No domingo, 3 de setembro de 1989, o voo
RG-254 ia de São Paulo a Belém com escalas em Uberaba, Uberlândia,
Goiânia, Brasília, Imperatriz e Marabá. O piloto e o co-piloto assumiram
a aeronave, o Boeing 737-241, prefixo PP-VMK, em Brasília.
No último trecho, Marabá-Belém, a
operação da aeronave foi assumida pelo piloto, que leu o Rumo Magnético
na Folha de Planejamento de voo: 0270. Ele ajustou o valor no
equipamento do avião para 270, sentido leste-oeste. O co-piloto ajustou o
equipamento no seu lado do painel do avião para o mesmo valor. O rumo
correto a ser ajustado seria 027, sentido sudoeste-nordeste (se fosse
zero, seria sul-norte).
A Varig havia mudado o sistema
computadorizado (em terra) e a representação do rumo no documento usado
pelos pilotos (impresso por esse sistema) incluía um zero a mais à
direita do número, em verdade uma casa decimal usada sem a vírgula que
lhe antecederia e que, portanto, deveria ser desprezada. Começava aí uma
série de pequenos eventos que, justapostos, combinados e interagindo
entre si de forma inesperada iriam resultar no acidente.
Algumas medidas de redução de
custos por parte da Varig sobrecarregavam os pilotos, tais como fazer
com que os aviões permanecessem em torno de apenas quinze minutos nos
aeroportos, bem como reduzir o pessoal de apoio em terra. Como tinham
que cuidar de várias tarefas, a recomendação da empresa para que os
pilotos realizassem uma checagem do plano de voo em relação a uma carta
de navegação acabou não sendo cumprida naquele dia.
A decolagem e o voo
Às 17h35, hora local, o PP-VMK
decolou. Nem o piloto nem o co-piloto verificaram a posição do sol
naquela hora. Afinal, já havia muito tempo que não se usava esse tipo de
referencial para navegação. Uma outra referência para a orientação do
voo teria sido o sinal emitido em Tucuruí com o propósito de orientar
aviões.
Localizado à esquerda na rota de Marabá a Belém, naquele fim de
tarde, por conta do erro de navegação, postou-se à direita da aeronave.
No entanto, o piloto não confirmou esse sinal porque Tucuruí não era um
ponto marcado na navegação da Varig para aquele trecho. Também se
costuma verificar o rumo a adotar em cartas de navegação existentes a
bordo das aeronaves e que se classificam, quanto à altitude do voo, em
cartas de “baixa” ou de “alta”.
Para o voo RG-254 estava estabelecida
uma altitude que determinava o uso destas últimas. Todavia, o trecho
Marabá-Belém, não constava das cartas de navegação de alta altitude
(tais mapas eram confeccionados para atender os interesses da navegação
aérea internacional, cujas rotas não abrangiam esse trecho, de interesse
unicamente doméstico).
Às 17h49, o Centro Belém comunicou
à torre de controle de Val-de-Cans que o 254 decolara de Marabá aos 35,
querendo com isso dizer 20h35 zulu (hora de Greenwich), que correspondia
às 17h35, hora local tanto em Marabá quanto em Belém.
Oito minutos depois, o ACC recebeu
uma chamada de outro Varig, RG-266, que procedia de Brasília, informando
que o RG-254 não conseguia receber o Centro Belém na frequência VHF (Very
High Frequency), normalmente usada.
O ACC decidiu tomar a iniciativa de
chamar o 254.
— Varig dois cinco quatro, Varig
dois cinco quatro, Varig… — o controlador repetiu diversas vezes o
chamado, na esperança de que o 254 o respondesse.
Mas, como isso não aconteceu,
voltou a fazer a ponte por intermédio do RG-266. Pediu a este que
mandasse o 254 chamar Belém na frequência 8.855 quilohertz (kHz) em HF (High
Frequency), de alcance muito maior.
Às 17h58, o piloto pediu permissão
para pousar em Belém e a obteve, mas permaneceu sem contato pela
freqüência de longo alcance (HF) durante aproximadamente 20 minutos.
Às 18h20, informou que continuava
sem contato pela freqüência de menor alcance (VHF) e solicitou permissão
para prosseguir descendo, sendo novamente autorizado.
Às 19h06, o RG-254 informou estar
com 01h40 de autonomia e o Centro de Controle de Área (ACC) quis saber
se a aeronave estava recebendo marcações (sinais emitidos para
orientação) de Belém. A resposta foi que somente as radiodifusoras
locais estavam sendo recebidas. O Centro Belém autorizou a descida para
2000 pés (aproximadamente 600 metros).
Embora não houvesse sequer um sinal
da aproximação do avião, a autorização foi concedida porque: quando o
piloto solicita autorização de início de descida, a aeronave ainda está
a uma distância tal que os tripulantes não podem ver as luzes da cidade.
Perguntado se havia algum problema
técnico com a aeronave, o piloto respondia apenas “aguarde”.
O relatório final do Centro
Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão do
governo responsável pela investigação, não se refere a nenhum contato
entre Belém e o avião entre 19h06 e 19h42.
