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No sábado, 22 de fevereiro
de 1975, às 8h50min, o Boeing 737 da Vasp, prefixo PP-SMU, decolou de
São Paulo para realizar o voo 224, com destino a Brasília, com escala
programada em Goiânia, levando a bordo sete tripulantes e 69
passageiros.
A tripulação era composta pelo
piloto José Maria Barroso Aragão, o 1º Oficial Ari Paulo Janesch, o
chefe de cabina Ledo, os comissários de bordo Carabed e Guarniere, e as
comissárias de bordo Neide Alaide Pizeta e Maria Vilma.
Ao chegar ao Aeroporto Santa
Genoveva, em Goiânia, 37 passageiros desembarcaram e outras 27 pessoas
subiram a bordo, entre elas o sequestrador, Joel Siqueira Junior, que se
sentou num assento na parte da frente da aeronave, ao lado de uma
criança.
Às 10h30min, a aeronave partiu de
Goiânia em direção a Brasília, para cumprir a última etapa do voo.
Assim que decolou e foi autorizado
o desfivelamento dos cintos de segurança, Joel Siqueira Junior, barbudo,
de cabelo comprido, usando uma camisa laranja e calça escura, levantou
de seu assento e agarrou a aeromoça Neide Pizeta. Aplicando-lhe uma
gravata e encostando um revólver em sua nuca, falou em seguida para
todos os passageiros: “Isto é um sequestro, eu sou do Exército
Revolucionário do Povo. Cooperem. Fiquem nos seus lugares que não
acontecerá nada a ninguém”.
Em seguida, invadiu a cabine de
comando da aeronave, de revólver na mão, deixando a porta aberta. Na
sequência, encostou a arma na cabeça do comandante Aragão e ordenou que
ele suspendesse qualquer contato com o solo.
Com exceção de uma passageira que
teve um princípio de crise nervosa, os demais ocupantes mantiveram-se
calmos.
Cinco minutos depois, o piloto de
um outro aparelho da Vasp, que também sobrevoava a região, vindo de
Teresina, aparentemente captando o rádio interno da aeronave que recém
havia decolado, transmitiu à torre do Aeroporto de Brasília a informação
de que algo anormal, talvez um sequestro, estivesse ocorrendo no PP-SMU.
Eram 11h10min quando o comandante
Aragão fez a primeira comunicação com a torre, informando que o
sequestrador, que se identificou como “Flores”, mantinha o revólver
encostado em sua cabeça.
Após um breve intervalo – durante o
qual começou a ser acionado o esquema de segurança da FAB, o próprio
sequestrador, falando pela primeira vez, apresentou sua primeira
exigência: a leitura, pela Rádio Nacional de Brasília, emissora do
Governo, de um manifesto político.
A torre de Brasília imediatamente
estabeleceu uma linha direta com a Rádio Nacional e o sequestrador foi
convencido a gravar seu manifesto ao invés de fazê-lo ao vivo (foi usada
a desculpa que a ligação poderia cair).
O texto, longo e um tanto confuso,
inclusive com alguns trechos parecendo serem em código, foi gravado, mas
não foi levado ao ar, por ordem da direção da emissora após contato com
autoridades federais.
O manifesto, com teor genérico,
falava em ‘problemas da vida social do país’, afirmava que ‘a
sociedade brasileira precisa abrir os olhos’ e, também, dizia que
‘basta, está na hora de reformular a sociedade brasileira’. Além disso,
estranhamente citava o talento de Leonardo da Vinci, referia-se à
maravilha do helicóptero e encerrava com a frase ‘Vamos para a luta’.
Às 11h30min, com o aeroporto
apresentando aspecto normal, pois até aquele momento reduzido número de
pessoas sabia do sequestro, o comandante Aragão fez novo contato com a
torre e avisou que seu nível de combustível era baixo. O avião, a grande
altura, já estava sobrevoando Brasília nesse momento.
