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O PP-VLU foi adquirido pela
Varig da American Airlines em 31.08.1966, onde portava a matrícula
N7562A.
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O
PP-VLU ainda sob as cores da American Airlines, sob
prefixo N7562A, no Aeroporto de Filadélfia, nos EUA
Foto:
Polaneczky Bob (jetphotos.net) |
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FotoFoto via aereo.jor.br
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A
tripulação
A tripulação do Boeing 707
Cargo era formada por seis homens:
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Comandante Gilberto Araújo da
Silva, piloto;
•
Comandante Erni Peixoto Mylius, 1º
oficial;
•
2º oficial Antonio Brasileiro da
Silva Neto; copiloto;
•
2.º oficial Evan Braga Saunders,
copiloto;
•
José Severino Gusmão de Araújo,
mecânico de voo;
•
Nícola Exposito, mecânico de voo.
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Os
tripulantes - Imagem: Reprodução da TV |
Este foi também um dos raríssimos
casos da aviação comercial mundial em que um piloto, o Comandante
Gilberto, se envolveu em dois desastres aéreos com vítimas fatais. No
anterior, o mesmo comandante sobrevivente do Voo Varig RG-820, que foi
obrigado a fazer um pouso de emergência nas proximidades do Aeroporto de
Orly, na França, em 1973, por um incêndio a bordo que matou 123 pessoas.
Seis meses depois do acidente, as
famílias dos tripulantes receberam atestados de óbitos.
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Na noite de 30 de janeiro de
1979, o avião cargueiro Boeing 707 da brasileira Varig partiu do
aeroporto de Narita, em Tóquio, rumo a Los Angeles.
Seis pessoas viajavam no avião, que
transportava uma carga de 20 toneladas, entre ela estavam dezenas de
quadros do pintor nipo-brasileiro Manabu Mabe (1924-1997), que acabara
de exibi-los em uma exposição no Japão.
O comandante do voo era Gilberto
Araújo da Silva, de 54 anos, um veterano da companhia, com 23.000 horas
de voo. Ele era uma celebridade no meio da aviação, por ter comandado o
trágico voo RG820 da Varig, que se incendiou em pleno ar em 1973 quando
ia do Rio a Paris. Na ocasião, Araújo conseguiu fazer uma aterrissagem
de emergência em um terreno nos arredores de Paris, evitando que o avião
pudesse cair sobre áreas habitadas e salvando outros nove tripulantes e
um passageiro (outros 123 ocupantes morreram, quase todos por
sufocamento causado pela fumaça das chamas).
No caso do voo 967, Araújo deveria
comandar a aeronave até uma escala em Los Angeles, onde a tripulação
seria trocada. A partir daí o avião prosseguiria para o Rio de Janeiro.
Até lá, além de Araújo, viajariam o piloto Erny Peixoto Myllius, os
co-pilotos Antônio Brasileiro da Silva Neto e Evan Braga Saunders e os
engenheiros de voo Nicola Espósito e Severino Gusmão Araújo.
O último contato com a torre de
Tóquio ocorreu 22 minutos depois da decolagem. Depois,só houve silêncio.
Um segundo contato previsto para uma hora depois do início do voo nunca
ocorreu.
As buscas prosseguiram pelos oito
dias seguintes, sem sucesso. Acionadas, forças japonesas e
norte-americanas realizaram as buscas por meses, mas a aeronave jamais
foi encontrada.
Trata-se, provavelmente, do maior
mistério da aviação brasileira.
O
piloto herói
Gilberto Araújo era detentor
da Ordem do Mérito Aeronáutico e também fora condecorado na França pela
manobra que realizou no subúrbio de Paris, em julho de 1973, quando
pilotava outro Boeing 707. Na ocasião, o avião se aproximava de seu
destino, o aeroporto de Orly. Mas com a aeronave em chamas, o comandante
decidiu realizar o pouso em uma plantação para evitar um desastre maior.
O fogo havia surgido em um
banheiro e se espalhado pelo material plástico que revestia
internamente o avião. Cento e vinte e três passageiros morreram
asfixiados, entre eles o senador Filinto Miller e o cantor Agostinho
dos Santos. Só 11 pessoas sobreviveram.
O piloto sofreu ferimentos na
cabeça e na coluna, fraturou duas vértebras e o maxilar. Ficou
internado por 17 dias em Paris. Só voltou a pilotar em janeiro de
1974.
Em 31 de janeiro de 1979, a
manchete que o jornal Folha de S.Paulo estampava em sua capa
reconhecia a fama de Araújo: "Piloto herói de Orly desaparece no
Pacífico com Boeing da Varig".
"Era um comandante muito
experiente. Se não fosse ele [em Orly], poderia ter sido muito
pior", afirma o comandante aposentado Zoroastro Ferreira Lima Filho,
83, colega de Araújo nos tempos da Varig.
O avião decolou de
Tóquio transportando 53 quadros do artista nipo-brasileiro
Manabu Mabe. Avaliadas à época em US$ 1,2 milhão, as obras
haviam sido expostas no Japão.
Cada tela tinha um seguro
de US$ 10 mil, valor considerado abaixo do mercado pelo artista.
O Boeing transportava as pinturas para o Rio de Janeiro. Outra
tripulação assumiria a aeronave em Los Angeles.
Além das obras de arte, o
avião carregava material eletrônico, aparelhos elétricos, peças
para navios, peças para computadores, máquinas de costura, entre
outros objetos. A carga pesava 20 toneladas.