Foram aproximadamente 40 minutos
sem contato direto com um avião autorizado a voar a 600 metros de
altitude, que deveria ter pousado havia 25 minutos.
Durante o tempo em que ficou sem
travar contato, o piloto tentou localizar-se por mapas de navegação,
pelo radar na função mapeamento, e pela sintonia com as estações
comerciais de rádio de Belém. Não conseguiu.
Passou, então, a tentar identificar
alguma pane nos instrumentos de rádio-navegação. Às 19h42, um
Coordenador de Busca e Salvamento assumiu a posição no Centro Belém e
estabeleceu contato com o RG-254.
Como o PP-VMK havia decolado às
17h35 e o tempo de voo estimado era de aproximadamente 45 minutos,
deveria ter chegado às imediações do aeroporto por volta das 18h20.
Como não chegou nos trinta minutos
subseqüentes à hora prevista, foi declarado pelo ACC de Belém em
situação de “Incerteza”.
Por mais que o piloto quisesse
esconder que estava perdido, já estava claro para todos os que haviam
estabelecido contato que havia algo muito estranho com aquele voo.
Somente quatro horas após a decolagem, foi declarada a fase de “Perigo”.
O Centro de Belém não conseguiu
contato por VHF. Soube que a aeronave não estava recebendo marcações dos
auxílios de Belém e não obteve resposta a várias chamadas para a
aeronave. Então, acionou o Sistema de Chamada Seletiva (SELCAL15) com
sucesso e se satisfez com a informação do comandante de que o voo
prosseguia para Santarém, muito distante da rota original,
inexplicavelmente.
Por sua vez, a Varig também
acompanhava sua programação de voos através de um setor então conhecido
por “Coordenação”, que, eventualmente, acionava as aeronaves, via
sistema de comunicação de longo alcance conhecido pela sigla HF.
Entretanto, naquele dia, a aeronave
ultrapassou o tempo de voo estimado pelo piloto no seu contato inicial
sem que o setor responsável efetuasse qualquer chamada para alertar,
informar ou auxiliar a tripulação.
Naquele mesmo domingo, com início
marcado para as 17h, a seleção brasileira de futebol jogava uma partida
decisiva em sua classificação para a Copa do Mundo de 1990, contra a
seleção do Chile, no estádio do Maracanã.
No domingo seguinte ao do acidente,
em 10 de setembro de 1989, liam-se no jornal O Globo as palavras de um
piloto a respeito do que podia ser relevante em relação ao futebol:
"Todo mundo estava escutando o jogo, inclusive eu. Cheguei a comentar
com o co-piloto que a aviação naquele dia estava um perigo. Até o
controlador de voo estava ouvindo o jogo".
Além disso, um pouco depois das
18h, o Brasil marcou um gol e, em torno de 18h30, uma torcedora lançou
um foguete sinalizador que explodiu próximo ao goleiro chileno, o que
causou a interrupção do jogo. A seguir, a seleção chilena deixou o campo
e, próximo às 19h, o juiz deu o jogo por encerrado.
Na época, as emissoras de rádio
comerciais eram obrigadas, por lei, a informar, em intervalos regulares
de tempo, seu prefixo, a freqüência em que transmitiam e sua
localização, justamente para poderem ser utilizadas como auxílios na
orientação de navegantes.
E, de fato, essa foi uma das formas pelas
quais o piloto e o co-piloto tentaram localizar-se. Sintonizaram o
equipamento do avião na freqüência de determinadas emissoras, mas, em
função de um fenômeno chamado “propagação ionosférica”, receberam sinais
de outras, que transmitiam na mesma freqüência das que eram procuradas,
mas a partir de municípios muito mais distantes do que aqueles dos quais
deveriam ter recebido as transmissões.
Além disso, essa mesma reflexão de
ondas, provocada pelas condições meteorológicas, fazia crer que o sinal
vinha de uma direção (e sentido), quando, na verdade, vinha de outra. E,
como se não bastasse, muitas das rádios estavam transmitindo o jogo de
futebol e, no calor da emoção causada pelo incidente em campo, seus
locutores esqueceram-se de informar seu prefixo e todas as demais
informações.
Por causa disso, a tripulação não pode se assegurar de que
havia conseguido localizar o sinal esperado. Finalmente, depois de longa
busca por dados que pudessem melhor orientá-los, o co-piloto consultou
uma carta de navegação e verificou que o rumo de chegada em Belém era
027 e não 270, o que confirmou com um segundo mapa.
Durante seus últimos trinta minutos
de voo, o RG-254 recebeu diversas marcações de rádio emitidas
continuamente por equipamentos em terra, chamados NDB’s (NonDirectional
Beacon), com o objetivo específico de orientar aeronaves.
Esses emissores geram também um
sinal de identificação em código Morse que consiste em duas ou três
letras, repetidas três vezes a cada 30 segundos.
Os pilotos do PP-VMK, esperando
receber o sinal de Carajás, captaram o sinal emitido em Barra do Garças,
no Mato Grosso. Procuraram também sinais emitidos de Marabá, mas os
receberam de Goiânia, que emitia na mesma freqüência e cuja
identificação em código Morse não era recebida de forma contínua.