Dez minutos depois, novo contato
para informar que o combustível dava para apenas dez minutos de voo, o
que implicava na necessidade de um pouso a qualquer custo, já que não
havia autonomia sequer para um regresso a Goiânia, o aeroporto mais
próximo da capital federal.
A movimentação no aeroporto
Só aí se começou a observar uma
movimentação anormal no aeroporto: enquanto a Varig anunciava o
adiamento, “por motivos técnicos”, de três voos já com ordens de
embarque, o pátio de manobra das aeronaves começava a ser evacuado por
agentes de segurança da Infraero, que, inclusive, retiraram os
mecanismos e tripulantes.
Eram exatamente 12 horas quando o
Boeing azul e branco da Vasp rompeu a camada de nuvens e, após ter dados
duas voltas sobre o aeroporto, aterrissou normalmente na pista.
A única diferença notada em terra
foi a de que o piloto usou a reversão total das turbinas, a fim de parar
logo o aparelho, procedimento pouco comum no aeroporto de Brasília, que
dispõe de uma das mais extensas pistas do país.
Lentamente, a aeronave girou em
direção ao terminal de passageiros, mas tão logo entrou na intersecção
principal, estancou, tendo sido desligadas as turbinas. Ficou apenas o
barulho do gerador interno, que fornece energia e ar refrigerado ao
interior do avião.
Imediatamente, uma perua azul da
Infraero, conduzindo o administrador do aeroporto, Coronel Bandeira
Leão, e o gerente local da Vasp, Germano Muller, começou a se deslocar
em direção ao aparelho, seguida de perto por um jipe da FAB, com dois
militares, e uma VW Variant particular, levando mecânicos da empresa.
O cerco ao avião
Cautelosamente, o cortejo se
aproximou do avião, parando a cerca de 50 metros. Quase ao mesmo tempo,
chegava pelo lado oposto, um caminhão da base aérea, transportando 20
soldados em uniforme de campanha, todos portando fuzis automáticos.
Um dos ocupantes da perua desceu e,
após rápida troca de palavras com o piloto, voltou ao veículo, apanhando
ali, o sistema de comunicação que, adaptado a fuselagem do avião,
permitiria a conversa do solo com o interior do aparelho.
Às 12h10min, os soldados desceram
do caminhão e, correndo, estabeleceram o cerco do aparelho, com armas em
posição de tiro. Um minuto depois, entretanto, com a chegada de um jipe
da base, conduzindo dois civis, o cerco foi desfeito e os soldados
tornaram a embarcar no caminhão, que retirou-se até a plataforma de
passageiros, distante um quilômetro do local.
Ao mesmo tempo, os agentes da
Infraero tratavam de interditar o mirante da plataforma, onde, àquela
altura, já se concentrava uma pequena multidão, que ainda não entendia
bem a situação. No interior, os alto falantes pediam aos passageiros que
se dirigissem ao balcão das empresas, onde receberiam vales para o
almoço no restaurante do aeroporto.
Do lado de fora, a tensão aumentava
com a chegada, próximo da pista, de uma ambulância e de um ônibus, que,
entretanto, pouco depois, retrocedeu até a estação de embarque.
A perua da Infraero novamente
aproximou-se do avião e dela desceram cinco pessoas, vestindo uniformes
de mecânicos. Por trás, sem possibilidade de visão por parte do
sequestrador, abaixaram-se junto ao trem de pouso e dali foram até a
turbina esquerda, abrindo a tampa de acesso ao reator. Mexeram
rapidamente no interior do motor e, fechando novamente a tampa,
retornaram ao veículo, retirando-se em seguida. Toda essa operação
demorou menos de cinco minutos.
Às 12h55min, chegou ao aeroporto o
ministro da Aeronáutica, Araripe Macedo, que imediatamente foi levado à
torre de controle, onde assumiu a chefia das operações. Ali, recebeu um
primeiro relatório dos acontecimentos e conversou com o brigadeiro Délio
Jardim de Matos, Comandante Geral do Ar, que fora um dos primeiros a
chegar ao aeroporto.
