O acidente
e o resgate do Black Hawk EB-3002 nos Andes
No dia 13 de setembro de 1998, as
duas aeronaves HM-2 Black Hawk do Exército Brasileiro realizavam um voo
em ala, no âmbito da MOMEP, a missão era um translado entre Cuenca e
Patuca. Ao cruzar a Cordilheira dos Andes, o Black Hawk EB-3002
apresentou problemas técnicos, os quais resultaram na necessidade de
fazer um pouso de emergência. Durante o pouso, ocorreu o choque das pás
do rotor principal e do rotor de cauda contra o solo, para alívio geral,
todos ocupantes saíram ilesos, e a aeronave ficou próxima a um riacho na
região montanhosa, a cerca de 50 km de Patuca, próximo ao vilarejo de
Achupalla, município de Chimborazo, Equador.
Todo procedimento foi acompanhado
pelo Black Hawk que voava em ala com EB-3002, assim, logo que tocou o
solo e todos desembarcaram em segurança, o EB-3001 realizou a operação
de socorro aos ocupantes da aeronave acidentada, embarcando os mesmo e
evacuando do local.
Embora os danos sofridos no pouso
pela aeronave fossem solucionáveis, não haveria como realizar os reparos
no local e recolocar a aeronave em condições de voo, era necessário
retirar a aeronave daquele local de difícil acesso.
A situação ganhava contornos
desafiadores diante do cenário, com a grande altitude e a meteorologia
instável no local onde havia sido feito o pouso de emergência. Agora era
necessário planejar a operação de remoção de o EB-3002 até um local
seguro, de onde o helicóptero poderia ser enviado até o Centro de
Reparos da Sikorsky em Troy no Alabama, EUA.
A melhor solução encontrada, seria
o içamento da aeronave por meio do gancho de carga externa de outra
aeronave, e a única aeronave com as características necessárias para
cumprir essa missão naquele teatro de operações, seria o norte americano
CH-47 Chinook, o que levou o comando do MOMEP AvEx II a solicitar tal
apoio. Na sequência dos fatos, as tratativas solicitando apoio do
Chinook foram realizadas com êxito, junto ao Comando Sul do Exército
Americano. Agora o desafio seria adequar o peso da aeronave acidentada,
a capacidade de içamento de carga do Chinook naquele cenário em grande
altitude. Para resolver esse problema foi necessário aliviar ao máximo o
peso do EB-3002.
Uma das medidas adotadas para a
redução do peso da aeronave foi a remoção de seu combustível. O Capitão
Doerflinger (na época 3° Sargento e mecânico de voo) participou das
operações de preparação e resgate da aeronave. Ele lembra que a remoção
do combustível teve que ser realizada com muito cuidado, pois um
vazamento poderia resultar na contaminação das águas do riacho que
abastecia um povoado local. Além de drenar o combustível, foi necessário
dar-lhe um destino adequado.
Conforme o então Tenente-Coronel
Edmir, o peso máximo que o Chinook poderia suportar naquela altitude era
de 5.000 kg e a aeronave acidentada pesava 6.350 Kg. O dreno de
combustível permitiu reduzir esse peso em 1.000 kg, e somada a retirada
dos bancos, mais 150 kg, o que ainda não era o suficiente. Assim foi
decidido realizar o seccionamento da parte traseira do cone de cauda
junto com a deriva traseira da aeronave, o que permitiu que o Chinook
obtevesse a reserva de potência necessária para retirar o Black Hawk
dali.
Como o riacho onde se encontrava a
aeronave corria para o mar, o trajeto foi de descida, facilitando o
transporte. A aeronave foi retirada do local do acidente, sendo
conduzida até um porto, onde foi embarcada a bordo de um navio em
Guayaquil, no Equador, seguindo rumo as instalações da Sikorsky, onde
foi reparada e depois reincorporada ao Exército Brasileiro.
Investigações e o
acidente do C-98
No dia 18 de setembro de 1998,
chegou ao Equador, a bordo de uma aeronave C-98 Caravan da Força Aérea
Brasileira (FAB), a equipe responsável por realizar a investigação sobre
o acidente envolvendo a aeronave HM-2 Black Hawk (EB-3002). Após o
desembarque da equipe, a aeronave da FAB seguiu destino para Cuenca.
Naquela noite, a Base em Patuca foi informada de que a aeronave não
havia chegado ao seu destino. Ela havia desaparecido na Cordilheira dos
Andes com cinco militares a bordo.
Na manhã seguinte, com o apoio de
várias equipes, iniciaram-se as buscas. Logo, o avião acidentado foi
avistado e as coordenadas informadas para o Black Hawk (EB-3001), do
Exército Brasileiro.
O voo de resgate foi realizado
pelos Capitães Mello e Lotufo. Alguns dos ocupantes do C-98 Caravan
apresentavam ferimentos leves e, como o local do acidente era de difícil
acesso, não era possível realizar o pouso. O resgate foi então realizado
por guincho. No mesmo dia a tripulação acidentada foi deslocada para
Macas, no Black Hawk (EB-3003).
Indicação
colaborativa do 1º Tenente Pedro Henrique Silva dos Anjos
Postado
originalmente em 14.09.2023 por Angelo Nicolaci no site
Brasil Defesa
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