Por mais de uma vez, a freqüência
procurada com vistas à localização foi encontrada, mas, em todos os
casos, a origem do sinal era diferente da suposta e, portanto, se
considerada, só poderia levar a conclusões erradas. Coincidências!
Sem que ninguém soubesse, às 20h30
fora-se a última esperança. Naquele instante, o Varig 254 passara a 100
milhas náuticas (185 quilômetros) do Campo de Provas Brigadeiro Haroldo
Velloso, em Cachimbo (em seu través oeste), em cuja pista — dotada de
balizamento noturno — o Boeing poderia pousar sem problemas.
Tendo ainda, na ocasião, quase 30
minutos de autonomia, o que lhe dava um raio de alcance de mais de 200
quilômetros, teria ido para lá se soubesse onde estava. Era o último
aeródromo à disposição do 254.
Uma nova chamada pelo SELCAL avisou
o PP-VMK que o encarregado do Aeroporto de Carajás fora encontrado e
que, dentro de alguns minutos, as luzes da pista seriam acesas. O
indicador de combustível nos tanques do 737 mostrava agora um total de
400 quilos. É evidente que as providências em Carajás não tinham a menor
utilidade.
Iludido pelas marcações erradas (de
Goiânia e Barra do Garças), o 254 encontrava-se no extremo sul do Estado
do Pará, entre o vale do Xingu e a ponta sul da Serra dos Gradaús, em
plena selva.
Apesar dos reveses, o Varig 254
continuava se comunicando. Conseguiu falar com o RG-231, pousado em
Santarém — cujo aeroporto se encontrava interditado justamente por causa
do 254. Forneceu-lhe sua proa (dado inútil, quando não se sabe onde se
está) e o nível de combustível (informação das mais aflitivas que,
naquele caso, mostrava apenas quanto faltava para o avião cair).
A partir desse momento, Garcez e
Zille dedicaram-se a repassar cada uma das estratégias que iriam adotar
para o pouso na floresta.
Zille sabia que suas chances de
sobrevivência, além de extremamente remotas, repousavam nas mãos do
comandante. Não havia instrução no mundo a respeito do procedimento
correto para um pouso noturno de um 737, em terra firme, fora de pista,
com visual zero, manobra considerada impossível tanto pela Boeing como
pelos órgãos aeronáuticos, inclusive a FAA dos Estados Unidos.
Restava aos pilotos do RG-254
conceber seus próprios parâmetros, a serem adotados naqueles instantes
finais do voo, a não ser que optassem por abandonar os controles e se
deixar abater como gado no matadouro.
A primeira dúvida era se desceriam
com os motores ligados (caso em que teriam força hidráulica nos
comandos, faróis acesos e possibilidade de adiantar um pouco o local de
pouso, caso se deparassem com um morro, ou outro obstáculo visível à luz
dos faróis) ou desligados (hipótese em que desceriam como um planador,
se é que se pode chamar de planador um avião de mais de 30 toneladas
voando a, no mínimo, 200km/h).
Sem motor, teriam de pousar no
ponto em que a descida terminasse, fosse qual fosse. Depois de examinar
as diversas possibilidades, decidiram manter-se no nível 80 (8 mil pés)
até que o combustível se esgotasse, evitando assim o risco de uma
explosão na hora do impacto.
Isso os obrigaria a descer sem
motores, em voo planado, até alcançar as árvores. Se vissem luzes de
alguma fazenda ou lugarejo, tentariam pousar perto delas, o que lhes
proporcionaria um socorro mais rápido.
Como o pouso seria às cegas — a luz
da Lua crescente, esmaecida pela nebulosidade das queimadas, em nada os
ajudaria —, melhor seria pousar olhando apenas os instrumentos,
concentrando-se em manter o Boeing voando numa velocidade ligeiramente
acima do ponto de estol, para que o impacto com a floresta fosse o menor
possível.
Garcez e Zille discutiram a melhor
maneira de se proteger do choque contra o painel de instrumentos.
Optaram também por manter o trem de pouso recolhido, o que lhes daria
maior sustentação. As rodas não fariam diferença na hora do contato com
o solo.
O pouso seria feito sobre a copa
das árvores. Decidiram que a velocidade de descida seria de cerca de 150
nós (280km/h).
Escolhidos os parâmetros, iniciaram
os procedimentos de preparação para o pouso de emergência, agora
iminente. Ligaram a APU (Auxiliary Power Unity) para que pudessem ter
energia após a parada dos motores.
Mantinham um fio de esperança — se
bem que menor a cada momento — de que uma pista iluminada, quem sabe a
de Carajás, surgisse na linha do horizonte, pondo fim ao pesadelo.
Quando a quantidade de combustível
estava em 300 quilos, o Varig 254 recebeu uma chamada do comandante do
Varig 231, Domingos Sávio, na frequência exclusiva da empresa.