No saguão, o gerente da Vasp, para
acalmar os parentes e alguns passageiros, deu uma lacônica informação:
“Todos estão bem a bordo”.
Às 13h10min, o próprio ministro da
Aeronáutica falava pela primeira vez com o sequestrador. Este transmitiu
suas exigências: dez milhões de cruzeiros, a liberdade de dois presos
políticos, o fornecimento de cinco armas e o imediato reabastecimento da
aeronave.
Era o primeiro de vários diálogos
que se travariam dali para frente e, durante os quais, o sequestrador
daria três prazos “fatais” para o atendimento das exigências, sob pena
de assassinar tripulantes e passageiros: 13h30min, 14h30min e 17h10min.
Eram 13h20min quando o ministro
Araripe Macedo desceu da torre de controle e entrou no Centro de
Operações, onde manteve vários contatos telefônicos. No mesmo instante,
um caminhão tanque da Petrobras chegou a tomar posição perto do
aparelho, mas logo se retirou, sem consumar a operação de abastecimento
da aeronave.
A palavra oficial
Às 13h27min era liberada a primeira
informação oficial: dentro do avião estavam 69 passageiros e sete
tripulantes. O sequestrador seria um dos 27 passageiros embarcados em
Goiânia e entre os quais estariam também, dois generais, o Embaixador da
França e um filho do Vice-Presidente da República. Além disso, foi
informado que, em nenhum momento, o sequestrador havia deixado de
apontar a arma para a cabeça do comandante do avião.
Às 13h35min, os alto falantes do
aeroporto, para surpresa geral, anunciaram o embarque do voo 248 para
Balsas, Barra do Corda, Porto Nacional, Carolina e São Luís. Desde o
início do sequestro, era o primeiro voo liberado pelas autoridades. Logo
depois, seguiram-se os voos para Manaus e Recife, bem como o pouso de
uma aeronave procedente de Salvador, que estava sobrevoando a cidade há
tempos.
Cinco minutos mais tarde, chegavam
ao aeroporto outras autoridades: o ministro da Comunicações, Euclides
Quandt de Oliveira, que confirmou a presença no avião sequestrado do
general José Antônio Alencastro e Silva, presidente da Telebrás.
Chegaram também, o Comandante Militar do Planalto, general Darcy Lazaro;
o diretor da Polícia Federal, general Moacir Coelho; e, mais tarde, o
ministro Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil da
Presidência da República.
Acesso impedido
Às 15h08, os alto falantes
confirmavam a liberação das operações de pouso e decolagem, mas, ao
mesmo tempo, pedia ao público, que aquela altura já lotava as
dependências do aeroporto, que se retirasse, “a fim de não prejudicar os
serviços”.
O apelo, entretanto, não foi
atendido e, logo depois, a Aeronáutica cercava o prédio, proibindo o
acesso de qualquer pessoa. A única exceção era para passageiros, que,
entretanto, tinham que exibir suas passagens e identificar-se.
Às 15h30min pousou no aeroporto
outro Boeing da Vasp, o de prefixo PP-SMB, vazio. Este avião seria
deixado à disposição como alternativa para uso do sequestrador.
O clima de expectativa perdurou até
as 17 horas, quando os jornalistas receberam novas informações oficiais,
transmitidas pelo superintendente administrativo da Infraero, Octacílio
Amazonas, que acompanhava os acontecimentos da torre de controle: “Tudo
está sendo feito para poupar a vida dos passageiros. As exigências estão
sendo estudadas. O sequestrador exige dez milhões, cinco fuzis e a
liberdade de dois presos políticos. O dinheiro, em notas de 500
cruzeiros, está sendo providenciado.”
Dentro do avião, o sequestrador
falava para os passageiros: “O pessoal aí não está querendo salvar
vocês, porque ainda não atendeu meus pedidos”.