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Manabu Mabe
(1924-1997) - Foto: Reprodução |
Manabu Mabe, havia
realizado uma grande exposição retrospectiva no Kumamoto Museum
of Art, Kamakura Museum of Art e no National Museum of Art, em
Osaka. A exposição foi um sucesso. Mabe ficou mudo quando seu
secretário Yutaka Sanematsu o informou que os quadros da
exposição tinham sido embarcados no voo da Varig que havia
desaparecido.
O cargueiro 707 da Varig,
partira de Narita, com o destino a Los Angeles e, em seguida, ao
Brasil, transportando as obras mais importantes de sua carreira,
sendo a maioria de sua propriedade, porém, cerca de 20 delas
pertencentes a coleções de museus e particulares.
Foram perdidas cerca de 53
obras, entre elas as premiadas na V Bienal de São Paulo, “Pedaço
de Luz” (abaixo), as obras da Bienal de Jovens de Paris,
“Profeta I” e as da Bienal de Veneza. Além destas obras,
expressivos trabalhos realizados no inicio de sua carreira
também desapareceram.
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"Pedaço de
Luz" - Reprodução: Instituto Manabu Mabe |
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"Profeta I"
- Reprodução: Enciclopédia Itaú de Artes Visuais |
Passado o impacto, Mabe
entrou em contato com os proprietários das obras desaparecidas,
com exceção de um proprietário, todos foram solidários e
disseram que não queriam dinheiro e sim uma outra obra.
Sendo
assim, o artista prometeu a si mesmo que viveria mais trinta
anos e pintaria tudo o que havia perdido.
Clique
AQUI e saiba mais sobre Manabu Mabe. |
Teorias sobre o desaparecimento do Boeing
Os investigadores concluíram
na época que a aeronave caiu no Oceano Pacífico aproximadamente 45
minutos após a decolagem devido a uma despressurização.
Contudo, como
sempre acontece nesses casos, várias teorias da conspiração foram
formuladas para tentar explicar o sumiço do voo 967.
Uma hipótese
levantada foi a de sequestro a mando de colecionadores de arte, pois a
aeronave transportava obras valiosas no porão. Contudo, nenhum dos quadros
apareceu até hoje.
Outra teoria foi a de que o Boeing teria sido
abatido pelos soviéticos por supostamente estar transportando um
caça russo MiG-25 da Força
Aérea Soviética, que havia deserdado da base de Saharovka e
pousado no aeroporto internacional de Hokkaido, no Japão, em 1976
(foto abaixo).
Há, ainda, quem afirme que, ao sobrevoar a
costa da Rússia, o avião teria sido forçado a aterrissar e a
tripulação tenha sido assassinada.
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Foto via
aerodream-fr.net |
E, evidentemente, também existem as
hipóteses de que a aeronave foi abduzida por extraterrestres ou
atravessou um portal para outra dimensão.
Entretanto, entre as teorias
mais plausíveis está a de que, após o avião da Varig alcançar a
altitude de cruzeiro, a despressurização da cabine teria sufocado a
tripulação.
Assim, eles teriam voado durante horas com o piloto
automático até a aeronave ficar sem combustível e despencar em algum
lugar muito distante das áreas nas quais as buscas foram conduzidas.
O Boeing 707 foi um dos
primeiros aviões comerciais a jato. Foi produzido pela Boeing, que com
esse modelo, passou a ser a maior fabricante de aviões comerciais do
mundo.
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Este é o
primeiro Boeing 367-80 (Dash 80) que foi o protótipo
para o que se tornou o KC-135 e o Boeing 707
Foto: Boeing |
Até a década de 1950, a Boeing era
uma fabricante sem muito expressão, entre as muitas existentes nos
Estados Unidos. Era conhecida apenas por suas aeronaves militares, e na
verdade, o 707 nasceu como um projeto de nave de reabastecimento,
conhecida como KC-135A.
O Boeing 707 foi o primeiro
a ter grande sucesso de vendas, bem como a primeira aeronave
série 7X7 da Boeing. O seu principal concorrente era o Douglas
DC-8 da ex-maior fabricantes de aviões comerciais, a Douglas.
O DC-8 se mostrou um
formidável concorrente, porém o Boeing 707 vendeu mais de mil
unidades, vencendo a disputa entre as duas fabricantes.
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Imagem:
Aerospaceweb.org | Aircraft Museum |
O 707 é um quadrijato,
possuindo dois motores sob cada asa. A primeira linha aérea a
operá-lo foi a Pan Am, realizando a rota Nova Iorque - Paris, em
26 de outubro de 1958.
O alcance do Boeing 707 é
de aproximadamente 5.700 mn (10659 km), velocidade de cruzeiro
de 815 km/h, e a capacidade de passageiros, de até 202 pessoas.
O Boeing 737, o Boeing 727 e o Boeing 747 utilizaram muito da
tecnologia do seu antecessor, e podem ser consideradas como
descendentes diretos dele.
A produção do 707 começou em 1954 e
terminou em 1978, embora as versões de uso militar tenham continuado em
produção até 1991. A Boeing fabricou um total de 1.012 unidades do
avião.
O Boeing 707-300, foi a versão de
maior sucesso, com melhorias e novos motores.
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Reprodução dos
jornais da
época
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Reprodução: jornal Folha de S.Paulo, 31.01.1979 |
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Reprodução: jornal Folha de S.Paulo, 01.02.1979 |
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Reprodução: jornal Folha de S.Paulo, 01.02.1979 |
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Reprodução: jornal Folha de S.Paulo, 06.02.1979 |
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Fontes de pesquisa:
O Globo / Veja / ASN /
Mega Curioso / UOL Notícias / Camisas & Manias / Wikipédia /
Hangar do Vinna
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Texto final e edição de
imagens por Jorge Tadeu da Silva |
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