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ACIDENTE NO VOO EASTERN 401

MISTÉRIO NO PÂNTANO

 

UMA INCRÍVEL HISTÓRIA DA AVIAÇÃO MUNDIAL

 

SITE DE ORIGEM DESTA MATÉRIA

 

 

The Crash of Eastern Air Lines Flight 401

 



 

O ACIDENTE

 

No dia 29 de dezembro, Bob Loft acordou cedo e cuidou do jardim de sua casa. Afável, sério e consciencioso, extremamente frio sob pressão, Loft era o piloto número 50 na lista de mais de 4.000 tripulantes técnicos da Eastern. Sua jornada naquele dia seria apenas uma ida e volta entre Miami e JFK.

 

No aeroporto JFK, Doris aguardava seu último voo do dia, o Eastern 401 com destino à Miami. Ela chegara a pouco, vinda de Tampa. Outro voo da companhia, o Eastern 26, estava muito atrasado e traria a tripulação para trabalhar no voo 477.

 

Como o voo 26 não chegava, foi necessária uma mudança de última hora na escala dos tripulantes: foi dada a ordem para Doris e suas colegas embarcarem no voo 477 com destino à Fort Lauderdale via West Palm Beach. A tripulação chegando no voo 26 seria então alocada ao voo 401. A troca foi feita e Doris não se queixou: chegaria mais cedo em casa.

 

Finalmente, com a tripulação transferida do voo 26, o Eastern 401 pode partir. Ajudado por um vento de cauda, o L1011 tirou parte do pequeno atraso na partida.

 

O voo transcorreu normalmente. Eram 23:29 e o Tristar manobrava sobre a escuridão do pântano, em aproximação para a pista 09L. Na reta final, ao passar pela marca de 3.000 pés, Stockstill percebeu que a luz de indicação de travamento do trem de pouso dianteiro não estava acesa.

 

A apenas 1.500 pés de altura e a segundos do pouso, o cauteloso Loft comandou uma arremetida. O Tristar ganhou altura e solicitou à torre instruções, recebendo como resposta:

 

-Eastern 401, suba e mantenha 2.000 pés, contate o controle de saída na freqüência 128.6.

 

O Tristar executou uma curva para a proa 360 e depois tomou o rumo 270, sobrevoando os Everglades. A tripulação solicitou e obteve autorização para descrever uma série de órbitas, enquanto tentava descobrir o problema.

 

Angelo Donadeo era engenheiro na Eastern, responsável pelos Tristar na frota e fã do moderno jato da Lockheed, que conhecia como poucos. Voava naquela noite como observador na cabine, ocupando o assento extra conhecido como jump-seat.

 

Quando surgiu o problema, Donadeo prontificou-se a ajudar a tripulação. O comandante Loft acreditava tratar-se apenas de uma lâmpada queimada, ao invés de um real problema no mecanismo do trem de pouso.

 

Para verificar se o trem estava baixado e travado na posição segura, era preciso descer na baía de eletrônicos, situada numa caverna sob o piso da cabine de comando e de lá observar (através de um periscópio especialmente desenhado para esta função) se o trem de pouso dianteiro estaria travado. O acesso à baía era feito por uma escotilha no chão da cabine de comando.

 

Donadeo e Repo desceram, encontrando dificuldade em enxergar claramente na apertada e escura baía. O Tristar voava no piloto automático, cumprindo sua órbita a 2.000 pés, enquanto a tripulação tentava resolver o problema. Impaciente, Loft ergueu-se de seu assento. Ao fazê-lo, sem perceber empurrou a coluna de comando e desligou o piloto automático, uma configuração de sistema onde bastava um pressão de 15 a 20 libras sobre a coluna de comando para desligar o auto-pilot.

 

Loft e sua tripulação não perceberam que o Tristar iniciara por contra própria uma suave descida, abandonando a altitude de 2000 pés. Prosseguindo na tentativa de resolver o problema, minutos após, Repo e Donadeo confirmaram: o trem estava baixado e travado; o L-1011 poderia pousar com segurança.

Loft e Stockstill voltaram às suas posições. L

 

oft chamou a torre Miami e informou que estava pronto para reiniciar sua aproximação. Já em seu assento, Stockstill examinou o painel à sua frente.

 

Espantado, descobriu que o L-1011 voava mais rápido que o previsto, 190 nós. Olhou para o altímetro, este marcava menos de 100 pés de altitude. Sua voz saiu num tom elevado, denunciando sua surpresa:

 

- Nós fizemos alguma coisa com a altitude!

 

- O quê? Perguntou surpreso o comandante Loft.

