Os 50 corpos das vítimas do
acidente aéreo que foram velados na Arena Condá, estádio da Chapecoense,
chegaram ao aeroporto da cidade de Chapecó na manhã de sábado. O
primeiro avião da FAB (Força Aérea Brasileira) aterrissou exatamente às
09h28 com uma parte dos caixões. A outra aeronave C-130 Hércules pousou
15 minutos depois, às 09h43.
Acomodados nos dois caminhões com
escudos da Chapecoense, os corpos começaram a ser levados para o estádio
às 11h04 da manhã. O cortejo percorreu cerca de nove quilômetros pelas
ruas da cidade em um trajeto com poucas curvas e que durou 1h30.
O traslado dos caixões começou na
noite de sexta-feira, quando três aviões deixaram Medellín, na Colômbia,
entre 19h e 20h (de Brasília). Antes de seguirem para Santa Catarina,
houve uma parada técnica em Manaus, onde centenas de pessoas
acompanharam a chegada do corpos dos atletas com gritos de "Vamos,
Chape". A saída da capital amazonense aconteceu às 4h da manhã em dois
aviões, e não em três, já que os corpos foram realocados.
Os caixões dos seis funcionários do
canal Fox Sports não foram para Chapecó: o narrador Deva Pascovicci, o
comentarista Mário Sérgio e o coordenador de externa Lilácio Júnior
seguiram para São Paulo, enquanto os corpos do comentarista Paulo Júlio
Clement, do repórter Victorino Chermont e do câmera Rodrigo Santana
foram para o Rio de Janeiro.
Os corpos de três jornalistas da TV
Globo que também morreram no acidente chegaram ao Rio de Janeiro na
manhã deste sábado, enquanto cinco profissionais da RBS foram direto
para Florianópolis. Nenhum deles estava na programação do velório
coletivo.
Clima de comoção na Arena
Condá
Os dois caminhões com os 50 caixões
percorreram as ruas da cidade e chegaram à Arena Condá perto de 12h30.
Desde as primeiras horas de sábado, o local começou a receber torcedores
da Chape, mesmo com a insistente e forte chuva que caiu na cidade.
A prefeitura e o clube prepararam o
velório coletivo no gramado do estádio, que teve lotação máxima nas
arquibancadas - aproximadamente 19 mil pessoas. Os familiares e amigos
puderam descer ao gramado para dar um último adeus, em clima de muita
comoção, saudade e até mesmo revolta. Outras milhares ficaram do lado de
fora acompanhando nos telões instalados nas proximidades do estádio.
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Foto:
Jonathan Campos/Gazeta do Povo |
Um a um, os caixões foram sendo
retirados dos caminhões e colocados em suas posições no gramado, logo
abaixo das tendas que tinham os dizeres "nas alegrias e nas horas mais
difíceis, meu furacão, tu és sempre um vencedor", trecho do hino oficial
do clube. Todos sob muitos aplausos. E as pessoas nas arquibancadas aos
prantos, sem acreditar no que viam. Não só torcedores, mas os militares
responsáveis pelo transporte dos corpos também se mostravam bastante
emocionados e, alguns, até chorando.
Os nomes de todas as vítimas da
tragédia foram lembrados no alto falante do estádio, tanto jogadores,
membros da comissão técnica, diretoria e jornalistas. E a cada citação,
um balão branco foi solto. Alguns nomes foram os mais ovacionados, como
os do goleiro Danilo, do meia Cleber Santana, do meia-atacante
Thiaguinho e do atacante Ananias.
O presidente Michel Temer, que a
princípio participaria das homenagens apenas no aeroporto, resolveu ir à
Arena Condá para acompanhar o funeral. Já o técnico Tite, da seleção
brasileira, cumpriu o combinado e também esteve no estádio, bem como o
presidente da Fifa, Gianni Infantino. O jornalista Cid Moreira, da TV
Globo, marcou presença e leu trechos da bíblia aos presentes.
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Foto: Julio
Cavalheiro / Secom |
Já com todos os caixões dentro do
gramado, o prefeito da cidade, Luciano Buligon, vestiu uma camisa do
Atlético Nacional e agradeceu demais ao povo colombiano, que prestou
toda solidariedade e fez uma linda festa no estádio Atanasio Girardot,
na quarta-feira passada, onde deveria acontecer a primeira final da
Sul-Americana.
"A nossa equipe não é só de
Chapecó, agora é do mundo", disse Buligon, bastante emocionado.
Lembrando que ele deveria estar no avião que caiu na Colômbia, mas teve
um compromisso de última hora e não embarcou no voo.
"O sonho não acabou. Somos todos
Chapecoense", disse o novo presidente do clube, Ivan Tozzo, em seu
discurso no velório.
Antes do encerramento, o telão da
Arena Condá mostrou depoimentos emocionados de alguns jogadores com
mensagens de apoio, como Neymar (Barcelona), Marcelo Moreno (Bolívia),
Leandro (Coritiba), Everton (Grêmio), Osvaldo (Fluminense) e dos
ex-jogadores Juninho Pernambucano, Roberto Dinamite e Léo (Santos).
A solenidade terminou oficialmente
por volta das 15h05 depois de uma salva de tiros de membros do exército
brasileiro e muitos aplausos. Dos 50 corpos que participaram da
cerimônia, 16 deles permanecem na cidade de Chapecó, onde serão
sepultados. Os outros caixões partem para destinos diferentes no Brasil,
para ficarem mais próximos dos familiares.
O papa Francisco enviou uma
mensagem ao velório coletivo e o texto foi lido durante a cerimônia pelo
bispo da cidade, Odelir Magri. "Consternado pela trágica notícia do
acidente na Colômbia, o Papa pede que sejam transmitidas suas
condolências e sua participação na dor de todos os enlutados. Ao mesmo
tempo, pede ao céu conforto e restabelecimento para os sobreviventes e
coragem e consolação para todos os atingidos pela tragédia".
Fonte: Esporte - iG - Edição de
texto e imagem Jorge Tadeu da Silva |