Confira
dez teorias -com diferentes graus de probabilidade- sendo debatidas
sobre o rumo do MH370:
1) Aterrissagem nas ilhas
Andaman
Em determinado momento,
acreditou-se que o avião parecia ter seguido em direção às ilhas de
Andaman e Nicobar, no extremo leste da Índia, entre a Indonésia e a
costa da Tailândia e Mianmar.
Há relatos de que um radar militar
local não estava operando.
O editor de um jornal das ilhas
disse ao canal 'CNN' que o avião teria sido avistado ou monitorado pelo
Exército indiano --e não passaria despercebido.
Mas o local é isolado: há mais de
570 ilhas, 36 das quais são inabitadas. Se o avião tiver sido
sequestrado, ali poderia ser um local adequado -ainda que muito
difícil- para pousá-lo em segredo, diz o ex-piloto Steve Buzdygan.
2) Voo ao Cazaquistão
A república centro-asiática está no
extremo norte da extensão das buscas, então hipoteticamente o avião
poderia ter pousado ali.
Para Sylvia Wrigley, autora do
livro Why Planes Crash (Por que aviões se acidentam, em tradução livre),
diz que pousos no deserto são possíveis e até mais prováveis do que um
pouso em uma praia.
A ausência até agora de um
manifesto detalhando a carga do avião despertou rumores de que a
aeronave transportasse itens de grande valor -e passageiros
supostamente bilionários-, um possível motivo para sequestro.
Mas o órgão de aviação civil do
Cazaquistão argumenta, em comunicado enviado à Reuters, que o avião
teria sido detectado se aparecesse ali. E há um problema ainda mais
óbvio: o avião teria de ter cruzado os espaços aéreos de países como
Índia, Paquistão e Afeganistão - que costumam monitorar cuidadosamente
os voos por razões militares.
Ainda assim, é possível que haja
falhas nos sistemas de radar em alguns desses países nessa rota da Ásia
Central, argumenta Wringley. "Muitos equipamentos envelhecem" e podem
deixar passar informações, ela diz.
3) Voo ao sul
O último sinal de satélite sugere
que o avião continuou operacional por ao menos cinco ou seis horas após
sair do alcance do radar malaio. Para Normal Shanks, ex-chefe de
segurança da empresa aeroportuária BAA e professor de segurança aérea na
Universidade de Coventry, no Reino Unido, a rota sul seria mais provável
para um avião não detectado por radares.
A rota sul leva a grandes espaços
abertos no oceano Índico e a áreas desabitadas da Austrália.
Sem saber o motivo do
desaparecimento, é difícil especular o destino final do avião. Mas uma
hipótese é que ele tenha voado até seu combustível acabar e se
acidentado no mar ao norte da Austrália.
4) Pouso no deserto Taklamakan,
noroeste da China
Há especulações de que o avião
tenha sido tomado por separatistas uigures muçulmanos do oeste chinês.
Dos 239 passageiros do voo, 153 eram cidadãos chineses. E a teoria é que
ele tenha pousado no deserto de Taklamakan, em pleno território uigur.
A região, um dos maiores desertos
do mundo, é um amplo espaço escassamente povoado.
Em 15 de março, autoridades malaias
informaram à BBC que uma locação possível do avião era justamente algum
lugar na fronteira entre China e Quirguistão.
Mas, novamente, essa teoria implica
que os radares de vários países falharam.
5) Voo em direção às ilhas
Langkawi
A ausência de comunicação e do
transponder poderia ser explicada por um incêndio, sugeriu o blogueiro
de aviação Chris Goodfellow, argumentando que a guinada à esquerda feita
pelo avião (desviando-se de sua rota a Pequim) poderia ser por algum
incidente a bordo e pela busca de um aeroporto próximo.
Goodwfellow afirma que esse
aeroporto poderia ser o da ilha de Palau Langkawi, uma faixa de 4.000
metros no arquipélago Langkawi, na costa noroeste da Malásia.