 

- Ainda estamos a 2.000 pés, certo?

 

Loft olhou para seu altímetro. Olhou também para fora: notou um estranho brilho nos visores frontais: as luzes de aproximação do Tristar começavam a ser refletidas nas águas escuras dos Everglades.

 

Eram 23h42:05. A voz tensa de Bob Loft ficou registrada no gravador de cabine:

 

- Ei, o quê está acontecendo aqui?

 

Às 23h42:09 da noite de 29 de dezembro de 1972, o Tristar matriculado N310EA entrou voando a 400 km/h no pântano. A desintegração foi imediata.

 

A fuselagem partiu-se em três grandes partes, separando-se das asas, motores e da cauda. Muitas partes afundaram e desapareceram de vista. Outras, pedaços desmembrados como gigantesca carcaça, permaneceram sobre as águas, gigantescas lápides a marcar o local onde 99 pessoas perderam a vida estupidamente.

 

Horas depois, equipes de resgate chegaram ao que restou da cabine de comando em busca dos tripulantes. Stockstill morrera no impacto inicial. Bob Loft, com graves ferimentos na cabeça, várias costelas e coluna fraturadas, fitou os membros da equipe de resgate que tentavam consolá-lo e disse simplesmente: "vou morrer". Em mais um par de minutos, Bob Loft perdeu sua última batalha.

 

O resgate agora concentrava-se em Repo e Donadeo, que ainda estavam dentro da baía de aviônicos na hora do impacto. Finalmente libertados dos destroços pelos paramédicos, foram levados ao hospital. O engenheiro Don Repo resistiu por apenas mais algumas horas. Donadeo sobreviveu, apesar de seus ferimentos graves.

 

Por: Gianfranco Beting - JetSite

 


Veja a simulação do acidente

 


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Imagem: NTSB

 


 

O RESGATE

 

Robert "Bud" Marquis (foto à esquerda), um piloto de barco (airboat), estava caçando sapos com Ray Dickinsin quando eles testemunharam o acidente.

 

Eles se apressaram em socorro aos sobreviventes. Marquis sofreu queimaduras em seu rosto, braços e pernas, mas continuou ajudando as pessoas a saírem do local do acidente naquela noite e no dia seguinte.

 

Por seus esforços, ele recebeu o Prêmio Humanitário da National Air Disaster Alliance/Foundation e o "Alumitec – Airboat Hero Award," da American Airboat Search and Rescue Association.

 

Em 2007, os moradores de Homestead, Flórida lhe presentearam com uma placa em sua homenagem.

 


 

AS CAUSAS DO ACIDENTE

 

O piloto automático havia sido mudado do Comando Mode para CWS (Steering Wheel Control Mode). Neste último, qualquer pequena mudança nos controles da aeronave, o piloto automático é imediatamente instruído a controlar a aeronave e até alterar o curso da aeronave. Neste caso, a pequena pressão sobre a coluna de direção fez o avião entrar numa vigorosa descida.

 

Os investigadores acreditam que o piloto automático desligou-se após o capitão acidentalmente esbarrar na coluna de direção enquanto ele se virava para falar com o engenheiro de voo, que estava sentado atrás dele e à sua direita. A pressão sobre a coluna de direção desligou o piloto automático.

 

Depois de um pequeno espaço de tempo voando a "baixa altitude", o alarme soou a partir da retaguarda, mas nunca foi ouvido pelos membros da tripulação, que estavam ocupados cuidando da lâmpada queimada. No momento do alarme, apenas três membros estavam na cabine do piloto. O engenheiro estava no andar inferior inspecionando o trem de pouso.

 

O relatório final da NTSB (National Transportation Safety Board) cita a causa do acidente como erro do piloto, especificamente: "o fracasso da tripulação em controlar o voo por instrumentos durante os últimos quatro minutos de voo e em detectar rapidamente uma inesperada descida, com o tempo suficiente para evitar o impacto com o solo.

 

A preocupação com o mau funcionamento do indicador de falha no trem de pouso tirou a atenção da tripulação dos instrumentos e permitiu a descida que passou despercebida."

 

No painel do avião, os controles do piloto automático e de altitude

 

Noventa e quatro passageiros e cinco membros da tripulação morreram no acidente e outros dois morreram de ferimentos durante os dias seguintes. A série de acontecimentos que conduziram à queda do voo 401 foi iniciada por duas lâmpadas queimadas indicando para a tripulação que o trem de pouso estava avariado.

 

O trem de pouso foi encontrado após a o acidente abaixado e na posição travada, o que seria o correto.