Garcez forneceu sua proa, 160,
altitude, FL-080, e disse que levava 48 passageiros. Informou ao colega
o total de combustível e solicitou ao 231 que indagasse ao Centro Belém
quais eram as condições de Carajás naquele momento.
O 231 informou que Belém acabara de
informar que as luzes de balizamento de Carajás estavam acesas.
O diálogo entre os dois aviões da
Varig foi acompanhado com grande atenção e angústia pelo comandante
Miguel Ângelo, da Vasp, que, pilotando o VP-282, naquele instante
sobrevoava o sul do Pará.
Ângelo exultou quando, em
determinado instante, o piloto do 254 disse ao 231:
— Parece que estou vendo uma
cidade. Parece que vai dar.
Mas logo se corrigiu:
— Não. É apenas uma queimada.
Por mais paradoxal que possa
parecer, Garcez parecia estar mais calmo do que Sávio. Do RG-254, saía
uma voz pausada. O RG-231 respondia aflito, tenso, frustrado por não
poder ajudar em quase nada.
Sávio perguntou a Garcez:
— Ô, Garcez, você não conseguiu
ir para Belém por quê?
A resposta foi um primor de
inobjetividade:
— É que eu — disse Garcez — não
tinha a indicação de Belém, a bússola estava com outra proa, a gente
ficou andando entre Belém e Marabá e não conseguiu chegar a lugar
nenhum. Agora estamos indo para Marabá e não temos mais combustível para
ir a lugar nenhum, entendeu?
Às vezes, o 254 via luzes
espaçadas, nada que se assemelhasse a Carajás, ou mesmo a uma cidade de
pequeno porte. (Eram, na verdade, algumas vilas e fazendas equipadas com
gerador.)
Lá embaixo, na selva, algumas
pessoas viram a passagem do Boeing. Quando, por exemplo, o 254 passou
sobre a aldeia Cocraimoro, na reserva Gorotirê, dos Caiapós, perto da
divisa dos Estados do Pará e do Mato Grosso, os índios perceberam que o
avião se encontrava numa altitude inferior à normal. Puderam ver
claramente suas luzes de sinalização, nas pontas das asas.
Um pouco mais ao sul, no
acampamento da mineração da Rhodia do Brasil, às margens do Igarapé Bom
Jardim, os homens recolhidos às barracas também ouviram quando o Boeing
passou baixo (a 8 mil pés). Um deles teve a impressão de ter ouvido um
estrondo.
A essa altura, as autoridades
aeronáuticas consideravam a queda do Boeing praticamente inevitável. Em
Belém, um coordenador de Busca e Salvamento — que, desde as 19h40,
assumira posição no Centro de Controle — estabeleceu contato com o
RG-254.
O pouso na floresta
Garcez reportou que o combustível
estava chegando ao fim e que iria proceder a um pouso na floresta. Disse
o mesmo ao Varig 231.
Enquanto ouvia seu comandante falar
com Garcez, o copiloto do 231 pedia ao Centro Belém que tomasse algum
tipo de providência.
— Façam alguma coisa —
disse, exasperando-se. — Tem 54 caras pendurados lá em cima.
No 254, Garcez lutava para manter a
capacidade de raciocínio. Mesmo sem ter noção da região onde se
encontravam, havia grande possibilidade de estarem sobrevoando selva
plana (a Amazônia é, essencialmente, uma grande planície). Infelizmente,
não tinha como saber a altitude (relativa ao nível do mar) exata em que
encontrariam as árvores (se é que havia mesmo árvores embaixo, e não um
rio ou lago).
Garcez decidiu que, ao final da
descida, quando o avião atingisse mil pés, ainda aguardaria alguns
segundos. Então procederia ao arredondamento (manobra final de um pouso)
do Boeing, cabrando (elevando) o nariz e quebrando a velocidade, na
esperança de encontrar nesse instante o topo das árvores, nas quais
pretendia bater com a barriga do avião.
Ele sabia que as chances de seu
plano dar certo eram mínimas, talvez uma em 100. Pousar um avião
naquelas condições era uma proeza da qual nenhum piloto na história da
aviação fora capaz.
Próxima providência: era preciso
avisar aos passageiros. Chamou a chefe de equipe Solange à cabine e
informou-lhe:
— Temos somente 15 minutos de
autonomia de voo. O único jeito é fazermos um pouso em algum lugar por
aqui mesmo. Eu quero que você informe isso às outras comissárias e
depois prepare os passageiros para um pouso de emergência. Mas, antes,
deixa que eu mesmo quero dar a notícia a eles.
Solange saiu para reunir-se com as
comissárias. Garcez sabia que explicar a situação era tarefa das mais
delicadas. Não era fácil dizer para as pessoas que se preparassem para
pousar (o termo mais certo seria “cair”) na selva em plena escuridão.
Que se preparassem para morrer.
Enquanto reunia forças para fazer
mais esse speech, Garcez virou-se para a direita e disse ao copiloto:
— É, Zille, todos nós temos um
dia.
O outro engoliu em seco e tentou
dar uma força:
— Vamos lá, comandante, é isso
aí…
Sempre consciente de que suas
palavras estavam sendo registradas pelo CVR, Garcez tomou do microfone.