A estratégia
O dinheiro havia sido recolhido no
Banco do Brasil em São Paulo, e estava sendo transportado para Brasília
em um avião especial. A intenção das autoridades, entretanto, continuava
sendo a de não transigir, optando-se pela pressão psicológica sobre o
sequestrador, a fim de demovê-lo de seu intento ou, se possível, arrumar
uma brecha na sua fiscalização da pista, a fim de permitir a invasão da
aeronave.
Essa última versão era parcialmente
confirmada com a chegada ao aeroporto de dois sargentos da FAB portando
fuzis de longo alcance e dotados de mira telescópica, que se colocaram
em locais estratégicos. Agentes da Polícia Federal e do Serviço Secreto
das Forças Armadas também eram vistos circulando pelas proximidades do
aparelho, muitos utilizando macacões de mecânicos. Quase na mesma hora,
um Hercules da FAB pousava no aeroporto, deixando próximo da pista um
pequeno contingente de soldados e oficiais, aparentemente trazidos do
Rio de Janeiro.
Na torre, o diálogo com o
sequestrador continuava, ao mesmo tempo em que diversos telefonemas eram
recebidos.
Quando a noite caiu,
impossibilitando a imprensa de acompanhar a movimentação em torno da
aeronave, surgiu outra informação, confirmada posteriormente: o
sequestrador concordara em libertar 25 passageiros, entre mulheres e
crianças, recebendo em troca, armas e munições, além de cinco
paraquedas. Momentos depois, o avião era reabastecido.
Dentro do avião
Eram 18h30min, quando o
sequestrador liberou o desembarque das mulheres e crianças do avião.
Enquanto elas saíam pela porta dianteira do lado direito, cinco agentes
federais à paisana penetravam pela saída de emergência e ocupavam
rapidamente as poltronas ao lado dos passageiros que permaneciam a
bordo.
Ao mesmo tempo em que faziam sinais
pedindo tranquilidade aos passageiros, os agentes abriam jornais, atrás
dos quais camuflavam seus revólveres. O sequestrador, preocupado com a
movimentação causada pela saída das mulheres e crianças, não se deu
conta da manobra.
A movimentação antes do ataque
final
Por volta das 19 horas, quatro
viaturas dos bombeiros estacionaram nas proximidades do avião. No mesmo
instante, todas as luzes do aeroporto foram apagadas, a exemplo do que
ocorreu em São Paulo, quando do frustrado seqüestro de um Electra.
O sequestrador, em nova comunicação
com a torre, exigiu que colocassem holofotes junto ao aparelho, para que
pudesse acompanhar a movimentação na pista. O pedido foi negado, sob o
argumento de que havia ocorrido uma pane no sistema elétrico do
aeroporto. Ele acalmou-se quando todos os veículos das proximidades
acenderam seus faróis.
Enquanto isso, agentes federais
cortavam papéis no tamanho de cédulas de 500 cruzeiros para encher uma
mala. O plano era colocar uma camada de cédulas verdadeiras por cima do
papel para enganar o sequestrador.
Na pista, um soldado da Aeronáutica
aproximou-se do avião com uma sacola, dentro da qual estavam as novas
armas solicitadas pelo sequestrador. À medida que caminhava, agitava a
sacola, como para mostrar o conteúdo e, chegando próximo do aparelho,
retirou uma e fez dois disparos para o ar, a fim de mostrar que estava
carregada. Na verdade, eram as únicas duas balas colocadas no revólver.
Estava em seus últimos atos o drama aparentemente favorável ao
sequestrador.
Às 19h40min a aeromoça Neide
Pizetta, a primeira a servir de refém, procurou o sequestrador para
comunicar que os suprimentos a bordo estavam quase esgotados, pois a
reserva foi calculada para a duração de um voo normal entre São Paulo,
Goiânia e Brasília, ou seja, para muito menos do que as já decorridas
sete horas dentro do avião. O sequestrador Flores concordou em solicitar
alimentos às autoridades via rádio.