Mas essa teoria está sendo
contestada. Uma mudança de rota feita durante uma emergência
provavelmente seria feita com o controle manual. Mas a guinada à
esquerda foi, segundo apuração do 'New York Times', operada
eletronicamente. Além disso, imagina-se que a tripulação teria
comunicado o eventual incêndio à torre de controle.
6) O avião está no Paquistão
O empresário midiático Rupert
Murdoch tuitou que o avião poderia "estar escondido no norte do
Paquistão, como (Osama) Bin Laden".
O Paquistão negou que isso fosse
possível, alegando que seus radares não detectaram o avião.
Assim como a teoria do Cazaquistão,
essa parece improvável pelo fato de o espaço aéreo na fronteira
Paquistão-Índia ser fortemente vigiado por radares militares. E, apesar
de ser uma região remota e sem lei, o norte paquistanês é acompanhada de
perto por satélites e aeronaves não-tripuladas.
7) O avião se escondeu na sombra
de outra aeronave
O blogueiro de aviação Keith
Ledgerwood argumenta que o MH370 escondeu-se dos radares na sombra do
voo 68 da Singapore Airlines, que estava próximo.
Ele acredita que o voo poderia ter
escondido o da Malaysia Airlines em uma passagem pelos espaços aéreos de
Índia e Afeganistão.
O voo 68 rumou à Espanha. O MH370
poderia ter se desviado dessa rota no meio do caminho, argumenta. "Há
várias localidades ao longo do caminho do voo 68 em que (o MH370)
poderia ter interrompido contato e rumado para Xinjiang (área uigur na
China), Quirguistão ou Turcomenistão", diz.
Hugh Griffiths, especialista em
radares da Universidade College London, diz que a teoria é factível. Mas
há diferenças entre radares militares e civis: os civis usam o
transponder da aeronave; os militares usam radares primários que
implicam em resolução maior e possivelmente perceberiam se dois aviões
passassem por ele, mesmo que próximos. A questão é como isso seria
interpretado pelos observadores em terra - e se a informação seria
descartada ou não.
8) Houve briga a bordo
O avião voou de forma errática,
acima de seu "teto" e depois abaixo. Para Buzdygan, as grandes
flutuações em altitude sugerem que houve alguma briga.
Após o 11 de Setembro, portas da
cabine foram reforçadas para evitar sequestros, mas ainda há cenários
possíveis em que criminosos poderiam ter entrado ali --e o piloto pode
ter voado de forma agressiva para resistir e confundir os
sequestradores, defende Buzdygan.
9) Os passageiros foram mortos
deliberadamente por descompressão
Outra teoria defende que o avião
subiu a 45 mil pés para matar os passageiros rapidamente, diz o
ex-navegador da Força Aérea Britânica Sean Maffett. O suposto motivo
seria impedir que usassem celulares quando o avião descesse.
A 45 mil pés, o Boeing 777 está
muito acima de sua altitude operacional normal, o que poderia
despressurizar a cabine, diz Maffett.
Máscaras de oxigênio cairiam
automaticamente, mas o gás acabaria após 12 a 15 minutos. Os passageiros
ficariam inconscientes e morreriam, ele prossegue. Mas quem quer que
estivesse no controle da situação teria o mesmo fim - a não ser que
tivesse acesso a algum outro suprimento de oxigênio.
10) O avião voltará a decolar
para ser usado em ataque terrorista
Uma das teorias mais bizarras diz
que o avião foi roubado por extremistas para cometer um atentado
semelhante ao de 11 de Setembro. A aeronave teria pousado, sido
camuflada e ganho um novo transponder - para então decolar e atacar
algum alvo.
Maffett diz que tal operação seria
muito difícil, ainda que não possa ser descartada. "Estamos num ponto em
que cenários muito difíceis devem ser considerados, já que as opções
sensatas parecem ter sido eliminadas."
Mas há quem diga que, mesmo que o
avião tenha conseguido pousar, ele dificilmente estaria em bom estado
suficiente para decolar de novo. |