Gaguejou pelo sistema de alto-falantes do Boeing um speech emocionado,
no qual misturou informações, desinformações, dados falsos e reais e
frases desconexas.
— Senhoras e senhores
passageiros, é o comandante que vos fala. Tivemos uma pane de
desorientação nos nossos sistemas de bússola e… agora, na proa de Marabá
não temos ainda indicação da distância de Marabá a que nos encontramos.
Já os órgãos de controle de área estão cientes… temos a proa de Marabá.
Carajás é antes… Acre… Ah…
Garcez não conseguiu eximir-se de
um suspiro, antes de prosseguir.
— O Centro Belém está tentando
colocar o Aeroporto de Carajás em funcionamento para que… caso a gente…
chegássemos em Carajás antes, podemos efetuar o pouso naquela
localidade. Informamos que devido ao nosso… à nossa… procura de um
auxílio básico… estamos com o nosso combustível… nosso combustível já
está no final… ainda com 15 minutos. A comissária… chefe de equipe…
agora vai fazer um briefing para o caso de termos que fazer um pouso
forçado antes da pista de… Carajás.
Garcez deu outra paradinha, como
que pensando no significado de suas palavras, e concluiu:
— Pedimos a todos que mantenham
a calma, porque… uma situação como essa… realmente é muito difícil de
acontecer… mas realmente nós… vivemos para que… isso não aconteça.
Agora… possibilidade de chegarmos a Carajás antes do final do
combustível. Acredito que tenhamos ainda dez minutos de voo… Dez a 15
minutos e… gostaríamos que todos prestassem atenção à… à nossa instrução
da comissária para o caso de pouso forçado e… torçamos para que…
consigamos… atingir a cidade de Carajás antes da nossa falta de
combustível… Deixamos a todos com a esperança de que… isso não passe
apenas de um… um susto para todos nós. Pela atenção, muito obrigado e…
(a frase foi interrompida por alguns segundos quando soou na cabine um
alarme de redução de potência) … e que tenham todos um… um bom final.
Seguiu-se na cabine de passageiros
um silêncio abissal, interrompido apenas pelo lamento agoniado das
turbinas, em suas últimas revoluções.
Comandante Garcez:
- O motor 1 acabou de parar… A
gente vai ter que descer agora… Eu não vou poder falar que a gente vai
se preparar para o pouso, ok? Atenção tripulação, preparar para o pouso
forçado.
O pouso forçado na floresta
amazônica ocorreu em São José do Xingu, estado do Mato Grosso, a 1.100
quilômetros do destino pretendido. O desconhecimento sobre sua rota era
tal que o avião só foi localizado cerca de 44 horas após o acidente.
O Varig 254 imobilizou-se no chão
úmido da floresta, sem asas, tombado para o lado direito. Os trens de
pouso, mesmo recolhidos, desprenderam-se do bojo do avião. O radome
(compartimento que forma o nariz do avião e onde se localiza o radar)
fora arrancado. Os parabrisas permaneceram intactos. As turbinas se
separaram das asas.
No PP-VMK, havia um transmissor de
emergência, chamado “dispositivo rádio impacto”, instalado próximo à
cauda. Esse aparelho era acionado automaticamente, sempre que ocorria um
fator de carga (aceleração/desaceleração) muito forte, como acabara de
acontecer. Imediatamente o transmissor passou a emitir um sinal de
emergência nas frequências de 121.5 MHz e 243 MHz.
Se o Varig 254 tivesse voado mais
alguns décimos de segundo, antes de bater, todos teriam morrido. Pois o
nariz do Boeing parou a menos de dez metros de uma árvore gigantesca,
beque que não teria tomado conhecimento do arrasto do avião,
estancando-o de chofre. Prova disso era a árvore (de dimensões 50%
menores) que arrancara uma das asas, cujo bordo de ataque ficou cravado
em seu tronco, como uma machadinha.
Quando as asas bateram nas árvores,
o piso da aeronave experimentou forte torção, fazendo com que as filas
de poltronas do Boeing — com exceção da última da esquerda e das duas
últimas da direita — saltassem dos trilhos e fossem projetadas para a
frente, amontoando-se na parte dianteira da cabine de passageiros. Foi
como se uma forma de gelo, ao ser torcida, cuspisse os cubos para cima.
Presas pelos cintos às poltronas,
as pessoas foram lançadas à frente, as pernas e troncos imprensados, as
cabeças se chocando com as ferragens. Como se não bastasse, o teto falso
da aeronave desabou sobre elas.
Dentre os 54 ocupantes, 12 faleceram, 17 ficaram gravemente feridos e 25
tiveram ferimentos leves.
Após o pouso forçado
No momento em que o avião parou,
Garcez pensou que estivesse perto de Carajás, no Estado do Pará. Na
verdade, encontrava-se na região de São José do Xingu (local perto de
onde caiu o voo 1907 da Gol em 2006), lugarejo de Mato Grosso a 500
quilômetros de Carajás e a 1.000 de Belém, seu destino original.