Até esse momento, Flores havia
permanecido na cabine de comando, apontando um revólver niquelado
calibre 38 para a cabeça do comandante. No entanto, não se descuidava um
minuto da vigilância aos passageiros, observando toda a movimentação
dentro da aeronave.
A ação final
A aeromoça Neide servia o último
lanche disponível a bordo, concessão feita pelo sequestrador, quando a
operação entrou em sua fase decisiva.
Aproveitando o fato de a porta da
cabine estar fechada, os agentes orientaram a comissária de bordo para
que provocasse um acidente que chamasse a atenção do sequestrador. No
momento em que atendia o último passageiro, ela deixou cair a bandeja no
chão e se abaixou.
Assustado pelo barulho, Flores
abriu a porta da cabine, interrompendo a transmissão de rádio com as
autoridades.
Dois dos agentes, sentados mais ou
menos no meio da aeronave – um de cada lado – não vacilaram: atiraram na
altura da cabeça e do peito do sequestrador.
Mesmo caído, ele ainda conseguiu
revidar, acertando a mão do piloto. Na sequência, mesmo ferido, o
sequestrador foi imobilizado ao tentar disparar novamente. Eram
19h51min.
Ao mesmo tempo em que ocorria a
ação dentro do Boeing da Vasp, do lado de fora, sob escuridão total,
teve início o assalto à aeronave por elementos da FAB e da Polícia
Federal.
À distância, os jornalistas só
puderam ouvir o ronco dos motores dos caminhões, o barulho de vários
disparos e o ruído de escadas chocando-se contra o avião, além de
granadas de gás lacrimogêneo.
Em seguida, os refletores de dois
carros do Corpo de Bombeiros foram ligados. Embaixo do avião havia gente
correndo em todas as direções. Passados alguns minutos de grande tensão,
carros da polícia e ambulâncias se dirigiram em velocidade para o local.
Informados do desfecho da operação
pelo rádio, os agentes faziam sinais de positivo com a mão entre si e,
alguns, chegaram a se abraçar.
O sequestrador Flores, na verdade
Joel Siqueira Junior, de 30 anos de idade, bancário, foi retirado da
aeronave e colocado no gramado ao lado da pista. Em seguida, foi levado
ferido para o Hospital da Base Aérea de Brasília.
Às 20 horas, o chefe da Casa Civil,
Golbery do Couto e Silva, informou à imprensa que o sequestro havia
terminado. Nesse momento os últimos passageiros deixavam a aeronave.
Às 20h10min, as autoridades
esclarecem que o sequestrador não morreu.
No dia seguinte, o sequestrador foi
interrogado, mas suas declarações foram mantidas em sigilo. Sabe-se que
os tiros que levou – que alguns órgãos de imprensa divulgaram como na
cabeça e no peito, e fatais – na verdade foi apenas um, que o atingiu de
raspão.
Outro ferimento apresentado por
Joel Siqueira Junior foi no queixo, em consequência da queda que sofreu.
Na luta que houve dentro do avião, para impedi-lo de usar novamente o
revólver após ser baleado, Joel acabou sendo lançado para fora do avião
e caiu em cima do Brigadeiro Délio Jardim de Matos que subia as escadas
em direção a cabine naquele momento.
Mais tarde, apurou-se que o
sequestrador havia chegado atrasado ao aeroporto e não apresentou nenhum
documento de identidade para embarcar. A fiscalização no aeroporto de
Goiânia era considerada muito precária, realizada por apenas dois homens
do Serviço de Segurança.
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Dias antes do sequestro, Joel
Siqueira Junior (foto ao lado)havia escrito e enviado uma carta ao então Presidente da
República Ernesto Geisel, cujo conteúdo não foi divulgado.
Segundo informou a família,
ele não era ativista político, mas sim um “desequilibrado mental” que
estava prestes a ser internado.
Três dias antes do sequestro, a
família conseguiu passar Joel em consulta com psiquiatra, onde foi
diagnosticado como portador de "esquizofrenia em grau adiantadíssimo".