 

Os investigadores descobriram que Bob Loft tinha detectado um tumor em seu cérebro, não obstante o fato de que o tumor tinha presença em áreas controladas e que sua visão ainda estava intacta.

 

Os ruídos produzidos pela tripulação na cabine interferiram na escuta do alarme de "baixa altitude" e, engenheiro de voo não estava em seu lugar durante o toque do alarme, então não poderia indicar que havia um problema com a altitude.

 

O pântano absorveu grande parte da energia da colisão, diminuindo o impacto do avião. A lama do pântano bloqueou muitos ferimentos sofridos por sobreviventes, impedindo-os de que uma hemorragia os levasse à morte. Por outro lado, os microorganismos que vivem no pântano, em contato com as feridas poderia levar a uma infecção com sério risco de morte, pelo potencial de a infecção evoluir para uma gangrena gasosa.

 

Oito passageiros foram infectados e os médicos utilizaram de câmaras hiperbáricas para tratar essas pessoas com sucesso.

 

Por: Jorge Tadeu da Silva

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A CAIXA-PRETA

 

Transcrição em inglês do CVR

LEGENDAS

RDO - Rádio transmissão da aeronave
CAM - Microfone na área do cockpit
-1 - Voz do Capitão
-2 - Voz do Primeiro Oficial
-3 - Voz do Segundo Oficial
TWR - Torre de Controle de Miami


time

source

content

23.32:35

RDO-1

Miami Tower, Eastern 401 just turned on final

23.32:45

TWR

Who else called?

23.32:48

CAM-1

Go ahead and throw 'em out

23.32:52

RDO-1

Miami Tower, do you read, Eastern 401? Just turned on final

23.32:56

TWR

Eastern 401 Heavy, continue approach to 9 left

23.33:00

RDO-1

Coninue approach, roger

23.33:00

CAM-3

Continuous ignition. No smoke

 

CAM-1

Coming on

 

CAM-3

Brake system

 

CAM-1

Okay

 

CAM-3

Radar

 

CAM-1

Up, off

 

CAM-3

Hydraulic panels checked

 

CAM-2

Thirty-five, thirty three

 

CAM-1

Bert, is that handle in?

 

CAM-?

* * *

 

CAM-3

Engine crossbleeds are open

23.33:22

CAM-?

Gear down

 

CAM-?

* * *

 

CAM-1

I gotta

 

CAM-?

.....

23.33:25

CAM-1

I gotta raise it back up

23.33:47

CAM-1

Now I'm gonna try it down one more time

 

CAM-2

All right

23.33:58

CAM

[sound of altitude alert horn]

 

CAM-2

(Right) gear.

 

CAM-2

Well, want to tell 'em we'll take it around and circle around and # around?

23.34:05

RDO-1

Well ah, tower, this is Eastern, ah, 401. It looks like we're gonna have to circle, we don't have a light on our nose gear yet

23.34:14

TWR

Eastern 401 heavy, roger, pull up, climb straight ahead to two thousand, go back to approach control, one twenty eight six

23.34:19

CAM-2

Twenty-two degrees.

 

CAM-2

Twenty-two degrees, gear up

 

CAM-1

Put power on it first, Bert. Thata boy.

 

CAM-1

Leave the # # gear down tll we fid out what we got

 

CAM-2

Allright

 

CAM-3

You want me to test the lights or not?

 

CAM-1

Yeah.

 

CAM-?

* * seat back

 

CAM-1

Check it

 

CAM-2

Uh, Bob, it might be the light. Could you jiggle tha, the light?

 

CAM-3

It's gotta, gotta come out a little bit and then snap in

 

CAM-?

* *

 

CAM-?

I'll put 'em on

23.34:21

RDO-1

Okay, going up to two thousand, one twenty-eight six

23.34:58

CAM-2

We're up to two thousand

 

CAM-2

You want me to fly it, Bob?

 

CAM-1

What frequency did he want us on, Bert?

 

CAM-2

One twenty-eight six

 

CAM-1

I'll talk to 'em

 

CAM-3

It''s right ...........

 

CAM-1

Yeah, ............

 

CAM-3

I can't make it pull out, either

 

CAM-1

We got pressure

 

CAM-3

Yes sir, all systems

 

CAM-1

# #

23.35:09

RDO-1

All right ahh, Approach Control, Eastern 401, we're right over the airport here and climbing to two thousand feet. in fact, we've just

23.35:20

APP

Eastern 401, roger. Turn left heading three six zero and maintain two thousand, vectors to 9 Left final

23.35:28

RDO-1

Left three six zero

23.36:04

CAM-1

Put the ... on autopilot here

 

CAM-2

Allright

 

CAM-1

See if you can get that light out

 

CAM-2

Allright

 

CAM-1

Now push the switches just a ... forward.