Para os 48 passageiros e seis
tripulantes, o desastre do RG 254 transformou-se num drama que se
iniciou na noite de domingo, quando o avião caiu na selva, para só
terminar na madrugada de quarta-feira seguinte – quando teve início a
operação de resgate.
Dos 109 assentos do avião apenas
sete permaneceram no lugar – os demais se soltaram, esmagando os
passageiros.
Nos dois dias que permaneceram
abandonados na mata, os sobreviventes enfrentaram dificuldades – a
comida e a água eram racionadas, não havia remédios e muitos deles
limpavam os ferimentos com uísque e vodca.
O pouso foi bem-feito, o Boeing
perdeu velocidade até chegar aos 210 km/h, caindo primeiro com a cauda e
depois com o resto do corpo do avião, amenizando o impacto do choque com
a selva.
Entre os onze mortos, dois casos
chamaram a atenção: José Antonio Nascimento, que foi jogado pelos ares,
em direção à cabine do comandante – sua cabeça ficou encravada na porta,
morrendo na hora, e Shikuo Fukuoka, que morreu asfixiado por uma valise
que insistiu em carregar consigo.
Nas demais mortes, a causa foi
idêntica: com o impacto da queda, as cadeiras foram arrancadas do chão e
atiradas sobre os passageiros. Após o pouso forçado, as luzes da cabine
se acenderam.
Poucos passageiros estavam em
condições de caminhar – a maioria estava embaixo de ferros retorcidos,
feridos e cadáveres. Com a ajuda de outros passageiros feridos sem
gravidade, o engenheiro Epaminondas de Souza Chaves, um paraense de 36
anos, personagem vital na localização dos sobreviventes, forçou a porta
traseira do avião e conseguiu abri-la.
Ele estava quase na altura da
copa de uma árvore, mas não pensou duas vezes: fixou-se sobre um ponto
do chão e pulou. A queda de pouco mais de 2 metros de altura foi
amortecida pela vegetação, e o sucesso da manobra levou os outros a
fazerem o mesmo.
“No avião os metais ainda rangiam
contra a vegetação quando saí correndo”, conta o engenheiro. “Outros dez
sobreviventes correram comigo de mãos dadas pela mata por uns dez
minutos. Temíamos uma explosão.”, contou a revista Veja na época.
Usando lanternas, a tripulação
transportou os feridos que conseguiu mover sem grandes problemas e os
acomodou no chão, do lado de fora da aeronave, sobre folhas de
bananeira.
Fazia muito frio na primeira noite.
Os estoques de água mineral, refrigerantes e cerveja acabaram logo.
Alguns poucos comprimidos de analgésicos e antibióticos do kit de
primeiros socorros do avião foram distribuídos aos doentes e logo
terminaram, os sanduíches estavam cobertos de sangue e foram
abandonados. As pilhas das lanternas acabaram, anunciando que a noite de
segunda para terça-feira seria às escuras.
As sobreviventes Regina Célia e
seu bebê Ariadna, de apenas cinco meses, na selva
“Começamos a perder o ânimo, os
doentes pioravam e os corpos começavam a exalar um cheiro insuportável”,
contou uma sobrevivente. Houve brigas entre pessoas que disputavam
remédios e o resto da água que ainda estava disponível.
Antes do cair da tarde, Garcez
encontrou um livro de sobrevivência na selva, leu alguns capítulos e o
repassou para outros passageiros. A primeira providência recomendada era
procurar água.
Ao meio-dia de terça-feira, um
jovem passageiro que também era garimpeiro se prontificou a procurar por
água. Afonso Saraiva, um agrimensor, na época com 19 anos, andou algumas
horas e voltou à clareira aberta pelo avião na queda. Ele tinha
encontrado um riacho de águas cristalinas, deu para encher duas garrafas
e chegava ao grupo de sobreviventes exibindo seus ”troféus”.
O engenheiro Epaminondas reuniu um
grupo de voluntários e embrenhara-se na selva em busca de ajuda, armado
apenas com uma sacola de alimentos, um canivete e dois sinalizadores. A
missão de Epaminondas fora bem-sucedida. “Andamos alguns quilômetros, e
a mata acabou transformando-se num pasto”, conta. “Fiquei alegre, pois
onde tem boi tem gente.”
Depois de alguns quilômetros pelo
pasto, Epaminondas e os voluntários encontraram dois vaqueiros. Era
ainda manhã quando Epaminondas e seus quatro companheiros, entre eles
Antonio Farias de Oliveira, de 36 anos, gerente de uma avícola em
Imperatriz, Maranhão, chegaram à sede da Fazenda Curumaré.
Logo depois, um dos vaqueiros da
fazenda partia para uma propriedade onde havia um radioamador. “Mandei o
vaqueiro ir voando, pois tinha gente morrendo e precisando de socorro no
avião”.
O vaqueiro retornou e contou que
ninguém estava acreditando na história de sobreviventes. Epaminondas
teve que ir até o radio-amador e transmitiu a mensagem para os quatro
cantos do país.