Após sair do hospital, o
sequestrador foi preso sob a acusação inicial de “apoderamento ilícito
de aeronave”.a de fogos de artifício |
Em julho desse mesmo ano, foram
encaminhados ao Conselho de Sentença do Superior Tribunal Militar, os
laudos médicos (com 27 folhas) que comprovavam a insanidade mental de
Joel Siqueira Junior. Com as conclusões dadas por uma equipe de
psiquiatria, o sequestrador escapava de ser enquadrado na Lei de
Segurança Nacional, com punição de 12 a 30 anos de detenção, mas teria
que cumprir prisão preventiva num manicômio.
pesquisa e edição de texto: Jorge Tadeu da Silva
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O diálogo entre
a torre e o sequestrador
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Fonte: jornal Folha
de S.Paulo |
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Os três erros básicos
do sequestrador
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A
nota oficial da Aeronáutica
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Ficha técnica
Data: 22/02/1975
Hora: 2h40min
Aeronave:
Boeing 737-2A1 (Adv)
Operadora:
VASP - Viação Aérea São Paulo
Prefixo:
PP-SMU
Número de Série:
20967/364
Primeiro voo:
02.07.1974 (8 meses)
Tripulantes: 7
Passageiros: 69
Voo: 224
Partida:
Aeroporto Santa Genoveva (GYN/SBGO), Goiânia, Goiás
Destino:
Aeroporto Internacional de Brasília (BSB/SBBR), Distrito
Federal
Local do incidente:
avião sequestrado em rota entre Goiânia e Brasília.
Fatalidades: 0 |
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O
PP-SMU no Aeroporto dos Guararapes, em Recife,
em 12.09.2004 - Foto:
Felipe Carvalho (jetphotos.net) |
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A aeronave
Boeing 737-2A1(Adv)
O Boeing 737 é um
avião comercial a jato, bimotor, de fuselagem estreita (narrow-body)
e corredor único produzido pela Boeing. É a aeronave de maior
vendagem na história da aviação civil.
Recentemente, a empresa Fly
Dubai recebeu o 7000º Boeing 737 produzido, matriculado A6-FDW.
Calcula-se que tenha transportado cerca de 7 bilhões de pessoas1
ao longo da sua vida, e incontável quantidade de carga.
O 737-200 foi uma versão
estendida do 737-100, lançada para se adequar às necessidades do
mercado dos EUA. A United Airlines foi o cliente estreante do
modelo, que foi lançado em 1965 e entrou em serviço em 1968.
O modelo foi posteriormente
aperfeiçoado como 737-200 Advanced, que se tornou a versão de
produção padrão da Boeing. O 200 Advanced também era disponível
nas versões Conversível (passageiros/carga), “Quick Change”
(passageiros diurno/carga noturno), 737-200 Executive Jet
(semelhante em configuração ao atual BBJ) e 737-200HGW (High
Gross Weight – peso bruto elevado).
Todos esses modelos estavam
a caminho acelerado da extinção, uma vez que dispunham de
motores de baixa eficiência no consumo de combustível, elevada
emissão de ruídos (mesmo com a instalação de equipamentos
redutores tipo “hush-kit”) e custos de manutenção cada vez
maiores – embora uma grande quantidade de 737-200 estavam em
operação em companhias secundárias e em países em
desenvolvimento.
No Brasil a Vasp foi a
estreante do modelo seguindo-se pela Varig e pela Cruzeiro.
Estes 737s são dotados de motores turbofan de baixa derivação (low-bypass
ratio turbofan) Pratt & Whitney JT8D. |
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Reprodução de jornal da
época
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Reprodução dos jornais: Folha de S.Paulo e Jornal do
Brasil |
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Texto e edição de imagens
por Jorge Tadeu da Silva |
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Fontes de pesquisa:
ASN / Jornal do Brasil / Folha de S.Paulo
Foto no topo da
matéria:
Haroldo Fiuza Junior (jetphotos.net)
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