 

CAM-1

Okay.

 

CAM-1

You got it sideways, then.

 

CAM-?

Naw, I don't think it'll fit.

 

CAM-1

You gotta turn it one quarter turn to the left.

23.36:27

APP

Eastern 401, turn left heading three zero zero

 

RDO-1

Okay.

23.36:37

RDO-1

Three zero zero, Eastern 401

23.37:08

CAM-1

Hey, hey, get down there and see if that damn nose wheel's down. You better do that.

 

CAM-2

You got a handkerchief or something so I can get a little better grip on this? Anything I can do with it?

 

CAM-1

Get down there and see if that, see if that # thing ...

 

CAM-2

This won't come out, Bob. If I had a pair of pliers, I could cushion it with that Kleenex

 

CAM-3

I can give you pliers but if you force it, you'll break it, just believe me

 

CAM-2

Yeah, I'll cushion it with Kleenex

 

CAM-3

Oh, we can give you pliers

23.37:48

APP

Eastern, uh, 401 turn left heading two seven zero

23.37:53

RDO-1

Left two seven zero, roger

23.38:34

CAM-1

To # with it, to # with this. Go down ans see if it's lined up with the red line. That's all we care. # around with that # twenty-cent piec

 

CAM

* * *

23.38:46

RDO-1

Eastern 401 'll go ah, out west just a little further if we can here and, ah, see if we can get this light to come on here

23.38:54

APP

Allright, ah, we got you headed westbound there now, Eastern 401

23.38:56

RDO-1

Allright

 

CAM-1

How much fuel we got left on this # # # #

 

CAM-?

Fifty two five

 

CAM-2

(It won't come out) no way

23.39:37

CAM-1

Did you ever take it out of there?

 

CAM-2

Huh?

 

CAM-1

Have you evre taken it out of there?

 

CAM-2

Hadn't till now

 

CAM-1

Put it in the wrong way, huh?

 

CAM-2

In there looks * square to me

 

CAM-?

Can't you get the hole lined up?

 

CAM-?

* * *

 

CAM-?

Whatever's wrong?

 

CAM-1

(What's that?)

23.40:05

CAM-2

I think that's over the training field

 

CAM-?

West heading you wanna go left or *

 

CAM-2

Naw that's right, we're about to cross Krome Avenue right now

23.40:17

CAM

[Sound of click]

 

CAM-2

I don't know what the # holding that # # # # in

 

CAM-2

Always something, we coulda make schedule

23.40:38

CAM

[Sound of altitude alert]

 

CAM-1

We can tell if that # # # # is down by looking down at our indices

 

CAM-1

I'm sure it's down, there's no way it couldnt help but be

 

CAM-2

I'm sure it is

 

CAM-1

It freefalls down

 

CAM-2

The tests didn't show that the lights worked anyway

 

CAM-1

That 's right

 

CAM-2

It's a faulty light

23.41:05

CAM-2

Bob, this # # # # just won't come out

 

CAM-1

Allright leave it there

 

CAM-3

I don't see it down there

 

CAM-1

Huh?

 

CAM-3

I don't see it

 

CAM-1

You can't see that indis ... for the nosewheel ah, there's a place in there you can look and see if they're lined up

 

CAM-3

I know, a little like a telescope

 

CAM-1

Yeah

 

CAM-3

Well...

 

CAM-1

It's not lined up?

 

CAM-3

I can't see it, it's pitch dark and I throw the little light I get ah nothing

23.41:31

CAM-4

Wheel-well lights on?

 

CAM-3

Pardon?

 

CAM-4

Wheel-well lights on?

 

CAM-3

Yeah wheel well lights always on if the gear's down

 

CAM-1

Now try it

23.41:40

APP

Eastern, ah 401 how are things comin' along out there?

23.41:44

RDO-1

Okay, we'd like to turn around and come, come back in

 

CAM-1

Clear on left?

 

CAM-2

Okay

23.41:47

APP

Eastern 401 turn left heading one eight zero

23.41:50

CAM-1

Huh?

23.41:51

RDO-1

One eighty

23.42:05

CAM-2

We did something to the altitude

 

CAM-1

What?

23.42:07

CAM-2

We're still at two thousand right?

23.42:09

CAM-1

Hey, what's happening here?

 

CAM

[Sound of click]

23.42:10

CAM

[Sound of six beeps similar to radio altimeter increasing in rate]

23.42:12

 

[Sound of impact]

 

Fonte: ASN (Aviation Safety Network)

 


 

Eastern Airlines Flight 401 - Crash Animation

 

 


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