Alguns radioamadores passaram a
contatar a Infraero, mas ouviam, em resposta, que era preciso fornecer
mais detalhes para confirmar a história. “Passei a repetir o número de
meu bilhete aéreo com quinze dígitos para todo mundo. Falei esse número
umas 800 vezes, até que alguém acreditou”, disse Epaminondas.
Teoricamente seria possível saber
onde estava o avião antes mesmo que o sol nascesse na segunda-feira – ou
seja, os feridos poderiam ter sido resgatados pelo menos quarenta horas
antes do que efetivamente ocorreu.
Mas a velocidade do socorro
esbarrou na lentidão e no desinteresse dos burocratas. A Infraero e o
Inpe só conseguiram manter uma conversação produtiva na segunda-feira
(dia 04), pois no domingo não havia quem pudesse interpretar os dados do
satélite.
Por fim, demorou 44 horas até que
os passageiros fossem encontrados no meio da mata, após o grupo que
entrou por dentro da floresta, encontrassem uma fazenda no município de
São José do Xingu (MT). De lá, esses sobreviventes conseguiram entrar em
contato com as Forças Armadas, que deslocaram três aeronaves ao
acampamento.
O Boeing 737-200 ficou para sempre
na selva amazônica. Porém, até hoje algumas pessoas se aventuram na mata
e visitam o avião, que já foi totalmente “saqueado”, restando apenas a
grande estrutura de aço e ferro.
Um mês depois do acidente, o Centro
de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica, CENIPA,
recomendou a Varig usar apenas 3 dígitos no campo de curso magnético de
seus planos de voo, reconhecendo que os 4 algarismos, 0270, foram, tanto
quanto a negligência de Garcez, responsáveis pela tragédia do voo 254.
Em entrevista ao jornal O Globo, em
10 de setembro de 1989, o comandante do RG254 revelou que duas semanas
antes havia se envolvido em pequeno acidente, em Paramaribo, no
Suriname.
Naquela ocasião, de acordo com suas palavras, à noite, no
pátio dentro da área de manobra, a ponta da asa da aeronave que conduzia
raspou uma escada que seria utilizada pelos ocupantes de uma outra
aeronave que estava pousando.
Afirmou também que, em conseqüência das
pressões que a Varig vinha exercendo sobre os pilotos, ficou receoso
quanto à possibilidade de a companhia vir a demiti-lo caso revelasse
novo problema, dessa vez, o de um avião perdido entre Marabá e Belém.
Teria sido esta a razão pela qual
havia tentado a todo o custo resolver o problema sozinho. Porém, o que
ele não sabia é que vários eventos, os quais individualmente poderiam
ser considerados insignificantes, se combinariam de tal maneira que ele
e seu co-piloto, sem alternativa, acabariam sendo obrigados a efetuar
manobra inusitada para um Boeing 727. Para aquele gigante automatizado,
não existiam instruções a respeito de procedimento tão excepcional
quanto uma tentativa de pouso controlado sobre as copas das imensas
árvores amazônicas.
Data: 03.09.1989
Hora: 20h45min
Aeronave:
Boeing 737-241
Operadora:
Varig
Prefixo:
PP-VMK
Número de Série:
21006/398
Primeiro voo:
1975
Tripulantes: 6
Passageiros: 48
Partida:
Aeroporto Internacional
de São Paulo/Guarulhos (GRU/SBGR), Guarulhos, SP
Escala:
Aeroporto de Marabá (MAB/SBMA), Marabá,
Pará
Destino:
Aeroporto Internacional de Val-de-Cans (BEL/SBBE), Belém,
Pará
Local da ocorrência:
Floresta Amazônica, na região de São Félix do Xingú, em Mato
Grosso (10° 46′ 00″ S, 52° 21′ 00″ O)
Fatalidades: 12
passageiros.
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A aeronave envolvida no
acidente era um Boeing 737, modelo 737-241, número de série
21006, registrada no Brasil como PP-VMK, equipada com dois
motores Pratt & Whitney JT8D, fabricada em fevereiro de 1975 e
que entrou em serviço seis meses depois com a Varig.
Pouco antes do acidente, em
agosto de 1989, a aeronave tinha acumulado 33 mil horas de voo e
mais de 14 mil ciclos (pousos e decolagens somados). Sua última
checagem geral rotineira de manutenção fora realizada no dia 9
de agosto de 1989, pouco menos de um mês antes do acidente.
A aeronave iria completar a
sétima e última etapa do voo. O Boeing procedia do Aeroporto
de Guarulhos em São Paulo e realizou escalas nos aeroportos de
Uberaba, Uberlândia, Goiânia, Brasília e Imperatriz, chegando ao
Aeroporto de Marabá, onde faria a última etapa deste voo.
A tripulação composta por
Garcez e Zille assumiu o voo 254 antes da decolagem de Brasília,
no mesmo momento em que receberam os planos de voo das etapas
restantes do voo, inclusive Marabá-Belém.
