O VOO EASTERN 401
Miami,
a mais importante cidade da Flórida, é banhada à leste pelo Oceano
Atlântico que deu à Miami belas praias, trazendo turistas que
impulsionam a economia local. Pelo lado oeste a natureza foi menos
pródiga: os Everglades formam uma das maiores regiões alagadas do mundo,
um extenso e escuro pântano localizado sob a rota de aproximação oeste
para o Aeroporto Internacional de Miami.
A noite de 29 de dezembro de 1972
era típica desta época do ano, cristalina e escura também: era fase de
lua nova. Não era possível distinguir céu e terra, pântano e firmamento.
A escuridão embaralhava a visão, afetava o julgamento de espaço e
distância. As 21h20 decolou do Aeroporto JFK em New York, 1.755
quilômetros ao norte de Miami, o voo Eastern 401, operado por um L-1011
Tristar, matriculado N310EA, com apenas 4 meses e 10 dias desde que fora
entregue à companhia.
Os 163 passageiros à bordo
voariam no que havia de mais moderno e confortável: com capacidade para
quase 300 passageiros, o Tristar era um dos novos wide-bodies, aviões de
fuselagem larga, sensação no início dos anos 70. Na cabine de comando
estavam três profissionais experientes. O comandante Robert Loft tinha
mais de 30.000 horas de voo em seus 55 anos de vida, mas apenas 300
delas no comando do Tristar. O primeiro-oficial Bert Stockstill, com 42
anos e o engenheiro de voo Don Repo, com 51, completavam a tripulação
técnica. Na cabine, cuidavam dos passageiros 10 comissários e
comissárias.
Doris Elliott era
comissária na Eastern. No começo de dezembro de 1972, enquanto
trabalhava na galley durante um voo entre Orlando e JFK, subitamente
teve uma visão: um Tristar da Eastern batendo nos Everglades numa noite
escura. A sensação foi tão forte que Doris atirou-se numa poltrona vazia
e pediu ajuda às suas colegas comissárias. Assustadas, perguntaram à
Doris a razão de seu mal estar. Doris respondeu aos soluços:
- Vamos perder um Tristar
nos Everglades... perto do Natal.... vai ser de noite... morrerá muita
gente.
Suas colegas tentaram
acalmá-la.
-Bobagem, Doris: nada
disso vai acontecer, disse uma delas.
- Não, retrucou Doris
com firmeza. "Eu tenho visões. Desde minha adolescência é assim: eu vi
um trem colhendo um carro cheio de colegas, cinco dias antes do
acidente. Eu vejo as coisas e elas acontecem."
Uma das comissárias
perguntou:
-Estaremos no avião, Doris?
-Não. Mas vai ser por
pouco.
Por:
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