteorológica do aeródromo de destino e alternativas,
tomando conhecimento das condições do destino somente
durante a descida.
O procedimento correto a ser realizado pela
tripulação seria o prosseguimento para um aeródromo de
alternativa, conforme o planejamento do vôo.
A experiência recente do piloto nos últimos
três anos limitava-se ao vôo visual em aeronave EMB 110. Na
empresa, recebeu uma readaptação no LR-35A e passou a
concorrer à escala, voando sempre com um instrutor. Era a
primeira vez que voava com um piloto que não era instrutor.
O comandante, mesmo sem estar habilitado a dar instrução,
cedeu a cadeira da esquerda ao piloto.
O piloto apresentava dificuldades na operação
e no vôo por instrumentos no LR35-A. Tais dificuldades, com
as quais o próprio piloto concordava, eram do conhecimento
de seu instrutor.
A empresa não possuía programas de
treinamento elaborados especificamente para cada situação de
instrução (preparação do co-piloto, adaptação do piloto,
preparação para comando e reciclagem), deixando a instrução
a critério dos próprios instrutores. Os instrutores, por sua
vez, não recebiam uma preparação específica para tal
atividade, realizando-as de acordo com a sua experiência
individual. Existia, ainda, uma ficha de avaliação única na
empresa, utilizada em qualquer fase da instrução e que
deveria ser preenchida pelo instrutor sempre que realizasse
um vôo com esse objetivo, sendo analisada pela Chefia de
Operações.
Com relação ao desempenho da aeronave, para
se entender as condições que podem ter levado ao estol
durante a curva, foram levantados os dados de desempenho do
Learjet 35. Para um peso estimado de 16.000lb, a Vref
recomendada é de 131 kt. Nestas condições, se estiver com
asas niveladas e o flap posicionado em 20º, a aeronave
estola com 105 kt. Com a aeronave em curva de 45 graus, a
velocidade de estol aumenta para 125kt. Considerando-se
ainda a situação de flap em 20º, o aumento da inclinação em
apenas mais 5º, para 50º, eleva a velocidade de estol para
131kt, igualando-a a Vref. A investigação não determinou a
configuração de flaps no momento do impacto, nem o peso de
operação da aeronave.
O avião foi operado de forma incorreta até a
ocorrência do estol que levou à perda de controle e ao
acidente. O comandante da aeronave não poderia ter deixado
de assumir sua função a bordo nos momentos críticos da
operação, pois era sua a responsabilidade da operação do
vôo. Assim sendo, caberia ao comandante determinar ao piloto
nos comandos da aeronave a arremetida padrão e
prosseguimento para o aeródromo de alternativa.
Alguns dos ferimentos poderiam ter sido
evitados, caso os tripulantes estivessem utilizando os
cintos tipo suspensório no momento do impacto com o solo.
CONCLUSÃO
Fator Humano – Aspecto Psicológico -
Contribuiu
Houve a participação de variáveis
psicológicas, a nível individual e organizacional, que
interferiram no desempenho da tripulação, com relação à
necessidade da realização do pouso em Uberlândia para o
transporte de um paciente.
Fator Operacional
(1). Condições Meteorológicas Adversas -
Contribuíram
O aeródromo apresentava condições de teto e
visibilidade abaixo dos mínimos.
(2). Deficiente Aplicação dos Comandos -
Contribuiu
O piloto não usou os comandos da aeronave
adequadamente, permitindo que a mesma estolasse e se
chocasse com o solo.
(3). Deficiente Coordenação de Cabine -
Indeterminado
Houve uma utilização inadequada dos recursos
na cabine destinados à correta operação da aeronave, bem
como não observância de normas operacionais.
(4). Deficiente Julgamento - Contribuiu
Houve uma avaliação inadequada, por parte da
tripulação, das condições meteorológicas.
(5). Deficiente Planejamento - Contribuiu
A preparação do vôo, com relação ao aspecto
meteorológico, foi inadequada.
(6). Deficiente Supervisão - Contribuiu
Houve deficiência na supervisão da atividade
aérea, pois um piloto com restrições operacionais foi
escalado para voar com um comandante que não era instrutor.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA DE VÔO
A Líder Táxi Aéreo deverá implementar testes
de conhecimento periódicos sobre regras de tráfego aéreo,
RBHA 135, normas operacionais e conhecimentos gerais de
aerodinâmica, para todos os seus pilotos. Divulgar o
conteúdo deste relatório a todos os seus tripulantes, bem
como as restrições previstas no RBHA 135 para operações IFR
de aeronaves executando serviços aéreos públicos.
O SERAC-3 deverá realizar uma vistoria
especial de segurança de vôo na Líder Taxi Aéreo, visando
verificar, especificamente, o cumprimento das atividades
previstas no PPAA da empresa e no programa de treinamento,
conforme contido no RBHA 135.
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11.01.1991
Aeronave:
Gates Learjet 25C
Operador:
Belair Táxi Aéreo
Matrícula/Prefixo: PT-KKV
Tripulação:
Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2
Passageiros:
Ocupantes: 3 / Fatalidades: 3
Total:
Ocupantes: 5 / Fatalidades: 5
Local do
Acidente: próximo a Belo Horizonte - MG
Tipo de
acidente:
Fase de
Operação:
Natureza do
Vôo:
Aeroporto de
Partida:
Aeroporto de
Destino:
Sem mais informações sobre esse acidente.
Você tem mais informações sobre estes ou outros acidentes?
Escreva para nós:
contato@desastresaereos.net
.
Fontes:
Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, ASN, Wikipédia
e CENIPA.
Edição de texto e imagem: Jorge Tadeu da Silva