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A
tripulação e a lista de passageiros
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Tripulação do
PP-VMK
Comandante Cézar Augusto
Padula Garcez, 32 anos, gaúcho, solteiro,
quase sete mil horas de voo
(sendo quase mil horas no Boeing 737-241)
Copiloto Nilson de Souza Zille, 29 anos, mineiro, solteiro,
884 horas de voo (sendo 442
horas no Boeing 737-241)
Chefe de equipe Solange Pereira Nunes, 25 anos, paulista,
solteira
Comissária Jacqueline Klimeck Gouveia, 23 anos, carioca,
solteira
Comissária Flávia Conde Collares, 22 anos, carioca, solteira
Comissária Luciane Morosini de Melo, 22 anos, gaúcha, solteira
Lista de
passageiros do RG-254
Embarcados em Uberaba
Fukuoka, Shiko — 56 anos,
casado, paraense, mecânico †
Manso, José de Jesus — 39 anos, casado, mecânico
Embarcados em Goiânia
Fonseca, Josete Maria da — 53 anos, sogra de Kátia e Liceia
Melazo
Melazo, Bruno Tavares Fonseca — um ano, filho de Kátia Melazo
†
Melazo, Débora — um ano, filha de Liceia Melazo
Melazo, Giuseppe Tavares — três anos, filho de Kátia Melazo
†
Melazo, Kátia Celina Tavares — 25 anos, paraense, casada, mãe de
Giuseppe e Bruno
†
Melazo, Liceia Uliana Sechin — 26 anos, casada, mãe de Débora
Embarcados em Brasília
Mariani, Giovanni — 39 anos, italiano, técnico industrial
Nóbrega, Maria de Fátima Bezerra — 34 anos, engenheira
industrial
Sarno, Fidelis Rocco — 50 anos, advogado em Salvador, Bahia
Embarcados em Imperatriz
Alencar, Manoel Ribeiro de — 39 anos, cearense, lavrador,
garimpeiro
Alencar, Wilson Lisboa — 67 anos, casado, fazendeiro, aviador,
industrial, comerciante
Cavalcante, Maria Delta Martins — 41 anos, casada, maranhense
Chaves, Epaminondas de Souza — 36 anos, casado, paraense,
engenheiro, empresário
Coelho, Newton Macedo Santos e — 26 anos, garimpeiro
Gomes, Carlos de Aquino Melo — 27 anos, casado, maranhense,
economista
Kososki, Elza Maria Gasparin — 32 anos, casada, irmã de Rita
Gasparin
Lima, Hilma de Freitas — 31 anos, maranhense, comerciante
†
Melo, Cleonilde Nunes de — 53 anos, maranhense, solteira, irmã
de Enilde Melo
†
Melo, Enilde Nunes de — 59 anos, maranhense, solteira, irmã de
Cleonilde Melo
Oliveira, Antônio Farias de — 36 anos, comerciante
Oliveira, Rita de Cássia Gasparin — 30 anos, casada, irmã de
Elza Gasparin
Paiva, Cleide Souza de — 18 anos, maranhense, mãe de Thais Paiva
Paiva, Thais Souza de — um ano, filha de Cleide
Pinheiro Filho, Marcionílio Ramos — casado, 33 anos, funcionário
da Petrobras
Ramos, Ariadne Suelen da Silva — cinco meses, filha de Regina
Célia
Saraiva, Afonso — 19 anos, maranhense, garimpeiro, irmão de
Regina Célia Saraiva
Silva, José Gomes da — 23 anos, maranhense, garimpeiro
Silva, Regina Célia Saraiva da — 27 anos, goiana, mãe de Ariadne
e irmã de Afonso
Souza, Odeane de Aquino (Déa) — 19 anos, maranhense, casada
Embarcados em Marabá
Albuquerque, Roberto Regis
de — 24 anos, solteiro, agropecuarista
Antunes Neto, Henrique Santos — 37 anos, paraense, professor
universitário
†
Azevedo Júnior, Evandro — 27 anos, marido de Régia Azevedo
Azevedo, Régia Santos — 29 anos, mulher de Evandro
Brasil, José Luís Serrano — 33 anos, casado, paraense, médico
legista
†
Coimbra, Marinêz Araújo — 25 anos, empresária, mãe de Bruna
Coimbra
Costa, Bruna Lorena Coimbra — três anos, filha de Marinêz
Gadelha, José Maria dos Santos — 37 anos, paraense, casado,
engenheiro agrônomo
Leite, Severina Pereira — 50 anos, contadora
†
Matos, João Roberto da Silva — 39 anos, paraense, médico
oftalmologista
Mutran, Marcus Giovanni — 21 anos, paraense, estudante de
direito
†
Nascimento, Antônio José do — 48 anos, amazonense
†
Ponchio, Meire Silene — 19 anos, solteira, paraense
Santos, Paulo Sérgio Altieri dos — 33 anos, engenheiro,
funcionário público
Silva, Antônio José Araújo da — 33 anos, paraense, casado,
mecânico de helicópteros
†
Siqueira, Raimundo Carlos Souza — 29 anos, técnico em mineração
da Docegeo
Tavares, Ruth Maria Azevedo — 32 anos, funcionária do Ibama
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