Data do
acidente: 12/04/1972
Aeronave:
NAMC YS-11
Proprietário: VASP
Prefixo:
PP-SML
Ocupantes:
25
Fatalidades: 25
Local do
Acidente: Serra Maria Comprida, Petrópolis - RJ
Histórico:
O Samurai
da Vasp realizava mais um vôo de rotina da Ponte Aérea
Rio-São Paulo. Era noite e tudo parecia normal. Não se
sabe porque uma tripulação tão experiente como aquela (Cmte.
Instrutor: Zenóbio Torres e Cmte. em Instrução: Carlos
Roberto de Abreu Valença) iniciou o procedimento de
descida muito antes do previsto. Como resultado da falha
de navegação, o Samurai entrou voando no costado da
serra, a 50Km do Rio de Janeiro, explodindo
instantaneamente e matando todos os seus ocupantes.
Relato de
Ângelo Teixeira de Branco - passageiro que não pôde
embarcar no vôo que se acidentou.
Estava de
mudança do Rio e, no dia 12/04/1972, estava em São Paulo
providenciando a compra de um imóvel.
Porém,
faltava um documento para conseguir o financiamento na
CEF - Caixa Econômica Federal. Teria que ir com urgência
ao Rio para buscá-lo. Precisava chegar ao Rio, ir até a
Tijuca, pegar a chave do apto da Muda, pegar o documento
na Muda, voltar a Tijuca para deixar a chave do
apartamento da Muda, dar um beijo na esposa e filho, ir
até a rodoviária pegar ônibus para São Paulo e... chegar
na CEF às 10 horas da manhã seguinte.
Nesse dia
12 cheguei em Congonhas por volta das 19:30h. Fui ao
guichê comprar passagem e havia uma pessoa na minha
frente comprando a sua. Tocou o telefone, a moça do
caixa conversou com alguém, desligou e acabou de atender
o comprador.
Chegou a
minha vez. Iria pegar o vôo da ponte aérea, o próximo
vôo com destino ao Rio de Janeiro.
- Uma
passagem para o próximo vôo.
- Próximo
vôo apenas às 20:30h. – disse a moça.
- Mas você
acabou de vender uma passagem para as 20 hs! Os
passageiros estão ali esperando para embarcar – disse eu
apontando para a área de embarque.
-
Infelizmente já informei o número de passageiros e não
posso mais vender passagem para esse vôo. Agora só para
as 20,30h.
- Tudo
bem, fazer o quê?
Embarquei
às 20:30 hs. Vôo tranqüilo. Devido a minha pressa, desci
do avião e, correndo para pegar um Táxi, fui o primeiro
a chegar ao saguão do aeroporto.
Havia
pessoas esperando no desembarque, homens, meninos,
mulheres (esposas?), etc... Antigamente as pessoas da
família iam buscar os entes queridos nos aeroportos.
Fui
praticamente barrado no saguão:
- Esse vôo
é o das 20 hs? – perguntaram as pessoas que estavam na
espera.
- Não.
Esse é o das 20:30 hs – disse e continuei andando,
homens e mulheres atrás de mim insistindo:
- O Senhor
tem certeza?
Para
cessar o assédio, quase no ponto de Táxi, mostrei minha
passagem.
O avião YS-11
da VASP, o Samurai, havia caído sem deixar
sobreviventes. Acho que foi o último Samurai.
É uma
sensação horrível você se dar conta que aquele avião que
saiu antes não chegou, olhar a expressão no rosto
daquelas pessoas... a reação é uma coisa indescritível.
Toda vez
que tenho notícia de queda de avião começa na minha
mente aquele filme do saguão do aeroporto do Galeão. É
muito triste...